29 de junho de 2012

Opinião



Ponderações sobre os 10% do PIB. Fraternalmente...
“O PNE estabelece 20 metas educacionais que o país deverá atingir no prazo de dez anos. Além do aumento no investimento em educação pública, o plano prevê a ampliação das vagas em creches, a equiparação da remuneração dos professores com a de outros profissionais com formação superior, a erradicação do analfabetismo e a oferta do ensino em tempo integral em pelo menos 50% das escolas públicas. Todos esses objetivos deverão ser alcançados no prazo de dez anos a partir da sanção presidencial.” (Fonte Carta Capital)
Esta semana a Carta Capital, divulgou em sua página virtual, cinco das vinte metas que o Plano Nacional de Educação (PNE), que foi aprovado na Câmara, mas que ainda vai ser aprovado no Senado precisa atingir em dez anos, com o governo investindo ao longo de uma década 10% do (Produto Interno Bruto) PIB em educação.
Esta bandeira foi exaustivamente defendida pelos movimentos sociais e clamorosamente comemorada por alguns participes que se envolveram profundamente nesta pequena conquista, eu me refiro aos intensos movimentos feitos em prol de se conquistar 10% do PIB para a já tão desvalorizada educação, embora o discurso seja bem outro, ainda mais em ano eleitoral e, sobretudo, por parte da governança e dos oportunistas e iluminados que se sentem representantes do povo. E aqui está claro um contrassenso entre o discurso e a prática de quem diz que governa este país. Pois, se a educação em um País é prioridade, não deveria existir resistência por parte do Governo em atender essa reivindicação tão ensejada pelos movimentos sociais.
Por outro lado, não vejo muito sentido, embora entenda a euforia, em estar se jogando tantos fogos e balões pedagógicos nesta conquista parcial. Primeiro, porque ecologicamente não é nada educativo soltar balões e segundo porque acredito que a educação não pode ficar refém de uma grandeza capitalista que mascara uma realidade social absurdamente desigual para impor os louros de uma verdade maquiada.
Por isso, sempre acompanhei e vou continuar acompanhando este movimento por 10% do PIB para educação, com muita cautela. E aqui está um argumento que não sei se é pertinente, mas que para mim, parece convincente: O cálculo do PIB não leva em conta o trabalho doméstico e o trabalho voluntário e ignora atividades necessárias a sustentabilidade do Planeta como a absorção dos custos da poluição e a reciclagem de efluentes.
Proponho cuidado. De fato é uma etapa que foi superada e que merece alegria, não euforia. Vou usar a paixão nacional para exemplificar o que estou tentando dizer. Nenhum torcedor do Botafogo, nem o mais apaixonado, comemoraria um gol de pênalti em um amistoso contra o América do Iraque, como se fosse um gol de placa em final de campeonato mundial e marcado por Louco Abreu que é o jogador mais contundente em atividade no futebol brasileiro.
Agora, para o leitor que não gosta de futebol e por isso não entendeu nada do que eu tentei explicar e deve ter achado até de mal tom, o uso do termo América do Iraque. Eu explico: O termo América do Iraque só foi usado porque em qualquer lugar, seja aqui ou na Ásia, tem sempre um clube chamado América e quem acompanha futebol sabe disso. Não tenho nada contra o povo iraquiano que resistiu bravamente a esdrúxula invasão das tropas Norte-Americana, que tiveram inclusive o consentimento da Organização das Nações Unidas ONU) para invadir, massacrar e aterrorizar, em nome do fim do terrorismo. Outra, assim como quem exagera o argumento prejudica a causa, também prejudica a causa quem se contenta com migalhas ou paliativos que não vão resolver ou podem apenas, diminuir sensivelmente, o caos em que se encontra a atual educação brasileira.

