28 de dezembro de 2009

Notas D'Ator/educador Lúcio Leonn


Teatro, música, dança, artes visuais, proposições, biografias, resenhas, exercícios, artigos, arte-educação...

(Textos na íntegra para apreciação e Leituras, clicar em Link):
1. É no breve balanço das artes (2005) - memórias seguem no dealbar de 2006 -TEXTO ESCRITO EM DEZEMBRO DE 2005 A cada ano posterior somos tomados de desejos de mudanças, ou mais que isso, obrigados, involuntariamente, a refletir sobre o que não foi “bom” em ano anterior.
2.Para melhorar (ou implementar) o Ensino do Teatro na Escola Considero como essencial um espaço físico adequado, como a Sala de Teatro; também de capacitação continuada, permanente, para professores em cursos, oficinas e palestras; além de professor de arte com formação específica, para lecionar a linguagem Teatro.
3.Considerando o texto “A produção vocal em altas intensidades: uma revisão da Teoria Neurocronaxica de Raul Husson” Questão 1- As contribuições da Teoria Neurocronaxica para o treinamento do ator e do cantor.
4.Imagem produzida por mim,que reflete imageticamente os assuntos da unidade: Produção e Difusão de Informação Artística na Internet "O status de 'artista como gênio' não pode ser mantido, visto que aquilo que mais impressiona está no poder da máquina que o artista usa. Consequentemente, o papel do artista está mudando e o processo criativo muda com ele para se tornar um processo de solução de problemas. A genialidade é substituida pela engenhosidade"(Santella (2005) apud Harward(1990).
5.Produzida por Salvador Dali (o Livro Árvore) tal imAgem, reflete imageticamente, os assuntos de Produção e Difusão de Informação Artística na NETOs surrealistas propunham a fusão de dois estados - os sonhos e a realidade. Podemos dizer o mesmo com, Produções e Difusão de Informação Artística na NET. Os sonhos virtuais e a realidade. N a r r a t i v a s Fragmentadas
6.Resenha (apresentação de livro) SANTAELLA, LÚCIA. Por que as comunicações e as artes estão convergindo? Apresentação de livro.Por Lúcio José de Azevêdo Lucena (Lúcio Leonn)(Resenha)
8.O espaço de atuação determina o modo de como pensamos o Teatro; Sobre o pensamento do ator - suas implicações corporais no espaço; Além de, breves atribuições e implicações do corpo de intérprete em espaço de cenas
9.Stanislavski versus Meyerhold: encontros e desencontros dum teatro em movimento possível Como a proposta de Meyerhold revisa as pesquisas de Stanislávski. A demanda pela teatralidade passa pelo enfrentamento dos limites do realismo cênico presente na primeira fase do Teatro de Arte de Moscou. Veja como em seus textos Meyerhold estabelece um debate com as idéias e práticas de Stanislávski. Esse debate determinou a busca de uma nova maneira de se fazer teatro.
10.Como abordar um texto que estimula múltiplas leituras? Quais as estratégias para se trabalhar com textos complexos? Quais as estratégias para se trabalhar com textos complexos? Em que sentido as estratégias utilizadas para melhor compreender o texto funcionam como estímulos para o processo criativo do ator?
11.Uma abordagem Stanilavskiana para um ator criativo. Comentários de algumas idéias que definem uma abordagem Stanilavskiana para um ator criativo. Explique as razões utilizadas por Stanislavski a serem estímulos para atividade criativa dos procedimentos do intérprete.

12.Estranhamento em Brecht, em textos de estudos e a peça Mãe Coragem “Aquele que não ensina divertindo e não diverte ensinando não tem nada a fazer no teatro”. (Bertolt Brecht)

