29 de janeiro de 2012

O PROTESTO DE UM BRASILEIRO (IN) FELIZ



Quero estudar, mas não tem Escola Pública
E do ensino desta terra eu tenho é dó
Não sou o tal nas ciências matemáticas
Mas eu posso projetar o Metrofor
Meu professor vive de pó de giz
Sou estudante e não aprendo um triz
Eu decidi agora ser feliz
Vou estudar na Puc de Paris
Vou me tratar e a Saúde não é pública
Logo o mosquito da dengue vem picar
Não sou o tal nas ciências patológicas
Mas de uma gripe não vão me operar
O povo vive a rebolar quadris
E o futebol comanda este país
Não vou morrer pra sempre um infeliz
Vou me tratar na Puc de Paris
Vou passear e a Segurança não é pública
Chega um pivete e quer logo me assaltar
Não sou o tal nas ciências informáticas
Mas eu posso este mouse arrastar
Já transformaram a Pátria em meretriz
Noutro semáforo um ladrão eu fiz
Desta maneira não serei feliz
Vou passear na Puc de Paris
Quero votar e esta gente que é pública
Bate na porta para meu voto comprar
Não sou o tal nas ciências biológicas
Para um perfeito político clonar
Privatizaram tudo que eu fiz
E em Brasília vendem meus barris
Se não protesto não serei feliz
Eu vou votar na Puc de Paris
Quero entender porque tem Mestre de Ensino
Que só ganha o que se gasta pra jantar na Beira-Mar
Quero entender porque estudante quem tem hino
É encarcerado como baderneiro
Quando precisa protestar
Quero entender porque crianças tão meninas
Usam tanto o corpo e a língua
Se nem sabem o bê-á-bá
Quero entender porque operário que matina
É tomado como baderneiro
Quando quer reinvidicar
Quero entender porque tem pobre que desfila
Sob luxo e riqueza se não tem o que comer
Quero entender porque a Polícia que atira
Acerta logo o peito de um posseiro
Que nada fez por merecer
Quero entender porque tem gente que domina
E outros baixam a cabeça por não terem o que falar
Quero entender porque os maus nos contaminam
E os bons apanham sem que se mereça
E não conseguem protestar
Quero morar, mas não é na via pública
Sou candidato pelo SFH
Não sou o tal nas ciências pornográficas
Um dia eu mando tudo pra aquele lugar
Por que apesar de tudo que se viu
Daqui não saio povo varonil
Quer na pobreza ou mordomias mil
É minha terra, Brasil, Brasil, Brasil

Francisco José Brasil - poema do livro VOSSA EXCELÊNCIA A POESIA


21 de janeiro de 2012

Rap "Megaeventos"

Como a população está vendo a Copa de 2014? Para saber, ouça o rap "Megaeventos" criado por vários coletivos de hip hop do Rio de Janeiro - e saiba como as obras já atrapalham a vida das pessoas

http://apublica.org/wp-content/uploads/2012/01/GASPA-Mega-eventos.mp3

20 de janeiro de 2012

Canção do Desesperado -Roberto Junior

O silêncio opaco,
Do grito desesperado,
A lágrima enxuta
De quem perdeu a luta.

O gemido sufocado,
Da turba afônica.
O medo herético,
Que tira da garganta a fonética.

O sorriso escarnecedor,
Nos lábios secos do opressor.
O olhar de menosprezo,
De quem mantém teus sonhos presos.

O brado inglório,
De quem festeja teu velório.
O olhar altivo ,
De quem ignora teus motivos.

Agora,pois,levanta,
Ergue teus olhos e tua voz e canta 
Pois teu maior infortúnio 
Foi sepultar tua fé,tua esperança ...

Créditos para : Roberto Junior,o Autor da poesia!

Com a certeza de quem luta e a esperança de quem encontra

 3° Recital de Janeiro, ocorrerá no dia 28/01/2012, 19h30minh, no Espaço Verde na quarta etapa do Conjunto Ceará, Av C, 902.

10 de janeiro de 2012

Sigam meu blog?

Oi gente desculpa o incomodo eu gostaria de pedir que sigam o meu blog pessoal de poesias :
                                               http://inusitadamentesentimental.blogspot.com/

Beijos com doçura,e obrigado!