Educação, para este humilde professor da esquecida periferia, deveria ser um acontecimento mais importante que a Copa do Mundo. Um acontecimento que mobilizasse gestores, prefeitos, governadores, secretariado especial, procuradores gerais do Estado, do Município, da República e, obviamente, o chefe maior da Nação, que por sinal teria o respaldo, de junto com os parlamentares e a população alterar regras, leis e estatutos do nosso País, sem corrente, mas envolto de um só coração, de uma só vontade, para fazer a educação funcionar desde os grotões do sertão pernambucano até os cerrados do sul mato-grossense. Afinal, trata-se de um evento único e essencial para as nossas crianças, que vendo o nosso zelo e envolvimento, desde cedo entenderiam o quanto a educação pode ser transformadora e libertadora como assim gostam os Freireanos.
Acredito, sinceramente, que se um sêxtuplo dessa empolgação e dessa seriedade que é dedicada a Copa de 2014, não só por parte dos políticos, mas de toda Nação, fosse desviada para atender a educação, indiscutivelmente, o estudante saberia aritmética, aprenderia a ler e se afeiçoaria ao respeito mútuo e a dignidade social. O professor, por sua vez, sairia do manguezal de lamúrias e quem sabe pudesse até se enxergar não como um mestre que a tudo responde, mas como um livre docente que mesmo tendo chegado ao ápice de sua escolaridade, compreende que ainda há muito que caminhar, o que ouvir e principalmente o que aprender.

Assim, quando o analfabetismo funcional fosse extinto de nossa Escola e o Brasil fosse o campeão em educação e não o octogésimo oitavo pelo ranque da (Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura das Nações Unidas) UNESCO, nós comemoraríamos não somente como um botafoguense apaixonado, mas com o entusiasmo de um torcedor de qualquer clube do mundo quando vê seu time marcar o gol da vitória em uma jogada que ratifica o título de hexacampeão.
Augusto César Tavares da Silva, Professor de matemática elementar em escolas públicas do município de Fortaleza.

21 de junho de 2012

RAUL SEIXAS- GOSPEL



Composta em 1974, a musica do
poeta, cantor e compositor brasileiro, Raul Seixas, Gospel, foi impedida de ser lançada pela censura, e só depois de 20 anos da morte de Raul Seixas,2009 é que a musica foi lançada. A música composta durante um período em que o Brasil estava na ditadura militar, é basicamente uma crítica social. E por isso foi censurada pelo regime da época. A canção cairia no esquecimento, se não fosse o amigo de Raul e produtor Marco Mazzola.
Confira a letra:

Gospel

Por que que o sol nasceu de novo e não amanheceu?
Por que que tanta honestidade no espaço se perdeu?
Por que que o Cristo não desceu lá do céu e o veneno só tem gosto de mel?
Por que que a água não matou a sede de quem bebeu?

Por que que eu passo a vida inteira com medo de morrer?
Por que que os sonhos foram feitos pra gente não viver?
Por que que a sala fica sempre arrumada se ela passa o dia inteiro fechada?
Por que que eu tenho a caneta e não consigo escrever?

Por que que existem as canções que ninguém quer cantar?
Por que que sempre a solidão vem junto com o luar?
Por que que aquele que você quer também já tem sempre ao teu lado outro alguém?
Por que que eu gasto tempo sempre sempre a perguntar?

Por que que eu passo a vida inteira com medo de morrer?
Por que que os sonhos foram feitos pra gente não viver?
Por que que a sala fica sempre arrumada se ela passa o dia inteiro fechada?
Por que que eu tenho a caneta e não consigo escrever?

Por que que existem as canções que ninguém quer cantar?
Por que que sempre a solidão vem junto com o luar?
Por que que aquele que você quer também já tem sempre ao teu lado outro alguém?
Por que que eu gasto tempo sempre sempre a perguntar?

http://www.youtube.com/watch?v=hwGyk-Z9Z1c

18 de junho de 2012

Hospital Nossa Senhora da Conceição no Conjunto Ceará

O que torna a situação mais indignante é ver essa cena se repetir durante dias seguidos sem que haja uma mudança. A estrutura desse hospital, de padrão medieval ou de trincheira de guerra, recebe pessoas inocentes em busca de um atendimento de urgência e a única coisa que as mesmas encontram é a carnificina. Depósito de pessoas que, como ovelhas, seguem uma após outra confiando inteiramente, no momento em que mais precisam, na saúde pública. É estarrecedor. Fechem esse lugar!

