31 de janeiro de 2010

Era só uma menina

Neste último domingo de um janeiro qualquer, acordei ouvindo a seguinte canção:




Seu refrão me fez pensar naquela menina Alanis. É certo que o contexto da música que ouvia não tinha nenhuma relação com o que eu pensei. Mesmo assim, fiz, lembrando da professora Antelviana e do colega Wilton, os seguintes versos:

A tênue Pedra

E era só uma menina
Que a mãe divina não amparou,
Que a sociedade não acolheu,
Que o bicho homem não ignorou.
Era só uma menina,
Com seus dedinhos,
Seu balé de amora,
E seu desespero...
Só uma menina,
Com seus sonhos,
E seus soníferos,
De sorriso cantante,
E saudade cortante.
Uma menina
Que já não chora
Nem se cala.
Vive apenas.
Na dor de uma tristeza
Que entontece.
Menininha,
Que nos deixa uma dura lição:
Ou se muda o mundo,
Ou o mundo muda a gente.

(Razek Seravhat)

Ternura Sempre

27 de janeiro de 2010

Sentimento insensato


O amor nem sempre é tudo aquilo que pensamos
O amor nos consome
Depois some
Daí é quando pensamos:
Será que era mesmo amor?
Ou será que era apenas paixão?

Ninguém sabe ao certo o que sente
Ou quer sentir algo que não sentirá.

Se ilude,aquele
que acha
que um novo amor
È capaz de substituir
um velho amor

Amor que é amor
Não se substitui
Nem se esquece
Apenas se cala,diante das circunstâncias

Amor que é amor
È divino
Não tem maldade
Nem más intenções

È apenas amor...


*Eu particularmente não acredito em um amor entre um homem
e uma mulher que não sejam parentes,por que amor é divino, não mente,
não trai, não tem más intenções, e no mundo em que vivemos é pouco provável não
ter pessoas que não mintam, não traiam, não tenha outros "pensamentos fora de
hora" .....é assim que acredito....*

25 de janeiro de 2010

Há uma voz que não desiste e me grita: "Não sê triste!
Cessa as perguntas,para de pensar.´
Pois se passas a vida a questionar,a vida pois,passará!"

Se sou feliz ao pôr-do sol
e consigo sorrir ao luar,
eu encontro a beleza escondida
que os outros deixam passar.

Por que o medo da vida?E procurar por respostas,
que a vida não mudará?
Mesmo que um dia as encontre,minha jornada na terra só vai durar
o que tiver de durar...

Posso eu fazer a noite ou dia não acabar?
Posso eu me autoeternizar?

Mesmo agora(diz-me a voz)
pra quê continuas,sempre e sempre a perguntar?

24 de janeiro de 2010

SARAU DE POESIA




























Foi um sucesso o SARAU DE POESIA. E agora, começamos os preparativos para a SEGUNDA edição do Sarau do LENITIVO CULTURAL. E justamente por se tratar de uma ocasião tão especial, estamos preparando algumas surpresas à altura.

Quem diz que a poesia morreu não conhece o LENITIVO CULTURAL. A necessidade de comunicação do ser humano o leva a criação e manutenção de uma língua, através da qual ele se expressa de maneira útil ou artística, criando uma das mais expressivas formas de arte: a Literatura.

É com esse objetivo que o LENITIVO CULTURAL, visa promover a SEGUNDA edição do Sarau, visando fomentar o gosto pela literatura, o hábito da leitura e proporcionar oportunidade para difusão da produção literária e com isso massificar, divulgar e promover mais a poesia como forma de ganhar mais espaço na vida das pessoas, da mesma forma que a música. Portanto, é possível fazer espetáculo de poesia.
É isso, obrigado a todos que participaram e aos que foram apenas para assistir.

18 de janeiro de 2010

Inércia


Perambulamos neste planeta esquecido por deuses embriagados.

Os farelos do tempo escorrendo entre os dedos,a alma humana escondendo buracos.

Mundo abstrato de homens de bruto trato.

Inanimados,armados.

Soldados de terracota,contribuindo com sua cota para um mundo mais esquálido.

Não sentem o que é viver.

Sentimentos inócuos,insônia ,solidão.

Medo de tentar.

Medo da vida,medo da morte.Medo de qualquer mudança na sorte.

Medo de gente,medo do que é diferente.

Torpor.

Éter na mente.

Eternamente.

D. Cappio declara apoio à pré-candidatura de Plínio de Arruda Sampaio pelo PSOL


Procurado neste domingo (17 de janeiro), o bispo da diocese de Barra (BA), D. Luiz Flávio de Cappio, declarou apoio à pré-candidatura do promotor público aposentado Plínio Arruda Sampaio à Presidência da República pelo PSOL em 2010. O nome de Plínio foi lançado no 2º congresso nacional da sigla, em agosto do ano passado, pelo deputado estadual por São Paulo Raul Marcelo. O Partido Socialismo e Liberdade definirá sua política eleitoral em uma conferência nacional marcada para março deste ano.


