11 de janeiro de 2010

Tergiversando sobre a humanidade.


“... No entanto a primeira lei, a que protege corpo e vida insubstituíveis, é a de que não matarás. Ela é a minha maior garantia: assim não me matam, porque eu não quero morrer, e assim não me deixam matar, porque ter matado será a escuridão para mim.”
Clarice Lispector em “O Mineirinho”

Tristeza, revolta, angústia... Sentimentos se me misturam nesse momento. Há uma semana lia paralisada e encantada um antigo texto da escritora Clarice Lispector, intitulado “O Mineirinho” nele a autora revela toda a sua revolta e dor face a morte de um facínora. No momento em que lia o texto até concordei com a autora: treze tiros para matar um homem era demais, porém hoje não sou capaz de julgar se era demais ou de menos. Pois no momento em que escrevo minha alma está cinzenta de tristeza por um caso que chocou a sociedade há exatos 5 dias. Era apenas uma criança, um sorriso, um sonho de ser bailarina e um pequeno projeto de vida. Projeto este que foi interrompido pela brutalidade, pela violência e patologia da alma.
Seria fácil dizer que um atestado de loucura resolveria todo o problema e absolveria o culpado. A sociedade, porém, não aceitaria tal desculpa. Há loucos demais quando se faz necessário encontrar o culpado. A loucura não pode ser defesa de tamanha perversidade e nem o será, pois não acredito que as autoridades e a sociedade venham engolir a seco tamanha crueldade e, aliás, essa hipótese nem foi levantada, estou apenas tergiversando sobre as possíveis formas de encarar toda essa situação.
Lágrimas infinitas não pagariam a dor de ver interrompido uma vida, um sonho... A imagem na cabeça daquela pessoazinha linda vestida com o seu sonho (ser bailarina) não se apagará jamais da memória de seus pais. É dor demasiada pra um sonho tão simples, porém belo. E o que dói mais é saber que o referido sonho jamais será concretizado.
O que era indignação há uma semana torna-se hoje uma possibilidade. Treze tiros, treze tiros, treze tiros. Não há tiros, mas há morte e não é apenas uma morte de deixar de viver, de deixar de respirar. É uma morte infinita. Sociedade!!! Maldita e precária sociedade, matas o que é parte de ti. Fico pensando que tipo de pessoas estamos formando nos bancos das escolas e universidades. Talvez nunca tenha sido tão verdadeira a frase “o homem é lobo do próprio homem”. O homem se destrói , mata seu semelhante e nem percebe que todo o mal da humanidade está em si mesmo.
Onde residem os valores? Estamos todos perdidos no meio do redemoinho. É necessário avaliarmos a educação produzida nas escolas, precisamos de corações humanos e não de homens brutais que não resistem a um choro, a um pedido de socorro. É urgente a necessidade de despertamos em cada aluno ou cidadão o respeito pelo outro, a capacidade de praticar a alteridade. De nada nos adianta o progresso, as grandes construções e as inovações tecnológicas se não houver seres humanos, de corpo e de alma, para usufruir todo esse progresso que faz a sociedade caminhar.
Questiono-me para onde caminha essa sociedade. Que tipo de gente senta ao seu lado no cinema, na praça, no bar... Tendo nós chegado a essa situação vejo que o único caminho é acreditarmos e construirmos uma educação sólida, humana, sensível, afável e dessa maneira termos uma outra face da sociedade. Uma sociedade em que as pessoas sejam de fato irmãos e que impere o amor, o respeito e acima de tudo exale humanidade de cada um de nós.
Luênia Aderaldo

Um comentário:

  1. atristeza e arevolta a ela fala deuma angũstia que não acaba mais uma tragedia a alegria de uma crianca acabol umsonho de ser bailarina. arevolta etão grande que naõ pegaro ocupado....

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Ternura Sempre...