13.Das Contraposições aos Principais Aspectos: breve compreensão de propostas Grotowskiniana - Estudos do Teatro Laboratório (1959-1969), - transgressão entre o ato de fazer-se “pobre” e à projeção de uma “nova” relação em espetáculo: o ator-espectador\da Arte como veículo -
14. Comentário sobre o conceito ou as expectativas de espetáculo que são negadas a partir de " Ato sem palavras I", de Samuel Beckett “As mãos não são verdadeiras nem reais, são mistérios que habitam em nossas vidas. Às vezes, quando olho para as minhas mãos, tenho medo de, Deus.” [Fala 2ª veladora no poema dramático (teatro estático), peça: “O Marinheiro”, segundo Lúcio Leonn segundo Fernando Pessoa.] Adaptação textual por Ueliton Rocon. “Uma imagem vale mais que mil palavras”, já diziam por meio da célebre sentença de Kunf Fu Tsé (Confúcio), conhecido sábio chinês.
15.Performance : O quê move o corpo (?). 1, 2, 3... Parte 1: Barbear_dorParte 2: Trans_makerParte 3: Privado_a. Trata-se de performance em série de três, com o intérprete-criador Lúcio Leonn. [série gravada em take 1 - sequência 1 (In); locação (noites): Kasa-Sede e Vila das Artes Escola de Dança- espaço-gravação da parte 2: Trans_maker].
16.WikiTarefa alunos UnB): Módulo Tecnologias Contemporâneas na Escola 2 NOVAS TECNOLOGIAS PARA UMA "NOVA" EDUCAÇÃO
17.Entrevista/Diário do Nordeste/Caderno 3: DANÇA (7/11/2009)- Novos passos (curso dança & pensamento,2007-2009)A dança como área de conhecimento foi um dos focos do curso Dança e Pensamento, que terminou ontem depois de lançar questões para o cenário local
18.Tarefa (UnB) 2- Pequeno texto teatral ("O Último Dia do Computador de Mesa") e a abordar os impactos das novas tecnologias de informação e comunicação na sociedade contemporânea.
19.Tecnologias e Sociedade- tarefa 1 (UnB): Tecnologias Contemporâneas na Escola 2: Pesquise sobre a relação de novas tecnologias e suas Interfaces.
20.Anexo VIII - Registros de Cursos via Prefeitura Municipal de Fortaleza: Panorama Secretaria Executiva Regional V/ Linguagens: Arte/educação
21.*A Figura presencial do/a Professor/a de Arte ou do Arte-educador/a - Prefeitura Municipal de Fortaleza (PMF): Perspectivas via Secretaria Executiva Regional SER V - (E, um pouco mais, de histórias...) “A nova humanidade será universal e terá a atitude do artista; isto é, reconhecerá que o imenso valor e a beleza do ser humano residem precisamente no fato de pertencer ele aos dois reinos da natureza e do espírito”. Segundo Bilbao apud Thomas Mann, (2004). No mesmo link/TEXTO - vide também: O Reencontro com a Dança Aplicada hoje. Ponto de reflexão final: o artista/educador / Programa Dançando na Escola“Em 1997, a Dança foi incluída nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e ganhoureconhecimento nacional como forma de conhecimento a ser trabalhado na escola." Segundo Isabel Marques. Dançando na Escola. Subtópico: para onde vai o ensino de dança?