O bispo, que em 2007 e em 2005 realizou duas greves de fome que totalizaram quase 50 dias, contra o projeto da transposição das águas do rio São Francisco, é uma das figuras mais respeitadas da Igreja Católica no Brasil. Perguntado sobre a motivação do apoio ao pré-candidato do PSOL, D. Cappio afirmou que “apóio a pré-candidatura de Plínio pela certeza de que ele fará o necessário debate sobre os reais problemas que afligem o povo pobre desse nosso país tão rico. Plínio, como cristão consciente que sempre foi, nunca se omitiu das lutas do nosso povo, especialmente a luta pela reforma agrária e em defesa do semi-árido nordestino, contra o projeto de transposição das águas do rio São Francisco. Por isso, Plínio será o meu candidato”.
O apoio de D. Cappio em muito alegra os apoiadores da pré-candidatura, por expressar também a capacidade de diálogo de Plínio com amplos setores da sociedade brasileira na defesa de um projeto socialista para o Brasil. É mais um apoio que reforça a possibilidade do PSOL se apresentar como uma alternativa à falsa polarização entre PT e PSDB nas eleições presidenciais deste ano.

17 de janeiro de 2010


DEUS - OXALÁ


Deus-Oxalá Zamby Axé Shalom
dos caboclos-guias, pretos velhos,
mediúnicos, babalorixás e sacerdotes,
no Gongá-altar e nos terreiros atuam
e em todo campo astral
iluminam no Céu-Olorum.

Na mística sincrética do mito de yemanjá
a mãe d'água, a cabocla Yara,
da teogonia de Tupã do Pajé, Tupi-Guarani,
Maria, a mãe de Jesus, é cultuada.

Xangô, orixá que comanda a lei da natureza,
( no encanto de S. Jerônimo ),
se une a Oxossi, comandante dos vegetais
( com S. Sebastião),
e a Ogum que domina as guerras com (su)a espada
( de S. Jorge).
Oxum das águas doces e do arco-íris
chama Yansã que domina as tempestades
( como S. Bárbara ).
E os Yerês de santos meninos brincam com Ialorixá no terreiro
( de São Cosme e Damião ),
enquanto Exu-Jurupari com tridente na mão
faz magia e despacho na encruzilhada.

Os Ogans cantam e tocam atabaque e agogô
para Yaô, filha de santo, dançar,
ao sair da camarinha - o quarto sagrado -
que manifesta o orixá nos ritos de banhos, búzios e descargas...


E entre a festa e o sacrifício
as cozinheiras Iabassês ofertam os manjares
aos deuses no santuário.
O mistério encanta e faz sentir as vibrações
dos Querubins, Arcanjos e Serafins,
e o momento se faz transe
e o êxtase é real.


************************************************************************************
Em nome da Africanidade e da Lei n° 10.639/03, alterando a Lei 9394 de 20 de novembro de 1996 da Lei de Diretriz e Base da Educação- LDB, que obriga incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a temática "História e Cultura Afro-Brasileira" ).

15 de janeiro de 2010

Em síntese tópicos do texto: Museu como Laboratórios, por Ana Mae Barbosa, segundo breve citação por Lúcio Leonn, (que discute o seguinte):

Imagem, "A menina dos meus olhos"-óleo sobre canson, de Márcio Gurgel-(Copyright-(1995))

· Ela trata da distinção de educador VS monitor e outra, do dialogo entre o monitor e visitante(quando o primeiro devolve a pergunta ao próprio visitante). Além, de apontar submissão do monitor sob o curador da exposição; ser um mero reprodutor de ideias, conceitos do mesmo, sobre tal Obra.

· Também, suscita a Proposta Triangular de ter modificado o ensino de arte na educação básica no Brasil, na década de 1990 e tendo o museu como referencia e procedência de tais pressupostos teóricos em ação didática junto aos professores e alunos visitantes.· Revela a criação de setores educacionais junto às obras de arte e público - com um olhar voltado à analise dos processos de mediação usando tal recurso pedagógico na condução de visitas.

· No entanto, a autora nos informa que muitos museus se apegaram a roteiros; o monitor é quem sempre fala e apresenta a obra ou de uma marca: a animação cultural como sedução e atração.

· E, quanto às melhores possibilidades de mediação Museu e público distinto, de interface na educação; segundo Ana Mae Barbosa as questões e das relações Museu e público educacional - devem exigir reflexão, análise e interpretação em que sejam evitadas informações que esclareçam e\ou apóiem interpretações de terceiros, de cunho de subestimação do leitor perante uma obra de arte.

Por fim, em trecho inicial, Ana Mae Barbosa, revela:

Valiosos aliados dos educadores populares que atuam nas ONGs, assim como dos educadores escolares, são os departamentos de educação dos museus. O prestígio dos serviços educativos é muito recente embora ainda haja enorme resistência por parte de curadores, críticos, historiadores e artistas à idéia do museu como instituição educacional. Museus são Laboratórios de conhecimento de Arte, tão importantes para a aprendizagem da Arte como os Laboratórios de Química o são para a aprendizagem da Química. Compete aos educadores que levam seus alunos aos museus estender nas oficinas, nos ateliês e salas de aula o que foi aprendido e apreendido no Museu.