Vídeo da 1ª edição: http://g1.globo.com/videos/ceara/cetv-1dicao/t/edicoes/v/paciente-e-atendido-no-chao-por-falta-de-leitos-em-fortaleza/1999078/

Vídeo da 2ª edição: http://g1.globo.com/videos/ceara/cetv-2dicao/t/edicoes/v/paciente-recebe-atendimento-no-chao-de-hospital-em-fortaleza/1999381/

17 de junho de 2012

Amor



Há quem diga que o amor é uma fidedigna amizade, eu digo que a amizade é uma possível forma de amar e ser amado.  A - mar... Separando-a só dá para imaginar o seu final. Quanto ao que fica, pode fazer qualquer sentido ou até nenhum sentido: como o A de ambição, o A de alegria ou até o A do ar que respiramos. 
O amor é fácil, simples, não possui tabelas trigonométricas nem fuso horário confuso ou difuso, o amor inequívoco requer serenidade, nós é que nos engasgamos por pura ambição de amar. Viu no A em que o amor pode transformar-se? Porém, o amor sereno, terno e contemplativo não se enobrece nem deseja mais do que o necessário, portanto, desconfio que o A da ambição não sirva para iniciar o sentimento que o poeta, outrora, definiu como “que seja eterno enquanto dure”.
Dito isto, o A da alegria poderia ser o termo exato para principiar o almejado amor que procuramos, procuramos... E às vezes, quando o encontramos, sequer o aceitamos, por causa de tanta energia que faz o mais crente dos devotos desacreditar e o mais convicto dos hereges confiar. De fato. E quem ama sabe o que estou tentado a dizer. Contudo, a alegria pode ser boba, sutil e carregada de esperança e a esperança cria perspectiva, mas também gera expectativa e eu não creio que o amor seja tão raso a ponto de se deixar levar por condição tão frágil.
O amor é justo, embora cauteloso. É honesto nas mais diferentes situações que o termo existe e exige. O A do amor raro, aquele sentir que corrói as veias e corre as artérias atingindo mente e coração, talvez, seja o ar que respiramos que pode ser leve e pesado dependendo das circunstancias.
Então, qual será o A que compõem o seu A-Mar, ora calmo, ora revolto? Responda você que no âmago do seu animo acredita que ama... Eu não disse: O amor se faz a qualquer tempo, ainda que muitos julguem que não há mais tempo propício para Amar.
Boas férias e seja feliz se for possível.
(Razek Seravhat)

12 de junho de 2012


CACOFONIA



MEU DESEJO POR TI GELA
E POR AMAR ELA
SOFRO O QUE JÁ SOFRERA,
MORRO NA DOR QUE LATEJA.
AMÁ-LA-IA, E SOU CAPAZ,
COM TANTA FÉ DE MAIS,
ALÇÁ-LA SEM CANSAÇO,
AMÁ-LA NOS MEUS BRAÇOS.
A BOCA TUA JÁ NÃO BEIJA
NEM OPINA, SÓ LAMENTA,
É COMO SER OUTRO NA LAMEIRA.
E COMO GELA NO CORAÇÃO
A FÉ DE UM SENTIMENTO,
SINTO ASSIM O AMOR QUE POR TI SÃO.


           (Jonas Serafim/2012).


11 de junho de 2012

Exploração Sexual de Crianças

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) vota na próxima quarta-feira (13), em decisão terminativa, o Projeto de Lei do Senado (PLS) 495/2011, de autoria do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que aumenta as penas para os crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes.
A proposição altera o art. 244-A do Estatuto da Criança e do Adolescente, ampliando a pena de reclusão, que passa de quatro a dez anos para de seis a 12 anos, para quem praticar o crime de submissão de crianças e adolescentes à prostituição ou à exploração sexual, inclusive pela internet.

O projeto — já aprovado na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) e pela Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) — prevê a colaboração da União com estados e municípios na realização de campanhas institucionais e educativas de combate à exploração sexual de crianças e adolescentes e também o reconhecimento pelo poder público de práticas e iniciativas que contribuam para o esclarecimento sobre esse tipo de crime e o seu combate mediante selo indicativo.

