30 de julho de 2009

A DOÇURA DO AMARGO

A DOÇURA DO AMARGO

Deseje-me
como eu te desejo ardentemente.
Queira-me
como eu te quero intensamente.
Seduza-me
com a sedução do amor pleno
e sonda-me
com a forma livre do pensamento.

Ama-me
com todo o desejo do teu corpo
sem esquivar, sem fingir e sem mentir.
Desapegue do preconceito que te prende
e viva o sentimento que te faz feliz.

Aprendamos com simplicidade e ousadia

a desejar querendo a harmonia,
a seduzir a dor para a alegria
e a amar a vida do jeito que delicia.

E quando perceber que amar
é também um sentimento amargo
saberá discernir a doçura
do amargo de amar com ternura.

(Jonas Serafim/julho de 2009 - Poemística)

29 de julho de 2009

MÍSTICA QUÂNTICA

MÍSTICA QUÂNTICA


Somos átomos de Deus.

Nada vem do nada
Tudo vem do algo.
O algo que me aparece não é só porque existe
simplesmente, mas é porque tem uma essência
e um sentido significante e revelador
à vida real como um todo.

Vejamos! O silêncio.
O que é o silêncio?
O silêncio não existe. O que percebemos é sempre um segredo.
Só sentimos o verdadeiro silêncio por uma atitude
de perfeita contemplação.
Nisso está o mistério.
Apesar de tudo, a natureza oferece a quietude.

Diante da quietude das religiões
há uma inquietude da verdade
Deus não é uma ortodoxia, não está velado
em nenhuma doutrina.
Fora da doutrina está o Sagrado.

Na metáfora humana se compreende
a matafísica divina e o ponto de ruptura do sujeito
que abre caminho no tempo
e na espiritualidade.

No amálgama da energia com a matéria
se compreende o nó de relaçoes entre as coisas.
Entre fé e razão tudo está relacionado com tudo.
Tudo coexiste.
Entre o simples e o complexo, o fenômeno do Espírito Sagrado.

No princípio de tudo, entre os átomos e o vazio,
o infinito aponta como possibilidade consciente.
Somos mistérios no tempo e no espaço.
Existem realidades do não-real
no pensamento que vive recriando o mundo.

O mundo fora de nós converge
com o imensurável universo interior de cada um.

Ninguém toca nada
apenas nos aproximamos
e é assim que afetamos a realidade de todos.

Somos átomos microscópicos de Deus.
E Deus é amplo como um grão de mostarda.
Somos o mundo.
Não somos separados. Estamos interligados e integrados.
Construimos e destruimos o nosso mundo.

Pensamentos neuróticos deformam as emoções
com substâncias negativas contrária à espiritualiade.
Somos emoções. Somos amor.

A aparência física nos prendem à definições
que nos cegam com superficialidades.
Somos além do que pensamos
e estamos interligados no Universo
como matéria, consciêcia e espírito.
Reflita!

Nossa natureza consciente é um processo real
e um mistério em evolução.

Reconhecemos a realidade definitiva
pela consciência e não só pela visão.
O que fazemos além disso é a realização de ser.

Desconstruimos a realidade do nosso pensamento
em um mundo subatômico ou quântico.

Há uma existência potencial em toda realidade material,
com possibilidades infinitas que podemos alcançar.

Não tocamos em nada, e tudo está se tocando.
Tudo é sentido atomicamente.
Observamos e percebemos pelos sentidos.
Assim somos e nos projetamos, com causa e efeito,
como uma onda em evolução conectando com tudo.

O desejo e a intenção no pensamento
pode elevar ou baixar o nível da realidade em que se vive.
É só acreditar que pode. Concentre-se!
Substância e tempo é o que somos. Somos um.

O mundo interior é maior do que todo o Universo exterior.
Estamos dentro de Deus. Somos divinos.

***************** (Jonas Serafim/Janeiro de 2008 - Poemística) *************************

"Eu finjo ter paciência"

O amargoso da vida

Para Jonas Serafim e Clara

É querer e não poder.
É correr e só ceder
É ter tanto tempo
Pra tão pouco dizer.