No Brasil, os primeiros serviços educativos em Museus foram organizados nos anos cinqüenta por Ecyla Castanheira e Sígrid Porto, no Rio de Janeiro. No período dominado pelo modernismo, a criação de ateliês livres, oficinas ou atividades de animação cultural foi prática freqüente nos grandes museus como o Museu de Arte de São Paulo (MASP), com o Clube Infantil (1948), e o Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio, que movimentou a cidade com os Domingos da Criação e com o ateliê para crianças e adolescentes conduzido por Ivan Serpa. Posteriormente, a Pinacoteca do Estado de São Paulo e o Centro Cultural São Paulo também tiveram muito bem orientados, (p.1).

1 Museu como Laboratórios, por Ana Mae Barbosa, (3p.), segundo Lúcio José de Azevêdo Lucena-lucio leonn. - terça, 17 novembro 2009, 15:27

Fonte:1 Disponível em http://www.revistamuseu.com.br/artigos/art_.asp?id=3733 Teve acesso em 10/01/2008.

***

14 de janeiro de 2010


Daniel Bensaid (1946-2010)
Faleceu hoje (12/01/2010) Daniel Bensaid, filósofo e militante político. Nascido em Toulouse há 64 anos, foi um dos dirigentes mais destacadas do Maio de 68, sendo um dos iniciadores do Movimento 22 de Março, ao lado de Cohn Bendit e de outros activistas. Fundador da LCR francesa e depois do NPA (Novo Partido Anticapitalista) , Bensaid acompanhou directamente a revolução portuguesa colaborando com a LCI e PSR e participando em comícios e outras actividades políticas nos anos de 1974 e 1975 e posteriores. Teve uma intensa cooperação com o Bloco de Esquerda desde a sua criação. Publicou vários livros de ensaio político, de debate e de filosofia, sobretudo sobre Karl Marx, Walter Benjamim e o pensamento socialista contemporâneo, e afirmou-se como um dos mais importantes pensadores revolucionários dos anos do combate ao Império, à guerra e ao liberalismo selvagem que é o capitalismo realmente existente. Foi também um amigo e um camarada, e lamento profundamente o seu desaparecimento. A paciência impaciente das suas ideias é um convite à resistência e à rebeldia: assim foi Daniel Bensaid, até ao fim, na luta contra a doença como na luta pela vida toda.
Francisco Louçã

13 de janeiro de 2010

ORVALHO


Assim como o orvalho
Choro calado
Derramando nas folhas
Um grito de dor
Silencioso e suave
Para não machucar
A delicada beleza
E fazer desabrochar
A natureza
Que em forma de mulher
Toca com espinho
E faz sangrar
Uma velha árvore

Kamila (Rosa e botão)

Manto d’água cor-de-rosa
Uma rosa no bom jardim
Um espinho que sangrou
A bela flor do jasmim

Sonhava a menina bonita
Como um botão de rosa desabrochar
Nas passarelas sob as estrelas
De brilho e glória se revelar

E como mágica a dádiva
De um filho poder gerar
Sentir o corpo se transformando
Fez a bela flor sorrir e chorar

Preciosa como junquilho
A erva de flores douradas
Ou pujante como a primavera
Pelos astros és esperada

Hoje a flor chora a dor ingênua
E se assusta com a maternidade
Oferece o peito ao novo botão
E esboça um sorriso de felicidade

Iguais

Que hoje
Continue
E o amanhã
Seja sempre
Que sempre
Seja novo
O novo
Sempre diferente
E os mesmos
Continuem
Simples
Eternamente
Sempre

Pedra Preciosa

Tua beleza diferente
Fez alvo minha emoção
Como fogueira ardente
De enganosa visão

Vejo chamas no alto
Tal amor em ebulição
Na panorâmica do teu salto
Minha afeição no grotão

E na distância natural
Como estreito do igarapé
Ignoras o meu sinal
Separando-me de te mulher

No agradável sorriso marfim
O feitiço da turquesa multicor
No corpo o calor te faz rubim
Teu peito um diamante indolor

Gritos no Silêncio

Silêncio! Tens razão.

Na cidade uma nuvem
Que deixa meus olhos
Tomados pela emoção
Enquanto no peito
A cada momento
Explode uma paixão

No silêncio grita a razão...

São todas as justificativas
Que me levam a você
Desarrumando meus pensamentos
Jogando-me no precipício
Sem alento e a cada momento
Perdido na multidão

Ainda “no silêncio” grita a razão...

No vazio da multidão
Meus olhos encontram os teus
Nossos lábios sorriem juntos
Nossos corpos casam
E no precipício de prazeres
Perdidos na multidão
Nos amamos

E “no silêncio” gritos de emoção.