7 de janeiro de 2012

Politicar

Sei que a poesia é também orvalho. Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens cem por cento e as amadas que envelheceram sem maldade. Baseado neste verso de Bandeira, ofereço com muito gosto para Marmud Armadinejad, Sarkozy, Obama, Michel Temer e Cid Ferrira Gomes o seguinte poema:

Politicar
Tom Zé

Filha da prática
Filha da tática
Filha da máquina
Essa gruta sem-vergonha
Na entranha
Não estranha nada

Meta sua grandeza
No Banco da esquina
Vá tomar no Verbo
Seu filho da letra

Meta sua usura
Na multinacional
Vá tomar na virgem
Seu filho da cruz.

Meta sua moral
Regras e regulamentos
Escritórios e gravatas
Sua sessão solene.

Pegue, junte tudo
Passe vaselina
Enfie, soque, meta
No tanque de gasolina.

5 de janeiro de 2012

Dia-a-dia

Os olhos cansados. O corpo frágil.
Um quase desistir. Da luta, da vida, de si.
As pernas cansadas da caminhada,
Mãos calejadas, da labuta e da oração.
Corpo desfalecido, mente que ainda crê.
Crianças cheirando cola na esquina,
Mal aprenderam o abc.
Bêbados tomando (mais) uma dose de pinga,
A quem a igreja não comporta, o bar tem a oferecer.
Pequenos furtos, pequenos delitos. Crime?
A vida o lesou. É hora de responder.
Lesa a vida de outro e espera não morrer.
Guerra é guerra. Sempre vai ser. Vermelho sangue no asfalto.
E pra comer? Dá jeito. A fome nunca passa.
Um dia também mata.
Olha o assalto, meu irmão!
Meteram a mão no bolso da população:
- Passa a grana, que a burguesia quer poder.
Assalto a mão armada, meu senhor, e se o pobre reclamar
Manda a policia baixar, manda o cacete descer.
E olha lá a quadrilha de Brasília, já virou até clichê!
Dessa vez roubaram o dinheiro da educação.
Já foi o da saúde, o do transporte...Não dá nada não!
A copa vai ser linda. O Brasil será noticia.
Miséria? Pobreza? Ninguém nunca viu,
Direitos? Humanos? ninguém nunca vê.
Somos a sexta maior economia, foi dito na TV.
Então respira fundo e sobrevive.
Porque é assim que tem que ser.

 (Luiza F. Nunes)

3 de janeiro de 2012

History Channel - O Universo: Maiores Coisas do Universo [Parte 1/3]

DEBAIXO DAQUELA PONTE

Baixo
Embaixo
Debaixo
Debaixo daquela ponte vive um pobre
Abaixo
Abaixo das condições sociais
A água da lama podre lhe reflete um facho
Um facho de luz é tudo que ele tem
E nada mais
Acho
Embaixo
Encaixo
Encaixo o pobre como uma vítima
Encaixo
A vítima das desordens sociais
O pobre sustenta filhos e a mulher que se agacha
Lavando a roupa na água da lama podre
É demais...
São machos
Pequenos
E fêmeas
Eu acho
São mais do que sete filhos se banhando
Debaixo
Debaixo da ponte na água da lama
Pobre mortais
Mortais como todos nós em cima da ponte
Pra baixo
Olhando seres humanos vivendo pior
Que animais
Abaixo
Procuro
Não acho
Ninguém querendo ajudar aquela família
Debaixo
Debaixo daquela ponte a viver como animais
Somente a luz refletida na água da lama
Um facho
Talvez Deus protegendo aquela família
E nada mais...

(Poema contido no livro Vossa Excelência a Poesia)

1 de janeiro de 2012

Feliz!



O mundo da gente
é um grande anfiteatro
repleto de transeuntes,  
conhecidos,
colegas,
quase amigos
e amigos.
Quando a cena
da gente começa,
você decide
com um pouco de improviso
e perspicácia,
(que são virtudes
dos péssimos atores )
qual papel vai fazer.
Mas, lembre-se,
você é quem descobre
qual a sua personagem
e não um “iluminado” diretor.
Então, no ato que é viver,
você é protagonista
ou simplesmente coadjuvante?  
Por gentileza,
não pelo roteiro, 
mas pelo desfecho da trama,
faça um favor a você mesmo,
não permita que a sua história
alcance raios astronômicos
de audiência
só por conta
de um mero factoide,
produto da imaginação
de outrem.
E seja feliz...
Se for capaz.

(Razek Seravhat)