Pois quando não se tem
O que dizer qualquer tempo
É tempo demais pra perder.


E saber que não se tem
Tanto tempo assim
E ainda assim emudecer.


E apesar do não perceber
Ainda ter tempo pra
Poesia fazer.


E mais...
É beber uma dor
Que não é só sua e saber
Que essa dor não é
Só de quem vive a sofrer.

O amargoso da vida
é morrer quando se quer nascer
e temer quando se quer viver.

(Razek Seravhat)

28 de julho de 2009

A REALIDADE E O ABSOLUTO

A REALIDADE E O ABSOLUTO


A realidade e o absoluto
não é a realidade do absoluto.
O que conhecemos entre ciência e metafísica
fundamenta apenas um ponto de vista.

Muito de nosso racionalismo
semeia uma crença abstrata
congregada de devotos dogmáticos
que absorvem uma realidade absolutista.

A realidade é viva e sensitiva
e está em conexão com a verdade.
O mundo é a oferta dada como seguro de vida
e o lugar da experiência , do mistério e da esperança
em que se busca a verdade.

Entre o Universo que conhecemos
e um outro desconhecido,
é mais provável que a escolha seja pelo que conhecemos,
porém, a tentação pelo desconhecido impulsiona
o ser a buscá-lo.

É mais fácil livrar-nos dos impactos de um asteróide
do que dos males que os humanos causam na Terra.

A realidade é o que sabemos de fato
e o que cremos livremente.
Por traz de cada palavra, um ser concreto, um espírito.
Em cada um, o seu próprio fim,
a sua substância, o seu espectro, a sua salvação.
Mas, salvação de quê?
Salvar-se de quem?
Salvar para quê?
Antes do Universo, era o nada?
Após o Universo, será o tudo?

Em nosso mundo pluralista, que fala por si mesmo,
nas manhãs de café com pão, resta um poema científico.

A realidade não é uma cópia.
Diante do todo completo, está a nossa intimidade carente
e o desejo de nossa dimensão para o Infinito pleno.

(Jonas Serafim/agosto de 2007 - Poemística).

27 de julho de 2009

CINZAS SOBRE CINZAS

CINZAS SOBRE CINZAS


Imagine
não haver mais nenhuma pessoa no mundo. De repente tudo foi destruído e só restaram cinzas sobre cinzas. As únicas vidas humanas que conseguiram resistir a catástrofe foram as crianças abaixo de dois anos. Tudo estava acabado. Não havia nada para lembrar de nada. Nem uma simples folha de papel, um lápis, um rádio, uma televisão ou computador... Nenhum resquício de qualquer transporte. Não ficou nenhum resto visível de qualquer estrutura construída sobre a Terra. Nenhum fóssil. Tudo foi destruído e dissolvido completamente. Apenas as crianças menores de dois anos conseguiram sobreviver misteriosamente entre os animais e a vegetação. Tudo teria que começar do quase nada entre a terra e o céu, a água e o ar. As crianças aprenderiam por conta própria junto com a natureza. Suas palavras, pensamentos e ações dariam novo rumo a história da humanidade. Como pensar uma nova vida sem que aconteça uma total destruição? Não será possível vivermos mais alguns anos se não cuidarmos melhor da vida como um todo em nosso Planeta. Por enquanto as crianças apontam para o desafio, mesmo sem entender direito as palavras.
(Jonas Serafim/junho/2007 - Poemística)

26 de julho de 2009

DEUS NÃO É


Deus não é.
Diante de toda linguagem
que existe para falar sobre Deus,
o silêncio é o melhor caminho.
E o despojamento é a atitude plenificante.
O Ser Sagrado não é tudo,
está acima de tudo,
encontra-se no esvaziamento de si mesmo,
compreende-se pela largura e comprimento,
altura e profundidade do interior humano.
É como a luz do sol que nos cega.
O ser finito que é no humano
busca o Ser Infinito
que o humano não é.
A esperança e o desapego são como um fio para o Infinito
que nos causam temor e tremor.
De tudo que se possa dizer sobre o que Deus é
Deus não é.

