30 de agosto de 2009

Amiga

O azul suave
Do teu pensamento,
Tal o entardecer do dia,
Me fez viajar em sonhos.

E no arco-íris
Dos seus beijos
Encontrei-me nos abraços,
Abrasados de amor.

No sabor do beijo derradeiro
Acordei do áureo sonho,
Que entre meus desejos
Fez a noite dormir no silêncio.

E no fechar dos olhos
O navegar nos pensamentos,
Que em breves lamentos, a dor
De não poder amar você.

Chanejú

Sorriso inspirado
Como o nascer do dia,
Fêmea cor de rosa,
Manhosa e macia.

Felina dengosa
De paixão delirante
Que envolve e fascina,
Tal maravilhosa amante.

De ardentes beijos
E corpo estonteante,
Que despertam desejos
Em pensamentos distantes.

Delírios

Posso sentir o cheiro da tua boca,
A suavidade dos abraços,
O calor do teu corpo,
Meu corpo nos teus braços.

Quero teus sonhos e delírios
Num êxtase de amor perfeito,
Afagar rosas molhadas,
Descansar meus beijos no teu peito.

E quando sem palavras para dizer
Nem forças para te amar,
Te darei um pedaço de mim
Que guardarás enquanto pulsar.

Doce Encanto

Enquanto meus olhos vadiam nas lágrimas,
A chama viva que teu sorriso ateia,
Pôs um sorriso no meu rosto.

E num abrir e fechar d’olhos,
Mesmo quando em cima eram nuvens,
Te vejo coberta de estrelas.

E nos teus longos cabelos negros
Como cortinas da madrugada,
A noite dormi em silêncio
E eu me estremeço de cruéis receios.

Serás, então, minha doce amada?

E sob o mesmo céu triste
A noite faz-se bela e iluminada
E nas águas irrequietas
Eu te vejo brilhar.

Como a lua que beija o mar
Num ingênuo folgar
Da lua cheia
Das ondas beijando a areia.

Pelo cessar da noite
Acordo numa manhã sombria
Com olhar perdido
Dos sonhos que se esvaem.

Que em tristezas e pranto a seguir-me persiste
Escuto cantar a luz da alvorada
As melodias do céu,
Luz que consola
Ao mais vivo carinho.

Haverá “Deus”, quem acredite?

27 de agosto de 2009

A JUVENTUDE NA CRISE CAPITALISTA

A atual crise é a mais grave dos últimos oitenta anos. Ela é econômica, política, ambiental, cultural e social, que começou a aparecer no segundo semestre de 2008, pela quebra dos bancos que operavam nas vendas de créditos de imóveis e carros, nos Estados Unidos.


É uma crise econômica porque está atingindo todos os setores da produção. Ambiental, pois, a ganância dos capitalistas pelo o lucro está esgotando os recursos naturais do planeta, gerando desequilíbrio e podendo inviabilizar a vida humana na terra. É também uma crise política já que o povo não acredita mais nas instituições públicas originárias da revolução burguesa, como o poder executivo, legislativo e judiciário em conseguência do neoliberalismo que defendiam a redução do papel do estado e passaram a controlar as leis, os meios de comunicação e os serviços privatizados de energia, água, educação, segurança, saúde, bancos, e etc. Com a crise, os mesmos capitalistas defendem a salvação das empresas falidas com o dinheiro público, ou seja, privatiza o lucro e estatiza o prejuízo. A cultura consumista do capitalismo está em cheque. Os padrões de consumo impostos de transporte individual, vestuário, gasto de energia, só é possível por menos de 15% da população mundial. Na crise de 1929, a maioria da população mundial era rural, hoje é urbana. Com o aumento do desemprego as famílias não têm condição de produzir seus próprios alimentos, perde possibilidade de moradia digna gerando uma crise social.



A juventude tem agir nessa crise, já que também é vítima. Os capitalistas estão tentando tirar os direitos sociais e trabalhistas conquistados e oferecerão empregos mais precários. A violência pode aumentar e reduzir a maioridade penal para criminalizar ainda mais à juventude pobre. Os jovens ricos estão preocupados com a permanência no padrão de consumo e de turismo, enquanto os pobres preocupam com a vida digna.



A única saída para essa crise é o ecossocialismo. Mesmo o capitalismo estando em crise profunda, internacional e prolongada o socialismo não virá naturalmente, temos que construir senão iremos à barbárie. A humanidade já viveu a sociedade primitiva, cinco mil anos de escravismo e o feudalismo, portanto, o capitalismo não será para sempre. Estamos vivendo o dilema: ou a humanidade destrói o capitalismo ou o capitalismo destruirá a vida no planeta terra.

26 de agosto de 2009

Sonho Utópico


Em um sonho meu

Eu via o mundo do alto

E o que aconteceu

Era um sonho de fato

Eu via um mundo sem fronteira,

sem divisão de raça,

sem nações, sem bandeiras

E livre de desgraças.