11 de janeiro de 2010

Tergiversando sobre a humanidade.


“... No entanto a primeira lei, a que protege corpo e vida insubstituíveis, é a de que não matarás. Ela é a minha maior garantia: assim não me matam, porque eu não quero morrer, e assim não me deixam matar, porque ter matado será a escuridão para mim.”
Clarice Lispector em “O Mineirinho”

Tristeza, revolta, angústia... Sentimentos se me misturam nesse momento. Há uma semana lia paralisada e encantada um antigo texto da escritora Clarice Lispector, intitulado “O Mineirinho” nele a autora revela toda a sua revolta e dor face a morte de um facínora. No momento em que lia o texto até concordei com a autora: treze tiros para matar um homem era demais, porém hoje não sou capaz de julgar se era demais ou de menos. Pois no momento em que escrevo minha alma está cinzenta de tristeza por um caso que chocou a sociedade há exatos 5 dias. Era apenas uma criança, um sorriso, um sonho de ser bailarina e um pequeno projeto de vida. Projeto este que foi interrompido pela brutalidade, pela violência e patologia da alma.
Seria fácil dizer que um atestado de loucura resolveria todo o problema e absolveria o culpado. A sociedade, porém, não aceitaria tal desculpa. Há loucos demais quando se faz necessário encontrar o culpado. A loucura não pode ser defesa de tamanha perversidade e nem o será, pois não acredito que as autoridades e a sociedade venham engolir a seco tamanha crueldade e, aliás, essa hipótese nem foi levantada, estou apenas tergiversando sobre as possíveis formas de encarar toda essa situação.
Lágrimas infinitas não pagariam a dor de ver interrompido uma vida, um sonho... A imagem na cabeça daquela pessoazinha linda vestida com o seu sonho (ser bailarina) não se apagará jamais da memória de seus pais. É dor demasiada pra um sonho tão simples, porém belo. E o que dói mais é saber que o referido sonho jamais será concretizado.
O que era indignação há uma semana torna-se hoje uma possibilidade. Treze tiros, treze tiros, treze tiros. Não há tiros, mas há morte e não é apenas uma morte de deixar de viver, de deixar de respirar. É uma morte infinita. Sociedade!!! Maldita e precária sociedade, matas o que é parte de ti. Fico pensando que tipo de pessoas estamos formando nos bancos das escolas e universidades. Talvez nunca tenha sido tão verdadeira a frase “o homem é lobo do próprio homem”. O homem se destrói , mata seu semelhante e nem percebe que todo o mal da humanidade está em si mesmo.
Onde residem os valores? Estamos todos perdidos no meio do redemoinho. É necessário avaliarmos a educação produzida nas escolas, precisamos de corações humanos e não de homens brutais que não resistem a um choro, a um pedido de socorro. É urgente a necessidade de despertamos em cada aluno ou cidadão o respeito pelo outro, a capacidade de praticar a alteridade. De nada nos adianta o progresso, as grandes construções e as inovações tecnológicas se não houver seres humanos, de corpo e de alma, para usufruir todo esse progresso que faz a sociedade caminhar.
Questiono-me para onde caminha essa sociedade. Que tipo de gente senta ao seu lado no cinema, na praça, no bar... Tendo nós chegado a essa situação vejo que o único caminho é acreditarmos e construirmos uma educação sólida, humana, sensível, afável e dessa maneira termos uma outra face da sociedade. Uma sociedade em que as pessoas sejam de fato irmãos e que impere o amor, o respeito e acima de tudo exale humanidade de cada um de nós.
Luênia Aderaldo

Recomeço

“Por isso é que agora vou assim
no meu caminho. Publicamente andando
Não, não tenho caminho novo.
O que tenho de novo
é o jeito de caminhar.
Aprendi
(o que o caminho me ensinou)
a caminhar cantando
como convém
a mim
e aos que vão comigo.
Pois já não vou mais sozinho.”
Thiago de Mello

Começar, recomeçar. Começar. Recomeçar... Desistir jamais. Eis o nosso lema para 2010.
A vida é um constante vai e vem. Os ventos do existir sopram aquém e além e dessa forma traçamos o nosso caminho. A sensação do novo é inerente ao nosso espírito nessa época do ano. Novo calendário, nova data para o cheque, matrícula das crianças, impostos vencidos, enfim tudo outra vez. Recomeçamos. O eterno ciclo em que nós humanos somos inseridos nos faz, de vez em quando, termos fôlego novo, esperanças renascidas, desejos reacendidos.
As dificuldades foram e serão muitas, mas a força de vida que nos impulsiona nos levará sempre, sempre em frente. Não importará quantas pedras encontrarei no meio do caminho, mas sim como as retirarei. Enfrentar o novo ano é saber que as manhãs serão belíssimas, de um colorido solar sem descrição, porém para vê-las terei que acordar e abrir as janelas da vida, da alma...
Comecemos 2010 sem fundamentalismos, sem promessas exacerbadas, duras de serem cumpridas, sem sonhos que nos levantem do chão, porém com a certeza de que ainda temos muito a fazer, a construir e a sonhar, é claro.
E porque recomeçar é sempre uma novidades nos abrimos para o risco, visto ser o novo um risco sem o qual não vale a pena viver. Abrimo-nos para o amanhã que cintilha, para as novas perspectivas que o recente tempo presente nos mostra. É hora de reavaliarmos conceitos, projetos e quem sabe até valores tão arraigados em nossa alma. É necessário fazermos um novo tempo a fim de que a vida brote de forma mais intensa em cada ser.
É necessário compreendermos que, como diz os versos de Thiago de Mello, “não temos um caminho o que temos de novo é o jeito de caminhar” e precisamos de que esse caminhar seja leve, faceiro, tranqüilo e traga, enfim, os ventos da bonança.