JONAS SERAFIM/Junho de 2007 (Poemística).

22 de julho de 2009

Racismo...

Assistam o video abaixo e vejam em que grau o racismo se reproduz em nossa sociedade e na mente humana. É algo muito triste e preocupante...

20 de julho de 2009

O CISNE NEGRO

Quando faço um poema fico tão contente que quero dividir o que sinto com outras pessoas. Por isso estou dividindo esta metade de mim. Neste poema vocês encontrarão letras maiúsculas no meio dos versos que é uma das características da escola simbolista. Faço isto para homenagear João da Cruz e Souza, Poeta Chamado por Alphonsus de Guimaraens de Cisne Negro e que foi proibido de ocupar um cargo de promotor público por causa da sua cor. Decerto, os adeptos da intolerância e do preconceito racial evitaram que O Cisne Negro fosse Promotor, mas não o impediram de ser reconhecido como maior representante do simbolismo brasileiro.

Amnésia

Tem uma Coisa que eu queria dizer
que nunca digo...
E minha Memória é tão viva.
Às vezes... Quase lembro.
Não consigo.
Por mais esforço que faço
Tem sempre alguma Força
Que me impede... me faz esquecer.
Sei que não faz sentido:
Como posso Lembrar o que não esqueci.
E uma vez Esquecido pra que lembrar?
Parece apenas um jogo,
Um trocadilho,
Um Cogumelo...
Se assim fosse me sentiria aliviada,
Suspensa desse Incômodo pensar.
Não posso, não consigo parar.
Estou numa vã hipnose
E as imagens se Amontoam
Como uma ardência...
E nada de lembrar.
Se pelo menos eu fosse ouvir Bach.
E esta Brisa sem mar.
Este Gosto sem par...
Deixe-me!
O que fiz? Pra merecer irrefutável companhia.
Chega de ser Cúmplice de algo que inebria.
Porque no fundo sei que você está aí
Esquivando-se... Sorrateira?
Onde? Venha! Me pegue com um beijar ou
Me jogue, me Largue nesse deixar.
O pior não é esquecer. Não é lembrar.
É ser perseguida por uma sensação
que não Acolhe nem abandona.
E este irredutível Esquecer...
Covarde! Por que não aparece de uma vez
ou some pra sempre?
Será o Poema que nunca desiste de mim?
E este inevitável Lembrar...
Tem uma coisa que eu queria dizer...
Se fosse Loucura eu saberia!
Uma coisa que eu queria dizer...
Se fosse Sonho desconfiaria!
Eu queria dizer...
Se fosse Dor eu sentiria!
Queria dizer...
Se fosse Amor não acreditaria!
Queria...

(RADEKA LOURENÇO)

18 de julho de 2009

I Simpósio de Pós-Graduação em Educação da UERN

O I Simpósio de Pós-Graduação em Educação da UERN: Desafios e Possibilidades - tem como propósito mobilizar professores e alunos pós-graduandos da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e de outras Instituições de Ensino Superior do país em torno da problemática da Pós-Graduação em Educação. Acredita-se que a realização deste evento venha congregar discussões e contribuições que possibilitem responder a uma das “vocações” da UERN que é avançar na verticalização do ensino e na pesquisa.

Compreende-se que a UERN precisa, com máxima urgência, dar respostas efetivas à verticalização do ensino. A criação da Pós-Graduação stricto sensu em Educação no âmbito da UERN é esperada por todos que fazem esta Instituição de Ensino Superior, bem como por todos que desejam dar continuidade à formação neste nível de ensino. A demanda pela Pós-Graduação stricto sensu em Educação da UERN cresce quando se percebe que o Rio Grande do Norte conta apenas com o Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande Norte (UFRN).

A Faculdade de Educação da UERN tem uma Pós-Graduação lato sensu que, durante a última década, capacitou mais de duzentos profissionais da Educação Básica de Mossoró e região e precisa dar o salto no sentido da criação e implementação de sua Pós-Graduação stricto sensu.