Prevalecia a gentileza

E todos irmanados

Tendo no amor a riqueza

De se sentirem amados.

Não se ouvia um lamento que fosse,

so alegria entre o gentio,

Nem gritos

Que se ouvisse,

Porque não havia corações vazios.

Não vi fome, não vi guerra,

Vi labuta em busca de pão

E o povo abençoando a terra

Já que todos eles filhos dela são.

Mas meu sonho utópico acabou

E vi-me diante da realidade.

Porém uma esperança em mim restou,

De que meu sonho um dia venha ser realidade.
Autor desconhecido


Não tem verso nem poesia



Petrúcio Antônio de Amorim, nasceu em Caruaru-PE, no bairro do Vassoural. A devoção musical veio mesmo quando participou do Segundo Encontro Latino Americano de Folclore, em Caruaru.O primeiro CD chega em 1995, com o título de Petrúcio Amorim 15 anos de Forró, contendo participações de alguns artistas pernambucanos como Cristina Amaral, Leonardo e Maciel Melo.

22 de agosto de 2009

Vencido

Vencido

Meu corpo parece cansado
Quase sem forças para lutar
E tudo que sinto, é angústia
É tudo que posso sentir.

Longo, são todos os dias
Impossíveis de preenchê-los
E, mesmo ganhando todas as guerras
Sou vencido pelas lembranças
Do passado presente, e futuro.

Somente agora percebi
Que apenas na solidão encontro paz
E que minha consciência
É a felicidade.

Juan Di Brechó

Ser

Tudo parecia ser diferente
Como tudo parece ser,
E por ser humano
Ser igual seria melhor.
Sou sem graça,
Sou chato,
Sou honesto,
Sou sincero,
Sou, por isso, desprezível.
Assim não quero mais
Por isso vou implodir
Levarei tudo que sinto
Para nada mais sentir.

Ode ao Pai do Rock and Roll

Olá Poetas do Lenitivo!

É com muito prazer que aceito o convite de RAZEK para participar do blog.
Para inaugurar minha entrada trago uma composição de Luiz Rocha em homenagem póstuma ao grande Raul Seixas, música composta há 19 anos mas só agora gravada para penetrar nos ouvidos dos privilegiados poetas e visitantes. "ODE AO PAI DO ROCK AND ROLL" foi postada no YouTube e o link para acessá-la, ouvi-la, vê-la, e tudo mais é http://www.youtube.com/watch?v=hBUmjshPgno, ou simplesmente digitem Ode ao pai do rock and roll 20 anos sem raul

Vale a pena conferir!!!

21 de agosto de 2009

Maluco Beleza


Para Raul

Depois que você se foi

a música não mais tocou

aquele sentimento claro

tão místico e tão simples

que você passou pra mim

prá nós que somos fãs

companheiros de luta

do seu aniversário

do sonho profundo

que você plantou

e botou pra pensar cada cabeça maluca

e já que não vais

nunca mais retornar

da sua viagem ao cosmos do céu

vais descobrir um novo amanhã

e em cada pedaço de recordação

lembre do povo da alma irmã

não se esqueça de mim que sou seu fã.


Letra de Zé Ramalho

Homenagem à Raulzito


Adicionar imagem" Veja não diga que a canção está perdida
tenha fé em Deus, tenha fé na vida
tente outra vez
beba, pois a água viva ainda tá na fonte
você tem dois pés para cruzar a ponte
nada acabou, não, não, não.
Tente
levante a mão sedenta e recomece a andar
não pense que a cabeça aguenta se você parar,
há uma voz que canta, uma voz que dança, um voz que gira
bailando no ar
queira
basta ser sincero e desejar profundo
você será capaz de sacudir o mundo, vai
tente, outra vez
tente
não diga que a vitória está perdida
se é de batalhas que se vive a vida
tente outra vez."
Valeu grande Raul

Homenagem a Raul Seixas

Muitas vezes Raul você faz falta
eu sempre a me queixar da solidão
quem me fez com ferro fez com fogo
é pena que você não tá mais aqui não
vou pro meu trabalho todo dia
com a certeza que dou o melhor de mim
quando quero relaxar eu bebo
as coisas ainda não estão bem assim
toda vez que eu ouço os teus filhos
ou me perco todos em teus versos
eu penso em você meu pobre amigo
que sempre me mostrou eu mesmo
todos os nossos sonhos são iguais
alguns conduzem à glória outros à perdição
há tantos caminhos tantas glórias
mas o mundo ainda está sem direção.

21 de agosto de 1989 o dia em que o rock parou

19 de agosto de 2009

TEM GENTE QUE OUVE



TEM GENTE QUE OUVE


TEM GENTE QUE OUVE E SEGUE
TUDO O QUE É DITO PARA FAZER,
ASSIM COMO O SOL QUE INCIDE
SOBRE A SUA CABEÇA,
SEM AO MENOS PERCEBER O QUANTO ESTÁ QUEIMANDO A SUA PELE.