Luênia Aderaldo

8 de janeiro de 2010

A FARDA NÃO ENSINA


A FARDA NÃO ENSINA



“A FARDA NÃO ENSINA, QUEREMOS ESTUDAR”. Essa era uma bandeira de luta do movimento estudantil Juventude Vermelha, no final da década de 90, em Fortaleza. Veio-me a boa recordação do tempo bom que não volta mais, depois de um artigo publicado no O Povo, no dia 22 de dezembro, do professor da UVA de Sobral, Vicente Martins.



O professor conservador defende o uso obrigatório da farda nas escolas públicas e tenta justificar apresentando três motivos sem fundamentos, pois vejamos:



Ele defende que a farda oferece segurança ao aluno dentro e fora da escola e ajuda a população ou a guarda municipal denunciar ao conselho tutelar no caso “gazeadores de aula”. Ora, que ridículo, quando eu estudava no Liceu do Conjunto Ceará, em 1998- 2000 a diretora tinha o mesmo argumento, no entanto, presenciei um colega fardado sendo espancado e roubado perto da escola. Em caso de acidente no caminho de casa a escola, o aluno deve portar um documento de identificação. De propósito, a farda tem telefone de contato e números de RG ou CPF? Bem, se a farda é antiviolência, então, só vou andar agora na rua de farda. Mas, espera aí, porque então que os professores não usa farda? Já sei. Estão impunes da violência.



Enquanto aos conselheiros tutelares e a população, devem denunciar a falta de boa infraestrutura nas escolas e a pedagogia do terror. O acesso a escola não pode ser condicionada ao uso de farda. Afinal, investir na educação com esporte, lazer, garantir a liberdade de estilo e uso de adereços nas escolas é melhor do que papo furado, mesmo porque a causa da violência é o capitalismo e não a falta de farda. Defendo que o aluno usa a farda se quiser, já que o uniforme não ensina só uniformiza a criança e a juventude desrespeitando as diferenças de estilos culturais.

6 de janeiro de 2010

Produção em Cinema 100% genuinamente cearense - Lúcio Leonn, também elenca o filme: O Auto da Camisinha

Não deixe de vir o FILME - O Auto da Camisinha
(imagem reprodução\divulgação)
Sinopse:
Juatama, pacata cidade do interior brasileiro, está prestes a se transformar em Patrimônio Folcórico da Humanidade. A cidade ansiosa se prepara para a chegada de Quarto Besouro, responsável direto pelo veredito final que determinará se a cidade tem condições ou não de receber o título. As autoridades locais tramam para que tudo dê certo. Durante a visita de Quarto Besouro, acontece um inusitado encontro com a diretora do grupo de teatro, Lionor, que irá mudar o rumo da história. (Site oficial link título acima)
***
Estima-se que o filme Auto da Camisinha(poster acima) seja visto por 10 milhões de pessoas na faixa etária de 12 a 70 anos, entre adolescentes, jovens, adultos e idosos, estudantes, intelectuais, artistas, integrantes de ONGs, espectadores de cinema e TV de todas as classes sociais e níveis de educação, dentro e fora do Brasil (...).
O Auto da Camisinha será distribuído e exibido gratuitamente nas salas de cinema, TVs e em festivais de cinema nacionais e internacionais. No Brasil será exibido através do Grupo Severiano Ribeiro e Espaço Unibanco, na TV Ceará, TV O Povo, TV Cultura, TVCom, TV Diário, TV União, TV Senado, STV e TV Assembléia. Nos Programas: Zoom, Vitrine, Metrópolis, Sem Censura, Jô Soares, Vídeo Show, Altas Horas, Stúdio 22, Ponto de Encontro, Na Boca do Povo. Nos Festivais: Ceará, Gramado, Brasília, Recife, São Paulo , Rio de Janeiro, Santa Catarina, Toronto, entre outros. Na África será vinculado pela RadioTelevisão Caboverdiana, aém de Angola, Moçambique, Timor Leste, São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau. Apoio e parcerias - O projeto cinematográfico foi contemplado pelo I EDITAL MECENAS DO CEARÁ 2008 da Secretaria da Saúde do Estado- SESA, Secretaria da Cultura do Estado- SECULT. Apoio: Ministério da Cultura/Lei Rouanet, Ministério da Saúde-PN/DST/Aids, Assembléia Legislativa do Ceará, Prefeitura Municipal de Fortaleza, Prefeitura Municipal de Quixadá, Companhia Energética do Ceará COELCE, Banco do Nordeste do Brasil-BNB , SESC-CE e RadioTelevisão de Cabo Verde. Em Cuiabá, tem o apoio da Secretaria Municipal de Saúde, coordenação de Educação em Saúde. (fonte adaptada aqui\de): http://www.jusbrasil.com.br/politica/4232084/10-milhoes-devem-ver-filme-auto-da-camisinha
***
Imagem (divulgação) Os 3 Santos: (Lúcio Leonn(C) são joão, Murilo Ramos(d) são pedro e, Giovanni Marsalles, santo antônio.

