30 de abril de 2010

Ocupação 17 de abril

Em 1996, lutávamos pela vida nas terras do Pará, quando 19 companheiros foram mortos.Mas continuamos na luta, inclusive nas cidades.
Agora, homenageamos a memória dos lutadores de Eldorado dos Carajás, nomeandoa primeira ocupação urbana do Ceará 17 DE ABRIL.
Venha conhecer o acampamento e apoiar a resistência, que já dura 18 dias.Vai ser um momento de encontro e confraternização.
Sábado, 1º de maio de 2010, às 16 horasAvenida Perimetral x Avenida I - José Walter

Feliz por nada

"Geralmente, quando uma pessoa exclama “Estou tão feliz!”, é porque engatou um novo amor, conseguiu uma promoção, ganhou uma bolsa de estudos, perdeu os quilos que precisava ou algo do tipo. Há sempre um porquê. Eu costumo torcer para que essa felicidade dure um bom tempo, mas sei que as novidades envelhecem e que não é seguro se sentir feliz apenas por atingimento de metas. Muito melhor é ser feliz por nada.

Digamos: feliz porque ainda é abril e temos longos oito meses para fazer de 2010 um ano memorável. Feliz por estar com as dívidas pagas. Feliz porque se achou bonita. Feliz porque existe uma perspectiva de uma viagem daqui a alguns meses. Feliz porque você não magoou ninguém hoje. Feliz porque daqui a pouco será hora de dormir e não há melhor lugar no mundo do que sua cama.

Esquece. Mesmo sendo motivos prosaicos, isso ainda é ser feliz por muito.

Feliz por nada, nada mesmo?

Talvez passe pela total despreocupação com essa busca. Essa tal de felicidade inferniza. “Faça isso, faça aquilo”. A troco? Quem garante que todos chegam lá pelo mesmo caminho?

Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e não atormenta o dos outros. Mas não estando alegre, é possível ser feliz também. Não estando “realizado”, também. Estando triste, felicíssimo igual. Porque felicidade é calma. Consciência. Felicidade é ter talento para aturar, é divertir-se com o imprevisto, transformar as zebras em piadas, assombrar-se positivamente consigo próprio: como é que eu me meti nessa, como é que foi acontecer comigo? Pois é, são os efeitos colaterais de se estar vivo.

Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem.

Se quiser ser mestre em alguma coisa, tente ser mestre em esquecer de você mesmo. Liberte-se de tanto pensamento, de tanta procura por adequação e liberdade. Ser uma pessoa adequada e livre – simultaneamente! – é uma senhora ambição.
Demanda a energia de uma usina. Para que se consumir tanto?

E tempo esgotado para o questionário de Proust, essa mania de ter que responder quais são seus defeitos, suas qualidades, sua cor preferida. Chega de se autoconhecer! Você já está aqui, já tem seu jeito, já carimbou seu estilo e assumiu que é um imperfeito bem intencionado.

Feliz por nada talvez seja isso. "