A realização deste evento, além de possibilitar a ampla divulgação da produção da Pós-Graduação em Educação da UERN, procura sinalizar encaminhamentos que venham pôr em relevo as possibilidades reais de criação do Mestrado em Educação. Esse é o momento reservado e apropriado em que professores e pesquisadores da Faculdade de Educação através de seus Grupos de Pesquisas, com sede nos vários Campi da UERN, terão a oportunidade de discutir suas experiências na Pós-Graduação, de socializar suas pesquisas (concluídas e/ou em andamento) com a comunidade interna e externa.
Por fim, o evento conta ainda com professores de outras universidades brasileiras e uma estrangeira, com larga experiência em pesquisa e pós-graduação, inclusive com experiência em coordenação de Programas de Pós-Graduação em Educação. A iniciativa deste Simpósio entra em sintonia com os atuais anseios e necessidades dos professores da UERN, da Faculdade de Educação e da comunidade externa.

12 de julho de 2009

MADRIGAL MELANCÓLICO

O que eu adoro em ti,
Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.

A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
- Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como o teu próprio pensamento,
Graça que perturba e que satisfaz.

O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi.
Não é a irmã que já perdi.
E meu pai.

O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti - lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.

Manuel Bandeira

BACANAL

Quero beber! cantar asneiras
No esto brutal das bebedeiras
Que tudo emborca e faz em caco...
Evoé Baco!

Lá se me parte a alma levada
No torvelim da mascarada.
A gargalhar em doudo assomo...
Evoé Momo!

Lacem-na toda, multicores
As serpentinas dos amores,
Cobras de lívidos venenos...
Evoé Vênus!

Se perguntarem: Que mais queres,
Além de versos e mulheres?...
- Vinhos!... o vinho que é meu fracco!...
Evoé Baco!

O alfanje rútilo da lua,
Por degolar a nuca nua
Que me alucina e que eu não domo!...
Evoé Momo!

A Lira etérea, a grande Lira!...
Por que eu extático desfira
Em seu louvor versos obscenos.
Evoé Vênus!

Manuel Bandeira

LIBERDADE, AINDA QUE POESIA.

Coágulos de pensamentos
Explodem na noite sanguínea
Derrame de desejos
Inferno no peito
E uma dantesca solidão...

Da janela, aguardo um cometa
Qualquer coisa
Que não me submeta
Que me salve de mim...

Hoje não quero me enfrentar
Quero somente transbordar...esvair...
Consentir todos os delitos
Ser o poeta maldito
Cuspindo as dores
Nos bueiros da carne!

Hoje quero me prostituir
Sem cobrar nada
Hoje me dou de graça
Sem medo do gatilho
Da manhã seguinte...

Hoje eu atiro na vida
E renasço livre
Do tédio dos dias
Dos remédios e horários
Dos medos diários...

Quero uma overdose de delírio
Tocar o nirvana dos meus sentidos
Num trance ... drum’bass
Ou qualquer ritmo...

Só por hoje, aborto a culpa
Corro o risco da inquisição
Atiro-me na fogueira
E mordo as estrelas
Lambo cada ponta
Meto a língua no meio
E a palavra cadente
Desafia o caos!

Goza o céu...
Gozo eu...
E o universo inteiro!

Partículas de versos
Orvalham a madrugada
Puro néctar...
O último gole de vodka
A última gota de poesia...
Enquanto o dia nascia...

Raiblue

A VOZ DO SILÊNCIO

Pior do que a voz que cala,
é um silêncio que fala.

Simples, rápido! E quanta força!

Imediatamente me veio à cabeça situações
em que o silêncio me disse verdades terríveis,
pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.

Silêncios que falam sobre desinteresse,
esquecimento, recusas.

Quantas coisas são ditas na quietude,
depois de uma discussão.
O perdão não vem, nem um beijo,
nem uma gargalhada
para acabar com o clima de tensão.