TEM GENTE QUE OUVE E NÃO SEGUE
TUDO O QUE É DITO PARA FAZER,
PENSANDO QUE É O ÚNICO CERTO
COM SEU NARCISISMO, E SE FECHA
NO SEU MUNDINHO INSENSÍVEL, INDIFERENTE E INDIVIDUALISTA.

TEM GENTE QUE OUVE E REFLETE
CRITICAMENTE PARA DISCERNIR E SABER SEGUIR
SOBRE TUDO O QUE É DITO PARA FAZER,
PENSANDO NA VERDADE QUE LIBERTA COM JUSTIÇA E PAZ,
E POR ISSO, LUTA PELO BEM COMUM E ASSUME AS CONSEQUÊNCIAS,
PORQUE A CAUSA É O DIREITO DA DIGNIDADE HUMANA.


****** ( Reflexão escrita em agosto de 2009 após 60 dias de greve na Prefeitura Municipal de Fortaleza pela reivindicação do Piso Salarial Nacional do Magistério. Lei n° 11.738.
- Jonas Serafim/Poemística/Agosto de 2009) ******

DESMITIFEQUE

DESMITIFIQUE


Desmitifique!
É lei ser gente! É urgente!
Lute em existir e viver sempre.
Busque sem limite em querer existir, ser ciente e ter vez.
... Experimente, mude, pense, medite... Negue este que finge.
Edifique diferente, resignifique, investigue, duvide, inquiete-se.
Publique firme seu Bem.
Pregue esse viver de fé que reflete em Jesus, em Hindu, em Te King...
Crie e recrie.
... Desutilize de fuzis desse regime-estrume.
que se vende e se desentende entre seres...
... Cientifique!
Eternize este viver de sempre viver bem, plenifique! Eleve!
Ressuscite este Eu-existente, inerente em si, e revele em ser...
Viver em plenitude.
Lembre-se: neste Ente que és, um presente visível,
existe um invisível emergente, que surge independente e em devir.
Inicie em servir sem distinguir, gente é que és, enfim, semente que define em que existe, existente, vive, revive, resplendente.


*** (Jonas Serafim/Poemas Científicos/1994. Obs.: Este é um fragmento de um
poema que escrevi sem as letra "a" e "o"). ***

INVESTIGAÇÃO

INVESTIGAÇÃO

É a ufologia
ou é a bebida que anda
alucinando as pessoas?

O que faz gritar:
a dor ou a ausência de tudo?

Será que a ferida e o sangue provam a vida,
assim como o ar, a água, o fogo, a terra e o espírito
provam a existência no mundo moderno?

A última notícia já nasceu no princípio da Criação,
ou vem pelos jornais escatológicos das religiões?

É no sobrenatural que reside a finalidade de toda a natureza?

Mesmo com todo o peso a leveza é insustetável?

Podemos dizer que ultrapassamos com rapidez e exagero
os limites éticos pela desobediência?

O que ainda não vimos poderá ser visto pela sensibilidade?

É na unidade que está a pluralidade?

Diante de tanta complexidade é simples afirmar que o único eterno é Deus?


*** (Jonas Serafim/Poemas Científicos/Dezembro de 2008) ***

E QUANDO A PRISÃO É A TERRA

E QUANDO A PRISÃO É A TERRA



Preso de mim mesmo.
Além da prisão que encarcera a nossa própria caverna.
Preso no armário ou num gabinete.
Preso num livro ou a uma pessoa.
Preso numa multidão ou por ela.
E quando a prisão é a própria Terra.
Preso num planeta finito
infinitamente preso no Universo
que está preso ao Absoluto.
Cada preso, preso em si,
e por isso, solto, livre!
Sem sentido de prisioneiro.
Prisão que não existe quando se vive a dimensão da liberdade incondicional.
Quando se vive o Eu em Nós,
nas semelhanças e diferenças
e na individuação do ser.
E quando cada ser perceber que em sua totalidade
está preso à sua liberdade,
terá auto-compreensão do sentido da vida.


*** Jonas Serafim/ Poemas Científicos/Maio de 2002) ***

VOZ POÉTICA

VOZ POÉTICA


A voz dos poetas
é o sentimento do mundo,
é a palavra itinerante escrita no coração,
é um ponto finito de um ser aberto
para a infinitude.
A poesia é a mãe da filosofia
que se inscreve nas ciências
para encantar as agonias.
A poesia é uma voz que não se cala.
A voz poética
não é uma fala romântica.
Mas, antes de qualquer preconceito,
é a lógica para os que ignoram
o próprio raciocínio;
é a razão do espírito humano
e o início do conhecimento;
é a física e a metafísica;
é o próprio ser no mundo.