22.JOGOS dramáticos e teatrais-(conceito: Ação(espaço/tempo)): SUGESTÕES DE ATIVIDADES - via Projeto de Teatro Aplicado Objetivo: desenvolver o conceito de ação e solucionar problemas (bater palmas, uso do corpo em movimentos do cotidiano /comandos e níveis de movimentos / espaço livre/circular de movimentos etc.), por meio de jogos em grupo.
23.Tarefa de Abertura e Finalização do Curso(módulo) Licenciatura em Teatro UnB/Instituto de Artes(IdA):LABORATÓRIO DE TEATROPalavras/Temas relacionados ao conteúdo de nossa Disciplina de Laboratório do Teatro 2: (cena/presença cênica/dimensão acústica/atitude e intenção)
24.Conclusões, fundamentações e contribuições teóricas em prol da (In)formação em Arte/Educação via Fórum: Universidade de Brasília(UnB) / Instituto de Arte “Ser contemporâneo de si mesmo é o mínimo que se pode exigir de um Arte-Educador.” Segundo Ana Amália Tavares Bastos Barbosa (filha) apud Ana Mae Barbosa, (mãe), 2008.
25.Atividade Citação sobre a HISTORIA DA ARTE-EDUCAÇÃO (Teatro)-Universidade de Brasília(UnB) / Instituto de Arte (IdA) QUESTÕES CONCEITUAIS SOBRE O APRENDER E O ENSINAR TEATRO, (UNIDADE 1, (pp.07-39).). Texto do Prof. Dr.: SANTANA, Arão Paranaguá de; Módulo 14: História da Arte-Educação. Curso Licenciatura em Teatro do Programa Pró-Licenciatura. Universidade de Brasília (UnB). Brasília: Dupligráfica Editora Ltda, 2008.
26.Estudo Dirigido: LABORATÓRIO DE TEATRO 2 - Universidade de Brasília(UnB) / Instituto de Arte (IdA)Com base nos textos lidos, responda 03 (três) das 06 (seis) perguntas apresentadas. Escolha de acordo com sua preferência.
28.Atividade Final: relação em tríade: módulo Tecnologias de Improvisação – Um sistema de análise e pesquisa de movimentoRelação em tríade: da experiência corporal vivenciada no módulo Tecnologias de Improvisação – Um sistema de análise e pesquisa de movimento; da prática profissional cotidiana do aluno e de estudos e leituras do texto: “O Movimento Qualquer”, de Paulo Caldas, (RJ).
29.Performance - A pergunta nos foi lançada: o que pode nos mover e mover a performance?"Viver é uma forma de não estar seguro, de não saber o que está próximo ou como. O momento que você sabe como, você começa a morrer um pouco. O artista nunca sabe perfeitamente, nós supomos. Podemos estar errados, mas nós ganhamos um salto após salto no escuro".
30.“AMELIA”, via DvD, de Edouard Lock: a Multimídia personifica obra da Cia. La La La Human Steps, (fundada em 1980). "No cinema a imagem que vemos na tela também passou por um texto escrito, foi primeiramente ‘vista’ mentalmente pelo diretor, em seguida, reconstruída em sua corporeidade num set, para ser finalmente fixada em fotogramas de um filme. (...) Esse ‘ cinema mental’ funciona continuamente em nós – e sempre funcionou, mesmo antes da invenção do cinema – e não cessa nunca de projetar imagens de nossa ‘tela interior’ ”. (Maria Isabel Leite, (2004) apud Italo Calvino, p.104.).
31.ATIVIDADE FICHAMENTO DE CITAÇÃO: O Teatro e suas origens: uma visão multiculturalista Referência Veloso, Jorge das Graça. O Teatro e suas origens: uma visão multiculturalista (Módulos-9 /História do Teatro 1, 21p). Licenciatura em Teatro do Programa Pró-Licenciatura – Fase II. Universidade de Brasília /UnB. Instituto de Arte/IdA.

32.ATIVIDADE: Questões sobre o Tempo- Universidade de Brasília/UnB. Instituto de Arte/IdA.Na tarefa você terá que responder três questões considerando os textos da Semana 6 e o trecho em áudio da personagem Julieta, da peça Romeu e Julieta, de Shakespeare.

33.Serviços: ONDE ENCONTRAR NA INTERNET:sites de histórias em quadrinhos, gibitecas e cartunistas.Sites de fotógrafos nacionais e internacionais, museus etc.

34.“Excelência no Ensino da Arte” – Ensino Fundamental I e Médio TEXTO SENTIDO 1 – Fortaleza, 09 de novembro de 2002.Professor de Arte/parceiro: Lúcio José de Azevêdo Lucena-Lúcio Leonn

35.PROFESSORES/AS DE ARTE - 5ª A 8ª SÉRIE – Relatório Final do Curso -10 ENCONTROS PEDAGÓGICOS Texto Sentido 2- Fortaleza 09 de novembro de 2002. Professor de Arte/parceiro ministrante: Lúcio José Azevêdo Lucena (org. final) - Lúcio Leonn.

36.Os Processos de Formação Teatral em Fortaleza na década de 1990: Memórias de um ator. Fortaleza: UECE/CEFET-CE. 2002 (RESENHA)(Monografia de Especialização em Arte e Educação, 177p). Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação - DIPPG/Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará - Cefet-Ce. Parceria: Universidade Estadual do Ceará-UECE. Prof. Lúcio José de Azevêdo Lucena (Lúcio Leonn) - clique link
Sob à luz de saberes, estudos e interação da psicologia - constrói-se conhecimento pedagógico vida escolar/profissional e a organizacional: vida pessoal/social