Duração: 45min
Censura:-12 anos
Gênero:Comédia
Diretor:Clébio Ribeiro
Elenco: Carri Costa, Nádia Aguiar, Gero Camilo e Chico Anysio entre outros.
______________________
*Sessões do filme em Fortaleza-Ce: Centro Cultural Sesc Luiz Severiano Ribeiro (praça do ferreira) Sessões: 15h00min; 18h00min; 19h00min (certificar antes os horários, segundo ocorra alteração)

Vide trailler do Filme aqui: http://www.youtube.com/watch?v=QIoYG7fFQuw&feature=player_embedded




Depois de algum tempo você aprende a diferença...

a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança.

E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas.

E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.

E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam...

E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.

Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.

Descobre que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destrui-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida.

Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.

E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.

Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.

Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos.

Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.

Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.

Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.

Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde indo, qualquer caminho serve.

Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.

Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências.

Aprende que paciência requer muita prática.

Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.

Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou.

Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.

Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel.

Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.

Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.

Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.

Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte.

Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.

Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.

E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.

E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!

Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar

(William Shakespeare.)

5 de janeiro de 2010

Mineirinho - Clarice Lispector


"É, suponho que é em mim, como um dos representantes de nós, que devo procurar por que esta doendo a morte de um facínora. E por que é que mais me adianta contar os treze tiros que mataram Mineirinho do que os seus crimes. Perguntei a minha cozinheira o que pensava sobre o assunto. Vi no seu rosto a pequena convulsão de um conflito, o mal-estar de não entender o que se sente, o de precisar trair sensações contraditórias por não saber como harmonizá-las. Fatos irredutíveis, mas revolta irredutível também, a violenta compaixão da revolta. Sentir-se dividido na própria perplexidade diante de não poder esquecer que Mineirinho era perigoso e já matara demais; e no entanto nós o queríamos vivo. A cozinheira se fechou um pouco, vendo-me talvez como a justiça que se vinga. Com alguma raiva de mim, que estava mexendo na sua alma, respondeu fria: 'O que eu sinto não serve para se dizer. Quem não sabe que Mineirinho era criminoso? Mas tenho certeza de que ele se salvou e já entrou no Céu.' Respondi-lhe que 'mais do que muita gente que não matou'.

Por que? No entanto a primeira lei, a que protege corpo e vida insubstituíveis, é a de que não matarás. Ela é a minha maior garantia: assim não me matam, porque eu não quero morrer, e assim não me deixam matar, porque ter matado será a escuridão para mim.

Esta é a lei. Mas há alguma coisa que, se me fez ouvir o primeiro tiro com um alívio de segurança, no terceiro me deixa alerta, no quarto desassossegada, o quinto e o sexto me cobrem de vergonha, o sétimo e o oitavo eu ouço com o coração batendo de horror, no nono e no décimo minha boca está trêmula, no décimo primeiro digo em espanto o nome de Deus, no décimo segundo chamo meu irmão. O décimo terceiro tiro me assassina - porquê eu sou o outro. Porque eu quero ser o outro.