*** (Jonas Serafim/Poemas Cientificos/Julho de 2008) ***

18 de agosto de 2009

Réstia de Luz

No ventre do mato,
O vento com cheiro de tristeza
Balança as cortinas da madrugada
Sem estrelas e sem clarão.
E a manhã sombria
Que se avizinha,
Quando pela porta,
Numa réstia de luz,
A natureza declama
Um idílio de amor
Da borboleta azul
Pelo amante beija-flor.

Juan Di Brechó

Sol-Posto

Tinha nos olhos o brilho das estrelas,
Jamais compreendi a razão.
Afinal, que importa a chuva no mar.
Por favor, saia.
Deixe-me só com minhas lágrimas,
Pois tenho medo de mim,
De ti, de tudo.
Como fazer da tu’alma
A minh’alma?
Quando o teu olhar,
Outrora suave e doce,
Esconde um espinho no coração.
Deixe-me sozinho.
Lá fora a chuva soluça.
E ao longe, num pensamento vago,
Há um retrato
Bem junto de mim.
E sob a paz deste teto,
Pranto de tanto afeto,
Berço de tanta dor e de tanta alegria,
Os sonhos que sonhei
E tanto procurei.
Ao longe, apenas a música suave, soa.
E nas águas fugitivas dos meus olhos,
Quando em cima eram nuvens,
Faço de conta que existe luar.
Jamais esquecerei, saia.
Mas, deixe a porta aberta.

Juan Di Brechó

Pérola Negra

Teu sorriso sem ruído
Revela toda alegria de viver
Como uma sonata que sussurra
Enchendo meus olhos de prazer

Como uma Pérola Negra
De beleza singular
Obra-prima da natureza
Que me faz escravo do teu olhar

E na delgadeza da silhueta
Que tua sombra projeta
O perigo do silvo e a simetria
Na simpatia que apaixona o poeta

Esse olhar meigo e terno
Enquanto o suspiro responde
O desejo de sentir teu calor
Como te encontrar. Onde?

Talvez nas ondas do mar
Nas águas das lágrimas cristalinas
Quem sabe nos jardins do éden
No coração do beija-flor, menina.

Juan Di Brechó

Aflição

O tempo nublado

Com nuvens escuras e pesadas,

Faz o corpo padecer,

Enchendo os olhos de tristeza e pesar.

Faz as flores parecerem espinhos.

Faz do dia um instante

E transforma a vida

Numa eternidade.


Juan Di Brechó

14 de agosto de 2009

MUITO PIOR


Há correntemente o pensamento entre o povo letrado, bem letrado e iletrado que a falta de pão, leite, moradia, transportes, segurança, dão-se pela simples razão de que o dinheiro destinado ao bem estar social é desviado pela corrupção. Em outras palavras, o capitalismo seria bom, caso fosse administrado com decência. Isso é um engano presente desde as cabeças mais ilustres às menos providas.

Na verdade, a corrupção é um cancro social. Algo que agrava mais o nosso drama. Mas esse cancro, como tantos outros tem uma matriz e essa matriz tem um único nome: capitalismo.

Fui fundador do Partido dos Trabalhadores-PT. Fui também fundador do Partido Socialismo e Liberdade-Psol. No último dia 30 o Psol, por sua direção majoritária, exibiu seu programa de televisão e ficou evidente que o Psol pode vir a ser um partido muito pior do que fôra o PT. O PT, além de ter uma ampla base social de apoio, tinha participação (mesmo ingênua) de segmentos intuitivamente socialistas. O Psol, não! Nasceu de uma dissidência parlamentar sem inserção no meio social e faz o mesmo discurso dos partidos da “ordem”, o discurso da direita. Eles não denunciam o capitalismo. Limitam-se a denunciar suas mazelas, não imputando culpa a suas verdadeiras causas, visto que toda culpa reside unicamente no sistema capitalista.

O discurso da senhora Luciana Genro, foi lamentável. O mesmo ocorreu com os demais, principalmente com a tradicional moralista , Heloísa Helena, sempre escudada na sua condição de mulher. Tenta-se salvar o discurso do João Alfredo. Mas o ambientalismo não pode ser coisa tão somente de “expert”. Enquanto for dessa maneira, assim como o socialismo, estaremos perdidos! Socialismo, ambientalismo, caros senhores, devem ser amplamente popularizados e nunca coisas de doutos especialistas de viés acadêmico.

O programa de TV exibido, revelou a tragédia política que vivemos. Não creio existir o crime de opinião. De qualquer forma, não abdicarei da verdade.

Gilvan Rocha - Presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos
–Caep
gilvanrocha50@yahoo.com.br
Sem votos

8 de agosto de 2009

Tô nem aí...

Tô nem aí pro futuro, pra celulite, tô nem aí para queixas datadas, tô nem aí pro telefone mudo, pros surdos, pro preço do combustível, tô nem aí se vai chover amanhã, se o presidente vai viajar, se vai voltar, tô nem aí.