39.Breve Reflexão em Estudos Iniciais e Avaliativos: teatro/educação à distância / pró-licenciatura-teatro / Curso Licenciatura Teatro (UnB): via Fórum (Tarefa Avaliativa) - aluno da Universidade Nacional de Brasília-UnB/Instituto de Artes-IdA:Lúcio José de Azevêdo Lucena (Lúcio Leonn)

40.RELAÇÃO ENTRE A DANÇA E O TEATRO. OU QUE SE TÊM - (TENHO) A DIZER SOBRE O TORTUOSO OU DOCE RELAÇÃO - TEATRO E DANÇA. (DANÇA-TEATRO. TEATRO-DANÇA.) “O teatro no Ceará caminha em busca de uma redescoberta, preocupando-se com um maior aprofundamento da estética cênica da linguagem corporal e da interpretação voltada ao ator”. Lúcio Leonn. (Entrevista ao Jornal Tribuna do Ceará, 1994)

42."Igualdade, diversidade e inclusão social do negro no Brasil: A presença negra nas artes brasileiras" * PLANO DE AULA/Título: Classificação de (re)produções artísticas em âmbito nacional/regional (Ceará)- Artes Visuais

43.Atividades de Orientação em direção/interpretação cênica com os atores de Fortaleza para o Curso Colégio de Direção Teatral do Instituto Dragão do Mar, à Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia-UFBA, e o Curso Técnico para Formação de Atores da Escola de Arte Dramática-EAD/ECA-USP

44.Dança contemporânea: impasses e perspectivas do Curso Dança e Pensamento - EXERCÍCIO/Proposição .*UMA ELABORAÇÃO COREOGRÁFICA E EXIBIÇÃO CÊNICA.(Para Término de Curso - A Dança para Atores/Atrizes).
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27 de dezembro de 2009

O adeus de Mercedes




Gracias, Mercedes! Adios, Negra, hermana hermosa!


• Na “grande” imprensa, a utilização de termos estrangeiros numa matéria é, geralmente, indicador de elitismo e esnobismo. Mas, não para nós, que temos uma perspectiva internacionalista e libertária em relação ao mundo. Muito menos quando queremos dar nosso adeus a alguém como Mercedes Sosa, que dedicou sua arte e vida ao rompimento das fronteiras, ao desejo de cantar as línguas do mundo.

“La Negra”, como era carinhosamente chamada por seus compatriotas, morreu aos 74 anos, na madrugada de domingo, 4 de outubro.

Para quem viveu neste continente nos últimos 40 anos, é impossível resumir a importância dessa mulher (nascida em Tucumán, no norte argentino, em 1935), a uma página de jornal. Uma mulher que, pra começar, foi, ao mesmo tempo, profundamente indígena e imensamente universal.

Nossa melhor homenagem é ouvi-la e cantá-la, sempre. É carrega-la em nossos “corações e mentes”, embalando nossos sonhos e lutas pela liberdade; nossos amores e perdas. E, principalmente, dando “gracias a la vida, que nos há dado tanto...”. Inclusive o prazer ter tido Mercedes Sosa entre nós e, também, do “nosso” lado.

La hermana libertad!
Em 1979, quando a Argentina vivia sob a pesada botina do general Videla, Mercedes exilou-se na Europa, depois de ser presa num show em La Plata, dando início a sua projeção internacional ao ser elevada pelos seus fãs (exilados, como ela, ou oprimidos por ditaduras dentro de seus próprios países) à voz que embalava a luta pela liberdade, não só na América Latina, mas mundo afora.

Na época, ela já era bastante conhecida em sua terra, onde, desde os meados dos anos 1960 – quando lançou “Yo no canto por cantar”, com clássicos “Canción para mi América” e “Zampa para no morir” –, Mercedes se tornou uma das principais expressões do “novo cancioneiro” latino-americano, um movimento marcado pela mescla, nos ritmos e letras (na forma e no conteúdo), das tradições culturais dos países latinos, suas paixões políticas e afetivas.

No Brasil, sua voz se tornou mais conhecida a partir de 1976, através de um memorável dueto com Milton Nascimento – um de seus principais parceiros no Brasil (ao lado de Chico Buarque, Elis Regina e Fagner, dentre vários outros) –, com quem gravou a dilacerante “Volver a los 17”. Desde então, seu bumbo, poncho e sua voz encantadora jamais ficaram muito distantes do Brasil.