28 de abril de 2010

Declaração de voto

Declaração de voto – Frei Betto

Voto este ano, para presidente da República, no candidato decidido a implementar reformas estruturais tão prometidas e jamais efetivadas: agrária, tributária, política, judiciária. E que a previdenciária e a trabalhista não sejam um engodo para penalizar ainda mais os trabalhadores e aposentados e beneficiar grandes empresas.
Voto em quem se dispõe a revolucionar a saúde e a educação. É uma vergonha o sucateamento do SUS e do ensino público. De 190 milhões de brasileiros, apenas 30 milhões se agarram esperançosamente na boia de salvação dos planos privados de saúde. Os demais são tratados como cidadãos de segunda classe, abnegados penitentes de filas hospitalares, obrigados a adquirir remédios onerados por uma carga tributária de 39% em média.Segundo o MEC, há 4,1 milhões de brasileiros, entre 4 e 17 anos de idade, fora da escola. Portanto, virtualmente dentro do crime. Nossos professores são mal remunerados, a inclusão digital dos alunos é um penoso caminho a ser percorrido, o turno curricular de 4 horas diárias é o verniz que encobre a nação de semianalfabetos.
Voto no candidato disposto ao controle rigoroso de emissão de gás carbônico das indústrias, dos pastos e das áreas de preservação ambiental, como a Amazônia. Não se pode permitir que o agronegócio derrube a floresta, contamine os rios e utilize mão de obra desprotegida da legislação trabalhista ou em regime de escravidão.
Voto em quem se comprometer a superar o caráter compensatório do Bolsa Família e resgatar o emancipatório do Fome Zero, abrindo a porta de saída para as famílias que sobrevivem à custa do governo, de modo que possam gerar a própria renda.
Voto no candidato disposto a mudar a atual política econômica que, em 2008, canalizou R$ 282 bilhões para amortizar dívidas interna e externa e apenas R$ 44,5 bilhões para a saúde. Em termos percentuais, foram 30% do orçamento destinados ao mercado financeiro e apenas 5% para a saúde, 3% à educação, 12% a toda a área social. Voto no candidato contrário à autonomia do Banco Central, pois a economia não é uma instância divorciada da política e do social. Voto pela redução dos juros, a desoneração da cesta básica e dos medicamentos, o aumento real do salário mínimo, a redução da jornada semanal de trabalho para 40 horas.
Voto na legalização e preservação das áreas indígenas, de quilombolas e ribeirinhos, no diálogo permanente com os movimentos sociais e repúdio a qualquer tentativa de criminalizá-los, nas iniciativas de economia solidária e comércio justo, na definição constitucional do limite máximo de propriedade rural.
Voto no candidato convicto de que urge reduzir as tarifas de energia destinada ao consumo familiar e de uso de telefonia móvel. Disposto a valorizar fontes alternativas de energia, como a solar, a eólica, a dos mares e lixões etc. E que seja contrário à construção de termoelétricas e hidrelétricas nocivas ao meio ambiente.
Voto no candidato que priorize o transporte coletivo de qualidade, com preços acessíveis subsidiados; exija a identificação visível dos alimentos transgênicos oferecidos ao consumidor; impeça a participação e uso de crianças em peças publicitárias; e condene veementemente o trabalho infantil.
Voto no candidato decidido a instalar a Comissão da Verdade, de modo a abrir os arquivos das Forças Armadas concernentes ao período ditatorial e apurar os crimes cometidos em nome do Estado, bem como o paradeiro dos desaparecidos.
Voto em quem dê continuidade à atual política externa, de fortalecimento da soberania e independência do Brasil, diversificação de suas relações comerciais, apoio a todas as formas de integração latino-americana e caribenha sem a presença dos EUA; direito de o nosso país ter assento no Conselho de Segurança da ONU; de repúdio ao criminoso bloqueio dos EUA a Cuba e à instalação de bases militares estadunidenses na América Latina. Voto, sobretudo, em quem apresentar um programa convincente de redução significativa da maior chaga do Brasil: a desigualdade social.Este o meu voto. Resta achar o candidato.