Pra discussão sobre maioridade penal, violência e barbárie, tô aí. Pro fim desta impunidade que incrementa a bestialização das nossas vidas, tô muito aí.

Tô nem aí pros especuladores da vida alheia, pro Schwarzenegger, pros índices de audiência, tô nem aí se fui convidada ou preterida, quem é a primeira da lista, a segunda, a última, tô nem aí pro novo namorado da Nicole, pras declarações da Luana, quem é gay ou não, com silicone ou sem, se é virgem, se é rodada.

Pros sentimentos das pessoas, tô aí. Para seus desejos e dúvidas, para seus medos e ousadias, tô aí. Para tudo aquilo que tem consistência, para tudo aquilo que nos comove, para o leve e o denso, para a alegria genuína e para o luto, tô aí, sim.

Tô nem aí para quantas calorias tem um bife, tô nem aí pra corrida espacial, se há vida após a morte, tô nem aí pro carro do ano, pra musa do próximo verão, pro gol mais bonito do domingo, pra manchete da capa de amanhã.

Para a grosseria e a falta de delicadeza que corrói as relações, tô aí. Para a brutalidade das pessoas, pro egoísmo, pra falta de educação e civilidade, para todos que possuem uma nuvem preta acima da cabeça e a carregam pra onde quer que vão, tô aí e me dói profundamente.

Tô nem aí pro que foi decidido na reunião de condomínio, na reunião de cúpula, na reunião de mães, nas reuniões que duram mais de dez minutos, tô nem aí pro salário dos outros, pras novas tendências, pra cotação das minhas ações no mercado externo.

Tô aí pra alguns, pros meus. Tô aí e estou aqui. Estou atenta. Estou dentro. Estou me vendo. Estou tentando. Estou querendo. Estou a postos só para o mínimo, o máximo. Para o que importa mesmo. Para o mistério. A verdade. O caos. O céu. O inferno. Essas coisas.

No mais, tô nem aí. Refrão e desabafo.

Martha Medeiros

Mulher despida

Talvez a verdadeira excitação esteja, hoje, em ver uma mulher se despir de verdade - emocionalmente. Nudez pode ter um significado diferente. Muito mais intenso é assistir a uma mulher desabotoar suas fantasias, suas dores, sua história. É erótico ver uma mulher que sorri, que chora, que vacila, que fica linda sendo sincera, que fica uma delícia sendo divertida, que deixa qualquer um maluco sendo inteligente. Uma mulher que diz o que pensa, o que sente e o que pretende, sem meias-verdades, sem esconder seus pequenos defeitos - aliás, deveríamos nos orgulhar de nossas falhas, é o que nos torna humanas, e não bonecas de porcelana. Arrebatador é assistir ao desnudamento de uma mulher em quem sempre se poderá confiar, mesmo que vire ex, mesmo que saiba demais.
Não é fácil tirar a roupa e ficar pendurada numa banca de jornal mas, difícil por difícil, também é complicado abrir mão de pudores verbais, expôr nossos segredos e insanidades, revelar nosso interior. Mas é o que devemos continuar fazendo. Despir nossa alma e mostrar pra valer quem somos, o que trazemos por dentro.
Não conheço strip-tease mais sedutor.

(Martha Medeiros)

P.S. Para todas as mulheres que ousam mostrarem-se humanas.

Poema em Linha Reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


Álvaro de Campos(Heterônimo de Fernando Pessoa)

Vamos Fazer um Filme

Vamos Fazer um Filme

Achei um 3x4 teu e não quis acreditar

Que tinha sido a tanto tempo atrás

Um exemplo de bondade e respeito

Do que o verdadeiro amor é capaz.



A minha escola não tem personagem

A minha escola tem gente de verdade

Alguém falou do fim do mundo,

O fim do mundo já passou

Vamos começar de novo:

Um por todos, todos por um.



O sistema é mau, mas minha turma é legal

Viver é foda, morrer é difícil

Te ver é uma necessidade

Vamos fazer um filme.



E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."?



Sem essa de que: "Estou sozinho."

Somos muito mais que isso

Somos pingüim, somos golfinho

Homem, sereia e beija-flor



Leão, leoa e leão-marinho

Eu preciso e quero ter carinho, liberdade e respeito

Chega de opressão.

Quero viver a minha vida em paz.



Quero um milhão de amigos

Quero irmãos e irmãs

Deve de ser cisma minha

Mas a única maneira ainda

De imaginar a minha vida

É vê-la como um musical dos anos trinta



E no meio de uma depressão

Te ver e ter beleza e fantasia.



E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."?

E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."?

E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."?

E hoje em dia, vamos fazer um filme ?



