28 de fevereiro de 2012

ASCESE

                     







Em profundidade incondicional
se encontra o desprendimento que ascende as virtudes
abençoando a criação abertamente.
Como brasa extasiante
absolve a carne integralmente
e alimenta a fé com vivacidade e amor.
Acalenta, acalma, acompanha em todas as atitudes
agraciando e aclamando numa aliança de acolhimento e conselho
diante dos acontecimentos.
Faz acordar com alegria,
ficar desperto,
andar iluminado e confiante,
crente adorante e admirador agradável da revelação da vida
com conhecimento e sabedoria.
Anima com a verdade e a humildade.
Tudo faz com consciência para o bem e para a felicidade.
Busca sempre com zelo e disciplina o caminho da bondade e da dignidade.
Canta e louva livremente com  toda a natureza,
entendendo esta ser a casa sagrada de Deus,
contemplando o céu na terra dos mortais,
conservando, preservando e perdoando.
Compartilha o pão e a palavra de esperança e de paz.
Compreende as diferenças convivendo confraternalmente.
Consola os aflitos com cuidado e denúncia.
Oferece em serviço e doação com fiel decisão para a consagração.
Tem um desígnio magnífico com o Transcendente.
Para tanto,
fala em oração,
ouve com o coração
e age com integridade,
porque entende que viver é uma luta em direção ao luminoso.
A meditação é o método da imortalidade ou da infinitude.
Traduz-se
em autoconfiança
e autocontrole.

25 de fevereiro de 2012

Assalto

Assalto

Ao camarada Razec,

O poeta foi assaltado...
injustamente... por um daqueles
a quem dedica sua luta...
sua voz, seu suor, sua palavra.

Por trás da arma apontada...
os olhos marginais...
o caos e o crack social...
uma vida sem destino...
sem mãe, sem pai, sem governo!

E agora poeta?

24 de fevereiro de 2012

Raquel Catunda

O Programa Música e Poesia conversa neste domingo, 16h com a escritora Raquel Catunda. Confira:http://www.bairroj23.com/fmjoao23/

O oportunismo ganhando com a dor do outro

Infelizmente, tornou-se rotina morte no Conjunto Ceará e Granja Lisboa em Fortaleza, por falta de sinalização de trânsito. Setores dos moradores do Conjunto Ceará culpam os problemas no bairro por falta de um vereador. Ora, se vereador de bairro resolvesse os problemas sociais, como fica então o Granja Portugal? Este que é uns dos mais pobres de Fortaleza já teve dois vereadores. O vereador Mazim, e atualmente, o vereador Valdeck, PTB.
Enquanto as equipes de reportagens filmavam hoje o velório da criança, vítima de atropelamento, um imbecil, ou melhor, assessor comunitário de Valdeck fingia tirar fotografia para exibir a camisa com o nome do vereador. Que absurdo! Em cima do caixão de uma criança, com o choro de desespero da mãe, o oportunismo eleitoreiro aproveitava o momento de dor para se promover. Por que Valdeck não denuncia na tribuna da câmara o descaso de abandono da prefeitura no bairro? Ele diz que representa os interesses dos moradores do bairro, como? Portanto, fica a lição de que vereador de bairro é ilusão mesmo porque vereador é da cidade.

18 de fevereiro de 2012

(IRRETOCÁVEL)


"Antigamente os cartazes nas ruas, com rostos de criminosos, ofereciam recompensas; hoje em dia, pedem votos".


Recebi esta frase do Poeta da teologia, o educador Jonas Serafim.

8 de fevereiro de 2012


Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas ...
Que já têm a forma do nosso corpo ...
E esquecer os nossos caminhos
que nos levam sempre aos mesmos lugares ...
É o tempo da travessia ...
E se não ousarmos fazê-la ...
Teremos ficado ...
para sempre ...
À margem de nós mesmos..."
(Fernando Pessoa)

6 de fevereiro de 2012

Para quem acredita que eu desacredito



Vamos combinar que amanhã o sol brilhará e reinará em cada homem que faça bem feito o que sabe colhendo com ternura e esperança o sorriso ao entardecer.
Vamos permitir que o lado esquerdo da nossa verdade se debruce em cada um de nós e, talvez, dessa forma, tenhamos tempo para entender que somos limitados, imperfeitos e não o super-ser que usa seus poderes imbatíveis para prosseguir numa caminhada que não satisfaz, não acalenta, mas amedronta.
Vamos dizer “sim” para o que nos massacra e nos oprime, e assim, quem sabe? Possamos perceber a cruel realidade que está ao nosso redor e que em muitas circunstâncias ajudamos a fortalecê-la e até a propagá-la. O que duvido muito já que se resistindo não somos felizes quiçá o que seria nos entregando.
Vamos esquecer que somos amigos e aprendizes da história e vamos lembrar e alimentar o imediatismo do fazer-acontecer, mesmo que continuemos fazendo de qualquer forma o que deve ser feito com gosto, zelo, polidez e auto realização. Ainda que este gesto nos custe a nossa própria paz.
Na teoria que não afunda, mas, aprofunda a cobrança, naveguemos no rio da intolerância e sem intermitência, de forma leal e fiel sejamos comprometidos mesmo tendo consciência do desplante e da indecência farta dos muitos que não têm compromisso nem  conosco tampouco com o nosso ideal de “ser-herói”.
E como prova de nossa total devoção ao que a gente acredita, promove e defende, perderemos, inclusive, a sensibilidade, nos tornando incapazes de notar que o outro pode sentir cansaço, e prosseguindo, assim, como “ser-héroi” que tudo pode e nada o desanima, pois, temos apenas deveres e não direitos, não teremos sequer a humana qualidade de fraquejar ou desacreditar. Uma vez que somos infalíveis, repito. E mais, não realizar a nossa função mesmo de qualquer jeito pode ser desculpa para não exercemos com denodo o nosso papel (que por sinal deveria nos engrandecer como seres que fazem usufruto do pensar e não somente do fazer-acontecer). Ou seja, subvertamos, no pior sentido do termo, o verso de Chaplin: “Não sois homem, máquina é que sois”.

Augusto César Tavares da Silva, reles professor de matemática elementar da esquecida periferia. É assim que me tratam é assim que assino.