Essa justiça que vela meu sono, eu a repudio, humilhada por precisar dela. Enquanto isso durmo e falsamente me salvo. Nós, os sonsos essenciais. Para que minha casa funcione, exijo de mim como primeiro dever que eu seja sonsa, que eu não exerça a minha revolta e o meu amor, guardados. Se eu não for sonsa, minha casa estremece. Eu devo ter esquecido que embaixo da casa está o terreno, o chão onde nova casa poderia ser erguida. Enquanto isso dormimos e falsamente nos salvamos. Até que treze tiros nos acordem, e com horror digo tarde demais - vinte e oito anos depois que Mineirinho nasceu - que ao homem acuado, que a esse não nos matem. Porque sei que ele é o meu erro. E de uma vida inteira, por Deus, o que se salva às vezes é apenas o erro, e eu sei que não nos salvaremos enquanto nosso erro não nos for preciso. Meu erro é o meu espelho, onde vejo o que em silêncio eu fiz de um homem. Meu erro é o modo como vi a vida se abrir na sua carne e me espantei, e vi a matéria de vida, placenta e sangue, a lama viva. Em Mineirinho se rebentou o meu modo de viver. Como não amá-lo, se ele viveu até o décimo terceiro tiro o que eu dormia? Sua assustada violência. Sua violência inocente - não nas conseqüências, mas em si inocente como a de um filho de quem o pai não tomou conta. Tudo o que nele foi violência é em nós furtivo, e um evita o olhar do outro para não corrermos o risco de nos entendermos. Para que a casa não estremeça. A violência rebentada em Mineirinho que só outra mão de homem, a mão da esperança, pousando sobre sua cabeça aturdida e doente, poderia aplacar e fazer com que seus olhos surpreendidos se erguessem e enfim se enchessem de lágrimas. Só depois que um homem é encontrado inerte no chão, sem o gorro e sem os sapatos, vejo que esqueci de lhe ter dito: também eu.
Eu não quero esta casa. Quero uma justiça que tivesse dado chance a uma coisa pura e cheia de desamparo e Mineirinho - essa coisa que move montanhas e é a mesma que o faz gostar 'feito doido' de uma mulher, e a mesma que o levou a passar por porta tão estreita que dilacera a nudez; é uma coisa que em nós é tão intensa e límpida como uma grama perigosa de radium, essa coisa é um grão de vida que se for pisado se transforma em algo ameaçador - em amor pisado; essa coisa, que em Mineirinho se tornou punhal, é a mesma que em mim faz com que eu dê água a outro homem, não porque eu tenha água, mas porque, também eu, sei o que é sede; e também eu, não me perdi, experimentei a perdição. A justiça prévia, essa não me envergonharia. Já era tempo de, com ironia ou não, sermos mais divinos; se adivinhamos o que seria a bondade de Deus é porquê adivinhamos em nós a bondade, aquela que vê o homem antes de ele ser um doente do crime . Continuo, porém, esperando que Deus seja o pai, quando sei que um homem pode ser o pai de outro homem. E continuo a morar na casa fraca. Essa casa, cuja porta protetora eu tranco tão bem, essa casa não resistirá à primeira ventania que fará voar pelos ares uma porta trancada. Mas ela está de pé, e Mineirinho viveu por mim a raiva, enquanto eu tive calma. Foi fuzilado na sua força desorientada, enquanto um deus fabricado no último instante abençoa às pressas a minha maldade organizada e a minha justiça estupidificada: o que sustenta as paredes de minha casa é a certeza de que sempre me justificarei, meus amigos não me justificarão, mas meus inimigos que são os meus cúmplices, esses me cumprimentarão; o que me sustenta é saber que sempre fabricarei um deus à imagem do que eu precisar para dormir tranqüila, e que os outros furtivamente fingirão que estamos todos certos e que nada há a fazer. Tudo isso, sim, pois somos os sonsos essenciais, baluartes de alguma coisa. E sobretudo procurar não entender.

Porque quem entende desorganiza. Há alguma coisa em nós que desorganizaria tudo - uma coisa que entende. Essa coisa que fica muda diante do homem sem o gorro e sem os sapatos, e para tê-los ele roubou e matou; e fica muda diante do S. Jorge de ouro e diamantes. Essa alguma coisa muita séria em mim fica ainda mais séria diante do homem metralhado. Essa alguma coisa é o assassino em mim? Não, é o desespero em nós. Feito doidos, nós o conhecemos, a esse homem morto onde a grama de radium se incendiara. Mas só feito doidos, e não como sonsos, o conhecemos. É como doido que entro pela vida que tantas vezes não tem porta, e como doido compreendo o que é perigoso compreender, e como doido é que sinto o amor profundo, aquele que se confirma quando vejo que o radium se irradiará de qualquer modo, se não for pela confiança, pela esperança e pelo amor, então miseravelmente pela doente coragem de destruição. Se eu não fosse doido, eu seria oitocentos policiais com oitocentas metralhadoras, e esta seria a minha honorabilidade.

Até que viesse uma justiça um pouco mais doida. Uma que levasse em conta que todos temos que falar por um homem que se desesperou porque neste a fala humana já falhou, ele já é tão mudo que só o bruto grito desarticulado serve de sinalização. Uma justiça prévia que se lembrasse de que nossa grande luta é a do medo, e que um homem que mata muito é porque teve muito medo. Sobretudo uma justiça que se olhasse a si própria, e que visse que nós todos, lama viva, somos escuros, e por isso nem mesmo a maldade de um homem pode ser entregue à maldade de outro homem: para que este não possa cometer livre e aprovadamente um crime de fuzilamento. Uma justiça que não se esqueça de que nós todos somos perigosos, e que na hora em que o justiceiro mata, ele não está mais nos protegendo nem querendo eliminar um criminoso, ele está cometendo o seu crime particular, um longamente guardado. Na hora de matar um criminoso - nesse instante estásendo morto um inocente. Não, não é que eu queira o sublime, nem as coisas que foram se tornando as palavras que me fazem dormir tranqüila, mistura de perdão, de caridade vaga, nós que nos refugiamos no abstrato.

