Virou moda. Péssima moda a de imaginar e propagar que tudo se resolve a partir da construção de culturas. Expliquemos melhor. O feminismo, por exemplo, considera que, para além das diferenças biológicas, a diversidade, homem e mulher, é uma construção cultural. Basta que se construa uma cultura de igualdade de gênero e tudo estará solucionado. Contaminada pelo passionalismo essa tese não permite perceber que toda cultura, seja ela feminista, machista ou outra qualquer, tem que ter uma base material para nascer e prosperar. Mas essa questão é difícil de perceber, tamanhos são os preconceitos que cercam essa questão.
Quanto ao problema ambiental eis outra questão que muitos tentam resolver propondo a construção de uma cultura preservacionista, ao lado de algumas ações de resistência à sanha predatória do capitalismo. A violência, por sua vez, tentam resolver com a cultura da paz, envolvendo campanhas onde não faltam caminhadas, procissões e outras manifestações, dentre elas as revoadas de pombas brancas e canções piegas de exaltação à paz e ao amor.
Ora, não percebem os formuladores dessas “culturas” salvadoras que o problema realmente é de ausência de uma cultura, sim, a cultura política que deixe a nu o caráter destrutivo e insano de um capitalismo exaurido. Essa, sim é a cultura que nos falta e a ausência dela deve-se a dois fatores. Primeiro: não seriam as classes dominantes que haveriam de construir uma cultura política de conteúdo anticapitalista. Segundo: à esquerda, a quem caberia essa tarefa, descaracterizou-se e, ao invés do anticapitalismo, incorporou ao seu paupérrimo discurso político o desenvolvimentismo, a soberania nacional, as reformas no âmbito do sistema e outras quinquilharias de igual valor deixando as massas populares órfãs de uma verdadeira cultura. Uma cultura capaz de tanger as ilusões, a cegueira, as fantasias, as crendices ignaras ou eruditas que campeiam no nosso dia-a-dia. Por fim, vale dizer que não é o específico que determina sobre o geral mas o geral é que determina sobre o específico.
Gilvan Rocha - Presidente do Centro de Atividades de Estudos Políticos
(Caep)
Quanto ao problema ambiental eis outra questão que muitos tentam resolver propondo a construção de uma cultura preservacionista, ao lado de algumas ações de resistência à sanha predatória do capitalismo. A violência, por sua vez, tentam resolver com a cultura da paz, envolvendo campanhas onde não faltam caminhadas, procissões e outras manifestações, dentre elas as revoadas de pombas brancas e canções piegas de exaltação à paz e ao amor.
Ora, não percebem os formuladores dessas “culturas” salvadoras que o problema realmente é de ausência de uma cultura, sim, a cultura política que deixe a nu o caráter destrutivo e insano de um capitalismo exaurido. Essa, sim é a cultura que nos falta e a ausência dela deve-se a dois fatores. Primeiro: não seriam as classes dominantes que haveriam de construir uma cultura política de conteúdo anticapitalista. Segundo: à esquerda, a quem caberia essa tarefa, descaracterizou-se e, ao invés do anticapitalismo, incorporou ao seu paupérrimo discurso político o desenvolvimentismo, a soberania nacional, as reformas no âmbito do sistema e outras quinquilharias de igual valor deixando as massas populares órfãs de uma verdadeira cultura. Uma cultura capaz de tanger as ilusões, a cegueira, as fantasias, as crendices ignaras ou eruditas que campeiam no nosso dia-a-dia. Por fim, vale dizer que não é o específico que determina sobre o geral mas o geral é que determina sobre o específico.
Gilvan Rocha - Presidente do Centro de Atividades de Estudos Políticos
(Caep)
Muito bom texto, parabéns Gilvan Rocha pela sua sensibilidade em sentir e recriar a vida!
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