Só ele permanece imutável,
o silêncio, a ante-sala do fim.

É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
que a gente não quer ouvir,
pois ao menos as palavras que são ditas
indicam uma tentativa de entendimento.

Cordas vocais em funcionamento
articulam argumentos,
expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos
que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.

Quantas vezes, numa discussão histérica,
ouvimos um dos dois gritar:
"Diz alguma coisa, mas não fica
aí parado me olhando!"

É o silêncio de um, mandando más notícias
para o desespero do outro.

É claro que há muitas situações
em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha
com uma britadeira na rua,
o silêncio é um bálsamo.
Para a professora de uma creche,
o silêncio é um presente.
Para os seguranças de um show de rock,
o silêncio é um sonho.

Mesmo no amor,
quando a relação é sólida e madura,
o silêncio a dois não incomoda,
pois é o silêncio da paz.

O único silêncio que perturba,
é aquele que fala.

E fala alto.

É quando ninguém bate à nossa porta,
não há emails na caixa de entrada
não há recados na secretária eletrônica
e mesmo assim, você entende a mensagem.

Marta Medeiros

11 de julho de 2009

POR QUE SOMOS SOCIALISTAS?

Onde você ler nós
Caso não concorde,
Entenda eu.

Somos socialistas porque acreditamos que a política não é corrida de cavalos (os cavalos não dominam as consequências dos seus atos), ao contrário, fazer política é uma questão ideológica e que vai muito além de interesses pessoais fomentados numa vaidade fugaz e num carreirismo, seja coletivo ou individual.

Somos socialistas porque compreendemos que a diversidade deve ser pauta num projeto que propõe coragem pra vida e requer o surgir de outra política.

E não importa se essa diversidade é sexual, cultural, ambiental ou política, desde que o principal não seja o lucro e por conta dele, justifique-se todo e qualquer tipo de exploração em nome de uma economia sustentável que separa a crítica do desenvolvimento da crítica do capitalismo, recaindo num discurso mistificador, que também ameaça a essência do planeta.

Somos socialistas – vivendo no capitalismo – portanto, alguns podem nos julgar idealistas, porque talvez, algum camarada (Eu, por exemplo) não tenha de cor a definição elementar de estado.

Mas, este suposto “idealismo mesmo no campo das idéias”, torna-se anticapitalista quando (o nosso colega) atua nos movimentos paredistas ou faz de seus versos toscos um instrumento em prol da construção de um tripé que elegeu como mote para a sua poesia: a ternura, a amizade e o socialismo.

Também somos socialistas, porque não concordamos com a selvajaria do exército chinês que espancou a minoria mulçumana uiguir em nome de ricas reservas de gás natural e minerais.

E o resultado, só podia ser a morte de cento e cinqüenta e seis seres humanos. Fato que a imprensa burguesa noticiou como confronto, quando na verdade foi só mais um, dos muitos aniquilamentos que ainda virão.

E que serão promovidos pelas forças que sempre que o capitalismo precisa correm em seu auxílio, a saber: a igreja, a imprensa e o exército.

A primeira força, numa atitude de se arvorar em falar em nome de Deus, propaga uma paz inteiramente espiritual, haja vista, o que se tornaram as esdrúxulas figuras dos bispos que em alguns casos ainda tem o apoio do telejornalismo para excomungar em rede nacional o médico que fez o aborto numa criança de nove anos.

Ou se preferirem, o líder de uma bancada evangélica que barra qualquer iniciativa que almeje reconhecer os direitos dos que não são heterossexuais, direitos, que inclusive estão assegurados na constituição (exemplo, a Exclusão de casais homossexuais da nova Lei Nacional de Adoção)

A segunda força, considerando fatos isolados e questões pontuais, assegura que numa sociedade tão distinta, é natural que existam várias classes, logo, espalha com um ar de bom conselheiro que o capitalismo dá oportunidade pra todos e que tudo só depende do empenho de cada um.