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7 de junho de 2012

Opinião


O telejornalismo brasileiro é realmente patético isso pra ser gentil. Além de ser uma propaganda
exageradamente em prol do consumismo, é composto por reportagens encomendadas,
dirigidas exclusivamente à classe média, com argumentos distorcidos que promovem
o legalismo e com o intuito de proliferar a total apatia, já tão gloriosamente enaltecida por
todos nós.
Só pra ilustrar eis algumas reportagens: O domingo de ramos, o movimento
na rodoviária antes ou depois de feriados, o populismo de políticos oportunistas,
o relacionamento extraconjugal de casais heterossexuais e famosos, todas com
comentários “abalizados” dos mais respeitáveis profissionais da comunicação.
Os temas
chegam a nos causar comicidade quando não gera uma raiva incontrolável que seria
capaz de nos levar a explodir a televisão, atitude que decerto tomaríamos se por caso ajudasse o nosso telejornalismo ser menos parcial e mais profissional. Diante
disto, faço um apelo: Prezado estudante de comunicação social ou de jornalismo,
procure exercer suas atividades sem sensacionalismo e com sobriedade capaz de não se
deixar corromper pelos seus futuros colegas que de forma intencional tentam induzir a
opinião pública da importância de assuntos que são mostrados com grande preocupação,
mas que na verdade são descartáveis. Posturas como estas só incentivam a ordem vigente, a desigualdade social e a concentração de renda. Tripé que Ignora a luta de classes e esquece que nós somos sujeitos da História, portanto, podemos mudá-la  quando quisermos. Além de tudo isso o nosso jornalismo  ainda se arvora no direito de transformar joio em trigo. Explica-se: as reportagens
de temas essenciais são tratadas com um sentimentalismo de filme hollywoodiano enquanto as futilidades são elencadas com uma a profundidade que o assunto não merece.
Enfim, aproveito para deixar uma reflexão  a respeito de uma manchete
que desfila pelos noticiários e já faz um tempo: Por que tanta ênfase em divulgar se o atual Governador do Ceará vai ou não apoiar o candidato da Prefeita, afinal, quase não tem diferença na política que ambos praticam ou tem?

(Razek Seravhat, ternura sempre)


5 de junho de 2012


                   REVOLUÇÃO COM ESPIRITUALIDADE
                 NA LIBERTAÇÃO DO POVO HEBREU
                                                                                   
                                                                                          Jonas Serafim


A libertação do povo hebreu que viveu sob a opressão do Faraó no Egito (Ex 1,11-14) remonta uma caminhada ao longo da história que nos convida a retomar em nosso contexto uma atitude contra a opressão do capitalismo.
Muitas comunidades, associações e sindicatos se encontram numa resistência semelhante às parteiras que foram obrigadas a matar os meninos hebreus que nascessem para evitar o aumento de um contingente israelita a ponte de confrontar o Faraó. Na verdade, as parteiras resistiram e desobedeceram a ordem do Faraó (Ex 1,15-22). Às vezes, isto não acontece em muitas organizações populares. O poder de um governo manda e desmanda sobre uma sociedade inteira e o que fica é o resultado de uma opressão.
Moisés foi um líder revolucionário que se sustentou na espiritualidade. Hoje é preciso compreender que espiritualidade retome o caráter revolucionário. Moisés saiu de si para o encontro do outro, viu o sentido da irmandade no meio do sofrimento, viu que ninguém fazia nada contra a opressão e reagiu em favor da libertação (Ex 2,11-15). Esta vivência radical de Moisés aconteceu ao lado da espiritualidade quando lemos a realidade percebendo os gemidos que Deus ouviu no clamor dos oprimidos, viu a miséria do seu povo, conheceu a realidade miserável e de angústia, desceu para ficar ao lado dos mais necessitados a fim de libertá-los e fazer subir para uma terra livre e digna de se viver (EX 3,7-10). Foi neste contexto que Moisés se sentiu chamado e enviado para sair de si e ir ao encontro do seu povo que precisava de uma vida livre e fraterna.
Alguns sinais são percebidos quando é chegado à hora da defesa ou ataque. Em nossa sociedade contemporânea o modo de produção capitalista não para de atacar e de se defender. Quanto às comunidades populares é preciso estar bem organizadas para reagirem contra um sistema extremamente desumano. A corrupção, o suborno e o individualismo têm levado alguns pseudos-líderes da base do povo para um patamar mais elevado da sociedade e terminam massacrando o povo de onde tirou proveito para almejar seus próprios interesses e não ao bem-comum da comunidade. Moisés, Aarão, Josué e Calebe souberam compreender os sinais do seu tempo, mas o Faraó não (Ex 7 – 11; Nm 13).
O confronto com o poder opressor começa com um processo de negociação. Quando não existe mais diálogo para negociar a realidade muda e a situação exige unidade. Se houver unidade permanente haverá vitória. É um trabalho de formiga, exige paciência e vigor. Os israelitas passaram 430 anos sob o domínio egípcio (Ex 12,37-42). No decorrer do tempo aprenderam a lutar para viver dignamente e em comunidade. Organizaram lideranças combatendo a centralização do poder (Ex 18,13-27).
A caminhada de libertação passa pela aprendizagem do deserto dos sofrimentos com o outro, e é o que conduz para uma aliança fraterna. Aqui jaz nossa mensagem e manifesto.