Certo dia, Dulcinéia pareceu estar com uma barriguinha visivelmente mais inchada que da última vez que parei pra prestar atenção. Não deu outra, não é que a moleca estava mesmo prenha? Passei, então, a ter mais cuidado com o que ela comia, Quixote até que ficou com um pouquinho de ciúme, mas logo entendeu que poderia tomar vantagem no que estava no prato da namorada.
A questão é que, ao mesmo tempo em que a gente ficava muito feliz com aumento da família, sabíamos que o trabalho em Timor já estava no fim e, querendo ou não, contávamos os dias para voltar para o Brasil. A alegria logo se transformou também em preocupação, já que neste país não se costuma criar cães como animais de estimação, e a gente sabe o que isso significa na vida dos bichos.
Na madrugada de sábado para domingo, Grazi ouviu uns grunhidos da cadela e no dia seguinte a barriguinha da danada estava mesmo vazia.
- Eu cho que Dulcinéia deu cria.
- Que é isso, moça, eu não vi nem um filhote no jardim.
Mas foi só eu ir cortar as folhas da bananeira pra bichinha aparecer aos latidos e saltitante, fazendo que ia correr, como se quisesse me mostrar alguma coisa. E foi, no meio dos entulhos da dispensa, num local mais quieto e quentinho, estavam lá, as cinco bolinhas de pelo dela.
Na segunda-feira, amanheci decidida a encontrar um novo lar para os filhotes quando topei com a professora Maria na Escola.
- Professora, minha cachorrinha deu cria. Estou tão preocupada, porque não tenho com quem deixar. A senhora não sabe quem gostaria de ter cachorrinhos?
- A professora pode deixar todos comigo.
Fiz cara de surpresa.
- Mas ficar com todos?
- Eu tenho uma casa grande em Liquiça, cheia de crianças, pode deixar.
- Ah, então antes de ir embora tenho que dar um jeito de ir até às montanhas pra deixá-los na sua casa.
- Não precisa, professora, pode deixar que venho buscar em Díli.
Pois num é que consegui resolver o caso ligeirinho? Cheguei em casa, pus comida pros cachorros...
- Oh, Graziela, será que a D. Maria de Fátima come cachorro?
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Ternura Sempre...