Assim, basta que sejamos esforçados para conseguirmos ascender de uma classe pra outra, e nesta toada com o discurso que beira ao cinismo dos oradores fascistas, exalta a trilogia dos três is: indiferença, insensibilidade e individualismo.

Somos socialistas porque não temos nenhuma esperança em administrações que mesmo usando as regras da burguesia, só empenha 46% da sua receita com a folha dos servidores, quando a própria lei dos que fizeram o jogo, admite ser 56%.

E mais, informa com uma desfaçatez quase imaculada que não pode comprometer os 10% restantes por conta da crise do capitalismo. No entanto, admite ter verba para fazer de Fortaleza sede da copa de dois mil quatorze...

E para acolher as obras faraônicas (como a do aquário, por exemplo) que vão animar o turismo comercial no centro da cidade, e assim colaborar com o aumento da prostituição infantil servindo também como suporte para o novo meio de produção do capitalismo: o tráfico humano.

E tudo isso vai ajudar Fortaleza a continuar no mapa da rota internacional desses dois tipos de geração de lucros que é o que realmente interessa para o poder econômico.

Somos socialistas por sinal, pois, não aceitamos o estado brasileiro gastar R$ 700 milhões pra invadir o território do Haiti e com consentimento da ONU, manter tropas do seu exército que funcionam como mais um elemento repressor, e sob a égide argumentativa da ordem, oprimir o povo haitiano.

Somos socialistas também porque não confiamos na polícia da boa vizinhança do ronda que possui em seu quadro, milicianos a serviço de grandes empresários e que numa ação de total sandice, dentro do lindo cenário do pôr do sol cearense, que diga-se de passagem, nem de longe pode lembrar tamanha atrocidade. Resolvem invadir a comunidade “Raízes da Praia”, que sem reagir é totalmente massacrada, tendo ficado inclusive com um adolescente em estado de inconsciência.

Somos socialistas, sobretudo porque nos reanimam os versos de José Martí, a poesia revolucionária de Maikovski e a resistência, mesmo que ingênua, do beato José Lourenço, pois resistir é essencial de qualquer forma e em qualquer circunstância.

Pra finalizar, somos socialistas porque na história da humanidade nunca houve transformação social de fato, sem que houvesse derramamento de sangue. E mais, sabemos que o derramar de sangue já começou e nós precisamos reagir.

Pois, o poder do capital é uma progressão geométrica que mata desde do Oriente Médio à África, passando na Europa, indo por Honduras, Haiti até chegar na nossa vizinha Argentina e desviar aqui pra Fortaleza, aterrissando na favela do gato morto, que não faz pose em nenhum cartão postal, mas têm vidas humanas ceifadas por causa da leptospirose.


E se não reagirmos, o quanto antes, essa matança continuará, pois, o que vai determinar se o poder do lucro é uma progressão crescente ou decrescente, é a nossa luta pela construção do poder popular aliada a uma ação junto com os movimentos sociais.


Sinto. Sinto muito. E sinto mesmo! Mas, hoje não tem poesia.



Razek Seravhat, Ternura Sempre

6 de julho de 2009

RONDA: POLÍCIA PARA QUEM PRECISA?

REPÚDIO A MILICIANOS DO RONDA DO QUATEIRÃO A SERVIÇO DO GRUPO OTOCH


03 de julho, sexta-feira, três e meia da madrugada: moradores da Praia do Futuro, organizados através do Movimento dos Conselhos Populares – MCP, ocupam o terreno baldio na Av. Clóvis Arrais Maia. O terreno pertence ao grupo OTOCH e encontrava-se abandonado a mais de vinte anos, sem cumprir qualquer tipo de função social. A ocupação ganhou o nome de RAÍZES DA PRAIA. O nome não é por acaso, há anos os moradores dessa região vem sendo gradativamente deslocados para os lugares mais distantes da cidade, tendo em vista o interesse de investimentos imobiliários nessa região. Por volta das 17h aparece uma viatura do Ronda do Quarteirão que avisa que, caso os moradores insistissem em permanecer no local, que agüentassem as conseqüências. Imediatamente após a saída da polícia, policiais do Ronda vestidos à paisana e ARMADOS, invadem o local e começam a ameaçar as pessoas com armas, enquanto destroem os barracos construídos. Os ocupantes não oferecem resistência e são violentamente agredidos. Um adolescente é espancado e fica inconsciente. A ação fora frustrada com a intervenção do GATE que, ao passar pelas imediações, impediram que a agressão continuasse. Os policiais deram entrada no 2° DP , onde foi aberto o inquérito. Na delegacia foi comprovado que 3 dos milicianos do Grupo OTOCH eram soldados do RONDA DO QUARTEIRÃO ainda em estagio probatório.