A gravação, que lhe custou uma investigação pelos órgãos da ditadura, era da “mãe” da canção de protesto latino-americana, a compositora e artista plástica chilena Violeta Parra, que havia se suicidado dez anos antes, depois de deixar poéticos e vibrantes testemunhos de sua luta pela liberdade e de sua conturbadíssima vida pessoal, em letras como “Gracias a la vida”, a dolorosamente militante “La carta” (“Me mandaron una carta / por el correo temprano, / en esa carta me dicen / que cayó preso mi hermano....”) e a ultra comovente e anti-racista "Duerme, negrito".

Nos anos que se seguiram, foi a voz de Mercedes que nos conduziu pelos corredores, labirintos e todos os cantos – mágicos ou sinistros –, da América Latina.

Foi assim nos sombrios anos da década de 1970. Foi La Negra, por exemplo, que com a voz rasgada e indignada, nos colocou dentro de um maldito estádio chileno, fazendo com que os últimos acordes do poeta, dramaturgo e professor Victor Jara nunca fossem esquecidos, mesmo depois de ter tido suas mãos decepadas pelos militares. Fazendo-nos lembrar que sua dor nunca será perdoada.... Nem sua poesia e luta foram em vão.

E, certamente, foi a voz dela que deve ter ninado e acalentado aqueles que, como Jará, padeciam pelos cantos escuros dos calabouços militares que contaminavam o Sub Continente. Por isso, em nome deles, também lhes damos “gracias”.

La Negra: grande como o continente
Para muitos de nós, brasileiros, que, deformados pela ideologia dominante, às vezes nos esquecemos que somos, também e sempre, latino-americanos, foi também a poderosa e comovente voz de Mercedes que nos guiou pelos vales e cordilheiras dos Andes, pelas ruas de Buenos Aires e Santiago, até a mítica Macondo de Garcia Márquez, passando pelos labirintos de Cortazar, mas sempre nos deixando perto da Cuba, da Nicarágua, de El Salvador ou onde quer que houvesse alguma luta.

Responsável, como poucos, pela real “integração” latino-americana que precisamos – a das lutas, da cultura e de um novo projeto social e político –, Mercedes trouxe para o Brasil “Cuando voy al trabajo” e “Plagaria a um labrador”, de Jará; “Poema 15”, de Neruda, e trabalhos de uma infinidade de outros argentinos geniais, como Atahualpa Yupanqui, Horacio Guarany (da belíssima e libertária “Si se calla el cantor”), Tejada Gómez e César Isella (que fizeram juntos “Cancíon con todos”).

Desta lista – difícil escolha numa obra deixada em mais de 40 discos – também não podem faltar outros talentos latinos, como Pablo Milañes (“Años”), Felix Luna e Ariel Ramirez (da rasgada “Alfonsina y el mar”) e Maria Elena Walsh, autora da resistente “Como la cigarra” (“Tantas veces me mataron / Tantas veces me morir / Sin embargo estoy aqui resucitando / Gracias doy a la desgracia...”).

Cumprindo seu papel de “porta-voz” de nossas lutas e sonhos, Mercedes, em suas “andanças”, também carregou consigo, coisas nossas como “Semeadura” (regravada com o nome “Seambra”), de José Fogaça e Victor Ramil, ou a “Maria, Maria”, desde sempre transformada em hino das mulheres em luta, continente afora.

Por isso, não foi por acaso que, quando o povo, aqui no Brasil, foi pras ruas, parou as fábricas, subiu nos banquinhos das escolas e, ao lado de negros, mulheres, gays e lésbicas, começou a virar a mesa e subverter a ordem, foi mais uma vez Mercedes Sosa, a hermana-compañera, que embalou as passeatas e ritmou os sonhos de toda uma juventude que, no final dos anos 1970, ao se rebelar contra a ditadura, reatava seus laços com os herdeiros dos Tupa Amaros, dos Bolivares, dos Martís, dos incas e astecas.

Vivir és otra cosa!
Para os que tiveram o privilégio de ver Mercedes Sosa em sua última passagem pelo Brasil, no ano passado, a imagem que ficou de “La Negra”, é de uma figura que lembra aquelas “grandes-deusas”, tão presentes nas tradições míticas latino-americanas.