Eu te amo

Eu te amo

Eu te amo

3 de agosto de 2009

Sobrevivência humana: natureza e modelos sócio-econômicos

ISTOÉ - O capitalismo está entrando em colapso com a crise?
Chomsky - O único lugar onde o capitalismo existe é nos países do Terceiro Mundo, onde ele é imposto à força. (Noam Chomsky em entrevista a revista IstoÉ publicada em 27/02/2009).

Com uma resposta assim, o que me resta escrever sobre o assunto?

Eu sou integrante do Partido Comunista do Brasil - PCdoB e já escrevi algumas vezes aqui sobre a minha decisão e preferência pelo socialismo:
Uma opção particular pelo Socialismo
O exemplo que o sistema esconde
A desumanização do macaco
Leigos e cínicos

Entre esses posts, em O exemplo que o sistema esconde um de meus grandes amigos, o Prof. Dr. Tassos Lycurgo (UFRN), fez um comentário semelhante à resposta de Chomsky, só que ao contrário. Lycurgo reconheceu que o capitalismo praticado no Brasil não possuium sistema de liberdades com a colocação do ser humano no epicentro axiológico de todas as decisões estatais e da sociedade (políticas, jurídicas, etc.)”, mas em seguida, listou como exemplos de sucesso do capitalismo os países escandinavos.

Nós sabemos muito bem que todo conforto dos países ricos está atrelado à nossa exploração. Isso é tão óbvio que todos nós também sabemos que não há como o planeta suportar por muito tempo a existência de impérios como o americano com seus padrões atuais de consumismo e degradação do meio ambiente sem precedentes na história humana e planetária. Mais ainda, não existe nem a possibilidade de outro país chegar a esse patamar de demanda energética.

Muita gente deve pensar que nós brasileiros somos os únicos responsáveis pelas queimadas na Amazônia, devastação da Mata Atlântica, emissão de gases nocivos para a atmosfera. Sim, pessoas estão por trás disso, mas são todas produtos de um sistema sócio-econômico que envolve a maioria dos países ocidentais. Afinal, capitalismo não possui pátria alguma e é fundamentado na característica mais inumada e antinatural possível: individualismo!

Nós somos animais sociais altruístas-recípocros, quase todos os grandes macacos são assim. Mesmo os orangotangos possuem parte de sua existência com relacionamentos familiares e afetivos, afinal uma mãe e seu filhote, ou uma fêmea nos braços de um macho são pequenos grupos de animais que necessitam um do outro para existir por um determinado tempo. Indo um pouco mais distante, entre os mamíferos, sabemos que a diferença entre animais sociais e os ditos “não-sociais” é uma questão de grau, tempo, intensidade do convívio e comportamento (ver Souto, 2000: 123-124. Etologa: princípios e reflexões. Editora Universitária - UFPE). Dessa forma, viver em grupo, trabalhar, cuidar da coletividade é algo que pré-data a nossa origem como seres humanos.

Individualismo nesse contexto de sobrevivência possui freios e é regulado por indivíduos altruístas-recípocros há milhões de anos. Imaginem a seguinte história fictícia e antropomórfica: nas matas do Congo nasceu algo novo, “um chimpanzé empreendedor” chamado Boris. Ele é individualista, competitivo, agressivo e um acumulador exagerado de recursos. No grupo de sua origem todos cooperavam entre si, mas Boris em alguns anos de vida impõe sua regra de “se dar bem para si e só para si”. Boris se transformou no mais poderoso macaco detentor de quase todas as árvores frutíferas e caça da floresta. Para comer, todos após a ascensão de Boris, tem de pagar a ele de alguma forma. Quando não possuem nada, Boris deixa todos os frutos e carne apodrecerem, não permitindo acesso à alimentação, mesmo que ele já possua muito mais do que necessário em sua vida de bonança.

Notaram que não dá para continuar com essa história? Na realidade se um chimpanzé caçar em grupo, mas não dividir a carne com justiça, esse indivíduo, não importando sua posição no grupo, será penalizado pelos outros nas próximas caçadas. Imaginem o cenário anterior? Ao primeiro sinal de comportamento nocivo ao grupo, Boris seria expurgado, senão surrado até a morte. A sobrevivência de todos não pode ser posta em risco pelo gozo desmedido de um indivíduo.

Essa política dos chimpanzés é conhecida desde o clássico livro de Frans de Waal "Chimpanzee politics: power and sex among apes" (1982) e essa política de grupo é a chave para compreensão da origem das sociedades humanas. Chimpanzés são nossos irmãos em termos evolutivos, mas pensem bem, se eles são assim, imaginem nós humanos?!

As culturas humanas de caçadores-coletores são formadas por indivíduos imersos em uma coletividade, uns ajudando aos outros pela sobrevivência individual e a de todos ao mesmo tempo. Não existe a figura do “empreendedor” que se faz sozinho.