O que eu quero é muito mais áspero e mais difícil: quero o terreno".

4 de janeiro de 2010




UMA FÁBULA


Dentro de nossa apócrifa caverna
habita uma voz que grita:
Vem pra fora, desperta!
Um espectro de si vomita.
E de uma semente um germe aflora
rompendo o chão e todos os dogmas.
E assim o ser se faz sujeito
construtor da felicidade
combatendo as atrocidade
buscando sempre o ser perfeito.


Negamos e contradizemos
com tantas teogonias,
recriamos pensamentos,
sincretismos e alegorias.
O globo que habitamos
e também globalizamos
decompõe-se numa estufa
pelo homo sapiens e demente
nem é sábio, nem inteligente
a virtual e moderna criatura.

Além da antropomórfica caverna,
do ostracismo e da corveia fratricida,
existe um sentido na terra,
no coração da própria vida.
Há uma esperança na luta
uma força que aos poucos junta
toda diáspora em convergência
num movimento transformador
que apesar de qualquer dominador
existe um babugem em resistência.


( Em resposta ao colega poeta e matemático, Razek Seravhat, que me enviou "A Fábula dos Morcegos" por assim dizer, e os que se dizem sábios. Obrigado por ter me inspirado. Jan/2010).

2 de janeiro de 2010

Mentiras


Pequenas...
Supérfluas...
Ruins...
De todas as maneiras...

Por que elas existem?
Será,que é para ocultar lágrimas...
Ou para livrar alguém de uma "enroscada"...
Ou pela simples razão de não querer falar a verdade...

Por que mentir pra alguém que se ama?
Se o verdadeiro amor,é contrário às mentiras.
Se logo depois de ocultar lágrimas,causarão choro...

"Mentira"não deveria existir no vocabulário de ninguém...
Mentir só suborna as pessoas,à péssimas situações...

Não consigo entender,como um ser tão pequeno
Como o ser humano
Consegue causar tanta dor, ao mentir

Agora, por que não mentir?
Por que não mentir,pra preservar a vida de um irmão?
Por que não mentir,pra não fazer uma mãe chorar?
Por que não mentir,para não perder um emprego?
Por que não mentir,por milhares de motivos...

Querendo ou não, elas sempre nos cercam,sempre estão em nossas palavras.
E quem sou eu,ou você...pra julgar se a mentira de alguém,foi por uma boa causa ou não...
Para o bem,ou para o mal,tente evitar isso na sua vida...

*Talvez esteja sendo dramática demais,mais é o que acho...

Fiz esse texto,quando estava questionando um amigo que amo muito
e que diz que também me ama,por que ele havia mentido pra mim,daí fiquei pensando e cheguei a essa conclusão,mais queria partilhar isso com vocês...*

1 de janeiro de 2010

Feliz Ano Novo - ao novo que nunca fui...




“É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.”





Você já teve a sensação

de que tem alguém te seguindo?

É como eu estou me sentindo hoje.

Por mais que eu tente escapar,

Fugir, esconder-me,

Sempre me encontram.

Não dizem nada,

Apenas ficam do meu lado,

Quietos, inertes,

(como os judeus no holocausto.)

Nenhuma palavra...

Não fazem um gesto,

Se ao menos sorrissem,

(nem que fosse por desprezo.)

OH! Infindo dilema,

cujo caos desconhece,

a verdade não explica...

Por que não vai procurar

Outros sonhos,

Ou mesmo qualquer viajante?

Os viajantes sim,

eles precisam de companhia,

desse viver ensurdecedor.

Que comove,

Agrada e

Desaparece.

E tudo que eu quero

É um mundo justo,

Alguém com quem dividir os sonhos,

Mas, na impossibilidade

de me concretizar como novo

me contentaria com um encontro.

Um bom papo,

sorvete de ameixa,

sentar na calçada...

Mas, eles são irredutíveis,

não se comovem,

nem sabem o que é compaixão.

E eu nem ao menos os conheço.

Não sei nem se são reais,

Virtuais ou imaginários.

Será que existem só no desejo

quixotesco de acreditar,

querer e logo depois desistir?

Sinto

e sinto mesmo,

mas eu não tenho nada de novo...

Lamento, não era para eu existir.

Mas não sou um suicida,

Não tenho tanta coragem assim.

Chego!

mas como já disse,

o meu desejo era ser realmente feliz.

Fico

com vontade

e sabor de novo.

Sabor do qual não provei

e imerso numa vontade

que nunca sentirei.

Não se pode sentir vontade

de algo inventado.

Ou pode?

Penso que não é necessário

pedir desculpas.

Ou é?

Na dúvida,

não me levem tão a sério,

( Acreditam em mim?)

Mas se for o caso

desculpem-me.



Razek Seravhat