26 de abril de 2010

Sobre companheiro Zé Maria

UM GRITO DE DENÚNCIA, UMA NOTA CONTRA A VIOLÊNCIA: JUSTIÇA AO COMPANHEIRO JOSÉ MARIA FILHO


Um crime provoca indignação e perplexidade: o assassinato de Zé Maria, 44 anos, ocorrido neste dia 21 de abril de 2010. Ele era presidente da Associação Comunitária São João do Tomé, presidente da Associação dos Desapropriados Trabalhadores Rurais Sem Terra – Chapada do Apodi, liderança do movimento social – filho da comunidade do Sítio Tomé - Limoeiro do Norte – CE,. As razões do assassinato se encontram no bojo dos conflitos provocados pela presença do agrohidronegócio, instalado em meados da década de 1990 na região jaguaribana. Esses conflitos trouxeram uma realidade de profundas injustiças sociais para a nossa região. A comunidade de Tomé bem como outras que se localizam na Chapada do Apodi sofrem o descaso e o desrespeito dos órgãos públicos e a irresponsabilidade das grandes empresas que se fixaram na Chapada e que atentam contra o meio ambiente e a saúde da coletividade.
Desde o início, Zé Maria se envolveu nas diferentes lutas contra essas injustiças, estando presente no Grito dos Excluídos, no Fórum Regional e seminários contra os Agrotóxicos, discutindo a problemática do uso da água. Sua voz ecoou em todo o Vale do Jaguaribe através das emissoras de rádio denunciando as violações dos direitos humanos que vitimam as comunidades da Chapada do Apodi.
Sua solidariedade inconteste o impulsionava ao debate e a denúncia cotidiana. Assumindo a defesa dos interesses coletivos, o bravo companheiro levou a todos os locais e momentos significativos das lutas os problemas dos trabalhadores rurais sem terra da Chapada do Apodí, as angústias e incertezas de centenas de famílias que recebem água contaminada e os infortúnios de dezenas de famílias que moram em casa de taipa na Comunidade do Tomé.
Este envolvimento o fez vítima. Vítima de quem? De que? Vítima dos conflitos (terra, água, agrotóxico) gerados pelo modelo de desenvolvimento do agrohidronegócio e, também, da inoperância e da negligência dos poderes públicos em solucionar esses conflitos.
Nos capítulos de nossa história muitos foram os/as companheiros/as que tombaram vítimas da expansão do agronegócio, da ganância desenfreada dos senhores do capital e da virulência social dos poderosos. Dentre eles/elas podemos citar o ecossocialista Chico Mendes, Pe. Josimo defensor da reforma agrária, a sindicalista Margarida Alves e a missionária Ir. Dorothy Stang. Seja com o seu exemplo de vida, seja na forma como lhe ceifaram a vida, Zé Maria assemelha-se a todos/as eles/as. E assim como a luta e a memória dos bravos lutadores não foram apagadas com a violência perpetrada por seus assassinos, também não serão esquecidos os teus gritos contra o agrotóxico, a tua defesa pela vida. É na Campanha da Fraternidade deste ano de 2010 que nos inspiramos para continuar a defesa dos direitos humanos, atentando para o ensinamento de Jesus: Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro ( Mt. 6, 24).
É com essa determinação que os movimentos e instituições que assinam esta nota vêm a público se solidarizar com a família do companheiro e com toda a Comunidade do Sítio Tomé, repudiar todas as formas de violência, exigir a apuração rigorosa do crime e a punição dos culpados.




Limoeiro do Norte, 21 de abril de 2010.



CÁRITAS DIOCESANA DE LIMOEIRO DO NORTE
NÚCLEO TRAMAS – UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
RENAPE – REDE NACIONAL DE ADVOGADO POPULAR
MAB – MOVIMENTO DOS ATINGIDOS POR BARRAGEM
CPT – COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – DIOCESE DE L. DO NORTE
PASTORAIS SOCIAIS – DIOCESE DE LIMOEIRO DO NORTE
MST – MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM-TERRA
FAFIDAM – FACULDADE DE FILOSOFIA DOM AURELIANO MATOS