Drauzio Varella em seu livro "Por um fio (2004: 158)" descreve assim o sentimento de que certa vez ele sentiu quando estava em estágio na Suécia: “(...) Quanta diferença haveria em nascer num lugar sem gente pobre como Estocolmo e num bairro de operário de São Paulo? (...) Senti uma inveja como as da infância, difícil de entender. (...) Viver naquele país culto, organizado, sem miséria por perto, atraindo olhares admirados das mulheres.” Em meu caso particular, onde nasci e aqui onde trabalho nem São Paulo é! Bastou para mim uma viagem para Curitiba em 1998 e eu senti o mesmo que Drauzio Varella na Suécia. Olhem que Paraíba, Ceará e Paraná são estados de um mesmo Brasil!

A Suécia, Finlândia e Noruega não são bons exemplos do Capitalismo, porque não formam o núcleo dominante, tão pouco a periferia desse sistema. Se olharmos para o centro teremos os Estados Unidos e Inglaterra, sendo o primeiro quase um império monolítico com padrões de consumo e necessidades energéticas muito acima do poder de suporte deste planeta. Várias mentiras foram reveladas com o passar do tempo. A mais escandalosa é que nós no Brasil e outros países estamos em uma fase “em desenvolvimento”, que estamos “no caminho” para nos tornarmos uma potência desenvolvida.

O maior crítico é o economista brasileiro Celso Furtado (leia os clássicos "Formação econômica do Brasil" de 1959 e "Raízes do subdesenvolvimento" de 2001), o qual demonstrou que essa doutrina econômica do desenvolvimento é uma mentira dos países dominantes para seus explorados. Os Estados Unidos não passaram por nenhuma fase de “subdesenvolvimento, ou em desenvolvimento” para se tornarem o que são. Eles não possuem nada parecido com a história do Brasil. Fomos e somos um povo colonizado.

Realmente, Chomsky e Celso Furtado estão certos, só existe capitalismo de verdade em países pobres e explorados!
No cerne do capitalismo americano está o “American way of life”, onde indivíduos se constroem e vencem por si mesmos. Não conseguir se tornar poderoso e rico lê-se nas entrelinhas: “loser” (perdedor). O indivíduo passa a ser o único responsável pela sua sobrevivência, sucesso e fracasso, algo completamente diferente da natureza primata humana.

Em termos de sobrevivência, necessitamos de modelos sócio-econômicos baseados em nosso comportamento natural de viver em grupo. O capitalismo é um ótimo sistema para uma minoria dominante, que segundo Coniff (2004), é composta e caracterizada por indivíduos “triplo A”: Ávidos, Agressivos e Acumuladores. Segundo o mesmo autor, esses são “os animais mais perigosos e arredios da Terra”, descendentes diretos dos primeiros plutocratas agrícolas.

Não há liberdade nesse sistema capitalista, apenas retórica e discursos falsos. Se continuarmos nessa ilusão social de que podemos fazer tudo sozinhos, privando milhões de pessoas à miséria, destruindo tudo para mantermos hábitos de consumo supérfluos, vamos nós mesmos criar várias crises econômicas que podem até nos levar para uma vida em meio a barbárie.

Após ter essa certeza, optei pelo socialismo/ comunismo por afinidade às nossas raízes naturais e porque é a única proposta pensada, analisada, com estrutura filosófica e científica (não deixe de ler o clássico "A ideologia alemã" de Marx e Engels, 1933) que se contrapõe ao modelo capitalista vigente. Em minha opinião, o final do capitalismo é uma questão de sobrevivência humana.

Não estou defendendo erros, ou acertos de um pais ou outro, mas apenas escrevo que há algo mais positivo no socialismo em si e na luta por ele, do que simplesmente desistir e entregar-se ao mundo canibal do capitalismo selvagem. Se há erros nas experiências realizadas, é nossa obrigação corrigi-los. Novamente, nós necessitamos de um modelo sócio-econômico onde todos tenham acesso à educação, saúde e lazer gratuito e de qualidade. Um sistema que priorize o coletivo, as pessoas e, claro, o ambiente.

Sobreviveremos às crises do capitalismo? Sim, mas repito: será em meio à barbárie e caos ambiental.

Por que os chimpanzés sabem que “indivíduos empreendedores, egoístas e acumuladores” são os vilões de verdade, mas nós não? Se vivermos em um mundo de ponta a cabeça, nós que deveríamos ser os heróis, vamos sofrer com esses vilões e ainda acharemos que a culpa é nossa!

No capitalismo sempre sofreremos juntos e nunca sorriremos sozinhos!

Não custa tentar o contrário: vamos sorrir juntos e chorar apenas se sozinhos estivermos!!!

Voltemos às nossas raízes humanas e vamos seguir nossos instintos de animais sociais cooperativos. Chega de lutar contra nossa natureza!

A sobrevivência humana segue seu rumo!!!