Já bastante debilitada fisicamente, Mercedes mal podia mover-se, mas mantinha sua poderosa voz intacta e com a vivacidade de sempre, fazendo-se gigante e parecendo atemporal (como aquelas figuras que arrancam forças da própria natureza), “La Negra” entoou seus velhos sucessos e canções de um de seus últimos discos, “Corazón Libre”.

Testemunho fiel das idéias às quais se manteve fiel até o fim da vida, inclusive a defesa de uma sociedade comunista, “Corazón Libre” é, também, uma espécie de “testamento” de La Negra, na medida em que foi nele que ficou gravado um poderoso verso, no qual a cantora já dialogova com sua morte: “Adelante, corazón, sin medo de la derrota. Durar nos es estar vivo, corázon. Vivir és otra cosa”.

Sim, viver, de fato, é outra coisa. Viver é lutar, sonhar, se indignar, mas também saber tirar o máximo da vida, saber arrancar poesia da “desgraça”. E, acima de tudo, viver é ter consciência do nosso papel no mundo. Por isso, não há dúvidas de que Mercedes viveu. E viverá para sempre em suas canções e em nossas lutas: Mercedes Sosa, nuestra hermana, libertad!

Wilson H. Silva
da redação do Opinião Socialista
e membro da Secretaria Nacional de Negros e Negras dos PSTU






Texto extraído do site do PSTU/ http://www.pstu.org.br/editorias_materia.asp?id=10794&ida=18

uma lembrança da maior perda cultural de 2009.



21 de dezembro de 2009

Então é natal!


“Então é Natal, e o que você fez?
O ano termina, e nasce outra vez.
Então é Natal, a festa Cristã.
Do velho e do novo, do amor como um todo.
Então bom Natal, e um ano novo também.
Que seja feliz quem, souber o que é o bem”
Cláudio Rabello


Então chegamos a mais um 25 de dezembro. Quantos sóis não foram passados? Quantas luas agraciaram as noites do 25 de dezembro último até este? Enfim a história se repete. É como cantar uma velha canção, ou reler um conto, um poema ou quem sabe um antigo romance do tempo de nossos avós.

As felicitações, os presentes, as roupas, a ceia... nossa! E aquela ligação que desde janeiro último eu me prometia fazer. Agora a farei. Será que o número é o mesmo? De repente nos damos conta de tantas promessas não cumpridas, de tantos desejos massacrados pelo tempo, pela dor, pela incerteza do amanhã, pela descrença em nós mesmos... Quantas perdas! Perdemos o porteiro do prédio, o colega de profissão, o filho da vizinha... Como aconteceu tudo isso? Eu nem vi. Estava tão preocupada que chegasse logo o fim para ver como ficaria o novo começo que me esqueci de viver o dia a dia.

“O ano termina... é natal, a festa cristã.” E terminou o ano realmente. As luzes brilham na cidade, é tanta pompa! As casas estão iluminadas por milhares de lanterninhas e por olhos que brilham ávidos de esperança por dias melhores. “Festa Cristã”! Definitivamente não gosto desse termo. Penso que não seja a festa dos cristãos, e cristão por sinal significa pequeno cristo, então não combina com a vida de tantos que conheço, os quais não sabem direito nem o que seja cristianismo. Prefiro dizer que é a festa de todos os povos, raças, tribos e nações. É a festa do preto, do branco, do pobre, do rico, de quem é divino e de quem é profano também, pois diz a Bíblia que CRISTO veio para os doentes (entenda doentes como sendo pecadores, profanos). É a festa colorida do recomeço, é a oportunidade única de sonhar como o novo, com o impossível.

Lamentavelmente é também a festa do excluído, daquele que nunca soube o sabor de uma ceia natalina. Por isso não gosto do termo “Festa Cristã”, pois se cristã fosse não haveria tantos excluídos. Infelizmente é a festa do capitalismo, do consumismo, de quem tem e pode mais. Sonho eu, porém com a festa socialista, em que todos nós de braços dados ou não (como diz a canção) faremos uma grande, uma enorme festa do amor, do compartilhar, do repartir... E vamos da forma mais pura que pudermos construir um mundo novo, sem pequenos cristos, mas com grandes homens. Sem heróis, pois heróis tiram o brilho de quem os levanta e massacra a quem os fez brilhar.