Não é novidade o uso de milícias armadas pelos grandes proprietários imobiliários na defesa dos seus interesses econômicos em detrimento do direito a moradia.



A ocupação RAÍZES DA PRAIA vai resistir contrariando a violência do grupo OTOCH e a conivência do poder público que se mantém alheio a essa realidade, seja através da impunidade para com casos de violência como estes, seja através do seu descaso político para com o problema da habitação.



A ocupação RAÍZES DA PRAIA vai resistir porque acreditamos que a sociedade não ficará indiferente à nossa denúncia e à nossa reivindicação de continuar morando no lugar onde nascemos e onde vivemos.



POVO QUE OUSA LUTAR

CONSTRÓI O PODER POPULAR!!!!!!!!!!!



COMUNIDADE RAÍZES DA PRAIA

MOVIMENTO DOS CONSELHOS POPULARES - MCP

5 de julho de 2009

HOMENAGEM

Pela construção da dignidade, pela concretização do poder popular, viva! Viva! a ternura, a amizade e o socialismo.


Eu

O mundo me faz tremer,

Mas também me faz agir.

Minha tuberculose é um mal menor

...os poetas assim já não morrem...

(se é que eles morrem)

Perplexa minha irmã assisti a tudo.

Tento, mas não consigo chegar a mim,

Tenho caminho, mas não tenho vida.

Neste silêncio perfumado

Não me sobrou

Um instante sequer de compaixão

Resta tomar ainda à antepenúltima

Gota de mais um desgosto.

Não me refiro a morte nem aos remédios.

Sou eu, este escárnio de ladrão,

Aquele mesmo ladrão de que trata Pe Vieira.

Sou eu, o Eu lírico de um arquiteto do rococó.

Sou Fanfarrão Minésio e suas agruras.

Eu, o mar onde Moema foi sorver seu amor.

O sentimento de Vênus por Psique.

O coração de Orfeu em Hades.

Eu sou Caitutu, levando nos braços Lindóia,

Sou Termindo Sepílio compondo pra Pombal,

Eu sou Menelau vendo o rapto de Helena.

Sou as três Górgonas retratadas por Caravaggio.


Eu sei que muitos vão dizer que esta postagem não tem nada a ver comigo. Mas, e daí? Não tem mesmo. Eu sou queria dizer pra alguém que não acredita em aniversários. Que eu acredito e muito nele, e isso me faz ser feliz. Eu também sei que quando ele ler esta pequena homenagem vai dizer que a felicidade é impossível. Afinal, como alguém consegue ser feliz diante de tanta injustiça... Ah! Eu acho que vocês já sabem quem eu quero homenagear e antes que eu me esqueça, o poema acima é do Razek, poeta que eu admiro muito, mas isto é um outro segredo que ficará só entre nós porque ele também não gosta de elogios. Esses poetas... sempre cheios de manias... É por isso que prefiro a engenharia.

1 de julho de 2009

Odaleia Guedes dos Santos




O TÍTULO DESTA POSTAGEM FAZ ALUSÃO A MÃE DE GONZAGUINHA, COMPOSITOR DESSA MÚSICA MAGISTRALMENTE INTERPRETADA POR ERASMO CARLOS. VALE PONTUAR, QUE ODALEIA FOI UMA AFINADA CANTORA QUE MORREU DE TURBECULOSE AOS VINTE E DOIS ANOS DE IDADE.