Links
http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2051/artigo127063-2.htm
http://titaferreira.multiply.com/market/item/494/Ecologia_e_Socialismo
http://www.marx.org/portugues/marx/1845/ideologia-alema-oe/index.htm
http://www.centrocelsofurtado.org.br/

DESCONSTRUÇÃO

Um ser humano em desconstrução?
Só você Razek para me questionar sobre o que eu não sei responder.

Na verdade, a resposta pode ser longa, no entanto, parece-me questionador imaginar em que o homem construído tem se tornado, um destruidor antropocêntrico do ecossistema, cheio de razão e de valores "polissuicidas". Parece-me constrangedor construir um ser tão destrutivo, quando descontruí-lo parece ser necessário e óbvio, mesmo que isso signifique uma autodesconstrução.

2 de agosto de 2009

Revisitando Victor Hugo

Dedicado sem apreço para

...

Joatan Freitas
Luênia Aderaldo
Aldo Filho
Jean Maccolle
Izaura e Érica
Rivelino e Mozart
Wadson Santos
Angeline Carolino
Lilian de Maria
Alexandre Uchoa
Airton de Maria
Rafael Carvalho
Adelita Monteiro
João Moreira
Carlos Alberto Ribeiro
Willame Frederico

Lute primeiro, por dignidade,
e, faça da liberdade sua principal causa.
E se for enganado seja forte em resistir
e resistindo não se desespere.
Lute, pois, com mais bravura,
E mesmo triste nunca se entregue.
Lute também por igualdade e justiça social
e, mesmo tolerante,
continue firme e fiel com seus princípios,
no intuito de fazer transbordar,
a confiança ao invés da dúvida...
Porque acreditar nunca é demais,
Sobretudo, quando se tem
tanto para transformar.

Desejo que você seja terno,
e que esta ternura, faça-lhe sincero
E na medida exata, resistente,
E algumas vezes, se for necessário,
Irredutível.

Desejo, que você seja intransigente,
quando estiver certo, mas não arrogante.
E que nos momentos de sofreguidão,
quando lhe faltar inclusive a razão,
deite-se no colo da melancolia e sinta
A meiga doçura de se ter uma companhia.

Desejo é claro, que você seja divergente,
com quem o escuta, e perseverante,
Com aquele que o interroga,
E sem empáfia,
Faça-o sonhar um pouco, a cada dia,
com um mundo novo,
Até que ele próprio se sinta convencido
e se reivindique amigo do ato de revolucionar
sem hesitar.

Desejo que nessa busca,
incessante por um mundo novo,
Você saiba ser esperto, inteligente,
Oportunista, talvez...
Mas, nunca mau caráter.
E que no fim de mais um dia dessa
luta renhida,
Tenha clareza de que fez tudo,
mas ainda falta o principal,
que é a edificação de
gentes e não de coisas.

Desejo por sinal que você tenha impavidez
e segurança, mas que pelo menos pra
seus aliados confesse que
possui sentimento, para que assim eles
aprendam que ser imbatível
é se dar o direito de temer,
mas não de fraquejar.

Desejo que você destrua o capitalismo,
com rapidez e habilidade,
E se isso acontecer,
eu serei o primeiro a dizer
com um forte sorriso
que o por do sol está lindo.
E todas as manhãs,
chamarei o meu vizinho do lado,
para curtir o desabrochar da roseira,
sem me preocupar
com tiranias e crueldades.

Desejo ainda que você tenha paciência
e busque nela um modo triunfante de encarar
as derrotas e que isso não sirva, apenas,
para que você se descubra um iluminado que
se sente infeliz porque os outros não veem
o que só você consegue vê.

Desejo que você escute um indigente,
dos mais tristonhos e miseráveis,
para que juntos possam se construir
Político e intelectualmente,
Você com ele e ele com você,
e assim você descubra de quantas
muitas mentiras é feita a vida.

Desejo, e muito, que você tenha coragem,
porque a caminhada é longa.
E que pelo menos num desses instantes de combate
você pense em alguém, e assim relembre
O que de pertinente esse alguém o ensinou
E se tiver sido o contrário, que você ignore,
Afim de que não se veja demasiadamente
infalível.

Desejo, desejo mesmo,
que nenhum de seus aliados,se acovarde,
não por você, pelo ideal,
mas que se ocorrer, você possa continuar
sem se entregar, e lutar sem se lastimar.

Desejo, por fim, que você
sendo contumaz,
tenha sempre uma causa,
e que, sendo libertário,
não se esqueça de agir,
e que lute hoje, amanhã
e até no último dia
que anteceder a vitória,
e quando estiver exaurido,
ainda haja força para acreditar.
E se tudo isso acontecer,
só uma coisa eu tenho a lhe desejar:
Que você faça um poema,
para que você experimente
a ânsia amarga e tépida do que é
Ser Poeta.

Razek Seravhat, Ternura Sempre!