Como Martin Luther King Júnior diremos:” Agora é o tempo para fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus” E mais disse ele:”Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!”

Como ele temos um sonho sim, um sonho para HOJE. É NATAL... A FESTA...
Luênia Aderaldo

18 de dezembro de 2009

O Silêncio é de Ouro


Falam nas minhas costas coisas que eu não vou saber
Escondem dos meus olhos livros que eu não posso ler
Quanto segredo ao pé do ouvido o vento leva pelo ar?
Pássaro ferido que não pode mais voar
Cartas, cartões, postais,recados
vem de longe para me dizer
que hoje em dia o silêncio é de ouro

Como serão as terras que eu não posso visitar?
Devem ter me esquecido amigos que eu não possso ver
Longe de mim o canto que eu precisava tanto escutar
que é da varanda grande de onde eu costumava olhar
um pôr-de-sol brilhante de uma terra boa de viver
Quem levou de mim esse tesouro?

Em cada boca fechada uma caverna silenciosa
onde não vive nada além do segredo
Em cada olho fechado
rola um planeta desorientado
onde não cresce nada além do medo

* Esta letra é uma canção composta pela dupla Sá e Guarabira.

11 de dezembro de 2009

MENSAGEM DE NATAL



Leonardo Boff, em um texto publicado às vésperas do Natal de 2006, conta-nos que Dom Pedro Casaldáliga diante de um indiosinho recém-nascido escreveu: "Não vi a tal da estrela. Mas vi um Deus muito pobre. Maria estava desperta, desperta estava a noite. E estava sobressaltado para sempre o rei Herodes."
Bonita essa idéia: Natal é Advento; é advento de um tempo em que os Herodes de todos os tempos vivem aos sobressaltos, porque nasceu o Messias [a imagem acima é de um presépio peruano].

Guardas florestais


Artigo no Jornal, O Povo, caderno Opinião.

http://opovo.uol.com.br/opovo/opiniao/936166.html

Guardas florestais
Gilvan Rocha
11 Dez 2009 - 01h41min

A função de guardas florestais é louvável e necessária. Mas seria uma infantilidade imaginar que preservaríamos nossas florestas contratando mais guardas florestais, sobretudo, porque eles têm comportamento e visão localizada da questão do meio ambiente. Aliás, os ambientalistas, no que pese o nosso respeito pela boa vontade que possam ter ou a nossa repulsa por utilizarem-se desse expediente como meio de vida, estão impossibilitados de salvar o mundo. Essa tarefa só poderá ser obra da sociedade.

Reduzir o ambientalismo em especialidade de doutos é reduzir a questão ao inatingível, pois a preservação real do meio ambiente só poderá ser obra social, portanto, uma obra intrinsecamente política.

A ex-ministra Marina da Silva desponta como candidata a presidente da República em coligação com o Psol. Sem dúvidas, como já dissemos , Marina merece o respeito e a admiração de todos nós na medida em que se levantou valentemente contra os senhores do agronegócio que ,de forma abusiva, usam as suas motosserras para produção de pastos e plantios de soja, devastando em escala geométrica as nossas matas.

Observe-se que por trás de cada motosserra existe um trabalhador necessitando desesperadamente daquele emprego. Trabalhadores e agropredadores que promovem a devastação da natureza o fazem em nome do lucro para os patrões. Lutar em favor da preservação ambiental é lutar, antes de tudo, contra o capitalismo de forma explícita. Do contrário, seja de boa fé ou não, estaremos escamoteando a questão.

Aliás, a burguesia tem apresentado projetos e tomado medidas em torno do problema sem ultrapassar, porém, os limites do capitalismo, ou seja, pretende encontrar soluções preservando o sistema. E a esquerda desavisada termina fazendo o jogo da burguesia com o seu discurso mutilado a respeito do assunto. Hoje, fala-se com muita simpatia no nome da ex-ministra Marina da Silva como candidata à presidência da República numa coligação PV e Psol. Ora, presume-se que o Psol seja um partido de natureza anticapitalista e nunca um partido ambientalista dotado de desinformação e romantismo.

Gilvan Rocha - Presidente do Caep- Centro de Atividades e Estudos Políticos