Aos Colegas Professores
*Augusto César Tavares
Setembro, tarde quente. Gritos de desespero. O despreparo do guarda reproduz uma cena cinematográfica. Apesar da crueldade, prossigo e embarco para mais uma viagem
Procuro desviar minha atenção, afinal, tenho motivos suficientes para saber que o amor à primeira vista não tem fundamentação científica, e pelo o que me consta, meu lado afetivo, difere da minha vida profissional que em contrapartida, merece ser valorizada. Num descuido do condutor, o contato do ônibus com a via esburacada produziu um estrondo que só não foi maior do que o impropério que proferiram para homenagear a atual prefeita da capital alencarina. Viagem ligeira, apesar dos pisões e dos solavancos encontro espaço para observar o que restou da poluída lagoa da Parangaba, outrora tão retumbante. Outra vez escorrego o olhar temerosamente. O belo às vezes nos causa medo. As futilidades das duas senhoras dissipam-se diante do enigmático pensamento que busca em vão reconhecer belíssima criatura. O condutor para o veículo e eu desço, ou melhor, desceram-me. Ainda desvencilhando-me da multidão, sou novamente levado para aquele sorriso peralta e surpreendido por uma interjeição afirmativa que provoca um diálogo no mínimo rejuvenescedor:
_Professor, lembra de mim!
Pronto. Estava desfeito o mistério. A partir daí conversamos sobre cinema, o quinto semestre de administração, poesia, iniciação a pesquisa, a rispidez do viver, o mestrado, os novos sonhos, os objetivos, os ideais, os projetos e lamentei não termos conversado a respeito de política. No entanto, estava contente, pois me senti diante de uma mulher de vinte e três anos que se dizia grata por ter sido minha aluna na sétima série, ao passo que eu, atribuía a ela, os meus cabelos embranquecidos.
Despedi-me, recebi um aperto de mão fortalecedor e antes de subir no próximo coletivo fiz-me uma pergunta sincera, digna de um professor de matemática. Qual a probabilidade de um encontro casual acontecer duas vezes em menos de meia hora?
*Professor da Rede Municipal de Ensino da Cidade de Fortaleza. Extraído do lenitivocultural.blogspot.com
Olhe, pra um bom educador, que sabe agregar o conhecimento difundido pela escola, pelos livros para a vida, o cotidiano de cada aluno, com humildade, paciência, generosidade, aceitando as diferenças culturais, financeiras, ideológicas, espirituais, etc..., Isso ocorre constantemente!!
ResponderExcluirBasta a Solanja (minha moto 92) de deixar na mão, e eu ter que pegar o campus do pici pra ir trabalhar.
Pense numa SATISFAÇÃO de ver meus ex-alunos!! E um deles ainda ser o trocador!!! É muita emoção, cara!
Muito bem, professor, adorei o jeito literário com as palavras, pois cada palavra nestas frases nos envolvem nesta leitura. Abarço!
ResponderExcluirParabéns pelo seu dia, Augusto.
ResponderExcluirTe cuida!
Augusto, my friend
ResponderExcluirVocê é a figura mais querida (desculpe-me os outros ...) do Lenitivo Cultural.
Teria muito à contar, mas posso lhe adiantar que você quem me descobriu como escritor on-line.
Lembra-se do "Dia Seguinte" e seu admirável chamado para participar do grupo LENITIVO? Do blog que me deu de presente?... vai longe!
Todos te adoram.
Um abraço
Odécio Mendes Rocha
E-mail: mendesrocha2@gmail.com
Fortaleza-CE., 13.10.2009