14 de março de 2009

QUERO, QUERO MUITO

Todas las vozes, todas
Todas las manos, todas

(Mercedes Sosa)

Não sou Poeta.
Quem lê ou faz poemas,
Sabe disso...
Nunca fui Poeta,
Um dia, quis ser,
Agora, já não quero mais.
Eu quero é o suave canto
De Mercedes Sosa,
O verso meticuloso
De Leminske.
Embalando,
As lágrimas dos povos,
Que transbordam,
Transgridem,
E desintegram toda a fúria
Do novo velho mundo.
Não sou Poeta,
E posso até ser,
Mas, não quero...
Eu quero,
A donzela tentada,
O folião pensante,
A santa estúpida,
Irmanados e irmanadas,
Num só campo,
A debulhar...
A espiga da igualdade,
A mastigar o sangue,
Da esperança molhada,
Aguerrida,
Lúcida,
Tal e qual
Formiga de roça,
Crua e cálida
Como a solidão,
Dos deserdados,
E deserdadas,
Que se aproximam,
E aproximam
Aproximam...
E são tantos,
Tantos e tantas,
Que a poesia
Deixa de ser melancolia
Pra ser estandarte
Que carrega o tempo,
E a morte desafia.
Não sou poeta,
Nem quero ser.
O que quero e quero muito,
É um coral de revolucionários,
Que cante e convença,
A todos e todas
a cantar,
Num só coro,
O hino pela liberdade,
Pela justiça...
Que se acolhe,
E afasta,
Afasta...
O torpor intransigente,
Das manhãs anoitecidas,
Adormecidas,
no furor,
Da cantiga silente.

(Razek Seravhat)

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