RELIGIÃO E CULTURA


RELIGIÃO E CULTURA











Religião e cultura
Por: Maria Clara Bingemer 
O mundo em que  vivemos não é mais como aquele onde viveram nossos antepassados, nossos avós, as gerações que sempre nasceram e se criaram cercados dos símbolos, dos sinais e das afirmações da fé cristã e – mais do que isso – católica.  Hoje vivemos num mundo onde a religião muitas vezes desempenha mais o papel de cultura e força civilizatória do que propriamente de credo de adesão que configura a vida. Mais ainda: vivemos num mundo  plural em todos os aspectos e termos.  Desejamos dizer com isso que a pluralidade advinda da globalização afeta não apenas os terrenos econômico e social, mas igualmente os  políticos, culturais e também religiosos. 
Em nossos dias as pessoas nascem e crescem no meio de um mundo onde se cruzam, dialogam e interagem de um lado o ateísmo , a descrença e/ou a indiferença religiosa, e de outro lado várias religiões, antigas e novas que se entrecruzam e se interpelam reciprocamente.  O Cristianismo histórico – e, portanto, também e não menos a fé e a religião em geral -  se encontram  no epicentro desta interpelação e desta pluralidade.
Hoje assistimos à privatização da vida religiosa, que vai de par com a autonomia do homem moderno , diferente da religiosidade que regia o mundo teocêntrico medieval..  Cada um compõe sua própria “receita”religiosa e o campo religioso passa a se assemelhar a um grande supermercado assim como também a um “lugar de trânsito”onde se entra e se sai.  A modernidade não liquidou com a religião, mas esta ressurge com nova força e nova forma, não mais institucionalizada como antes, mas sim plural e multiforme, selvagem e mesmo anárquica, sem condições de voltar a sua configuração  pré-moderna.
O ser humano que viveu a crise da modernidade, ou que nasceu em meio ao seu clímax, e já nada em águas pós-modernas, diferentemente do adepto da religião institucional, que adere a uma só religião e nela permanece; ou mesmo do ateu ou agnóstico, que nega a pertença e a crença em qualquer religião é como um “peregrino” que caminha por entre os meandros das diferentes propostas que compõem o campo religioso, não tendo problemas em passar de uma para outra, ou mesmo de fazer sua própria composição religiosa com elementos de uma e outra proposta simultaneamente.
A experiência religiosa hoje, portanto, é constantemente desafiada a inculturar-se incessantemente, ou seja, a entrar incessantemente e a dizer-se  dentro de uma nova matriz cultural.  Nessa tentativa,  defronta-se hoje com uma outra face que convive lado a lado com  a da secularidade moderna, geradora da suspeita e do ateísmo, onde a Transcendência está submetida à constante e incessante crítica da razão e da lógica iluminista.  E esta outra face é a face da pluralidade .  Face esta que, por sua vez, implicará na existência de  uma inter-face: a das diferentes tentativas do diálogo inter-religioso , da prática plurireligiosa e da religião do outro como condição de possibilidade de viver mais profunda e radicalmente a própria fé.






VÍDEO: CULTURA E RELIGIÃO 
http://www.youtube.com/watch?v=lcPfQAARb1M

25 de abril de 2010

Testamento

Lembrando de minha mãe que já se foi coberta de flores e de minha irmã que está distante, fiz, pensando no Poeta Menor, este soneto, para dizer-lhe que de feliz este mundo nada tem. Só o que existe é consumo, consumo, consumo, sumo, sumo, sumo... Xi! Aqui dá outro poema... Ternura sempre!

Ao velho amigo que pouco cativei,

Às mulheres que nem sempre amei;

Deixo enganos que vejo e não vejo,

Com tentação de um eterno desejo.

Às crianças, a infância terna deixei.

Para os idealistas... O luto que lutei

Que de forte e quente foi benfazejo,

Nunca nem por melancolia; cortejo.

Aos artistas, intelectuais, cientistas,

Deixarei com a tristeza do humano,

Às crueldades, criação do inumano!

Por fim, somente cumpri meu ciclo,

Sem ter emoção de dever cumprido

Tampouco satisfação por ter vivido.

(Razek Seravhat)

20 de abril de 2010

MST ocupa avenida José Bastos

Centenas de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que, desde a noite passada, estão acampados em frente ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), ocuparam, na manhã desta terça-feira, 20, a avenida José Bastos, em Fortaleza. A paralisação da avenida visa chamar a atenção da sociedade cearense e pressionar os governos para que sejam atendidas as seguintes reivindicações:

1 – Assentamento das 90 mil famílias acampadas do MST, priorizando as desapropriações de terras para o assentamento de todas as famílias acampadas do MST, conforme as negociações de agosto, pois o Movimento praticamente não foi contemplado com o assentamento das 8 mil famílias, ocorrido ano passado;

2 – Priorizar o assentamento de novas famílias nas regiões de maiores conflitos e de maior mobilização, onde estão concentrados os acampamentos;

3 – Garantia de recursos para as superintendências nos estados planejarem metas de vistoria e avaliações de imóveis para desapropriações, além de condições para manter as equipes técnicas em campo;

4 – Garantia de recursos para as desapropriações, dos processos já prontos e das áreas para assentar as famílias acampadas;

5 – Atualização dos índices de produtividade;

6 – Investimentos públicos nos assentamentos (crédito para produção, habitação rural, educação

e saúde).

7 – Implementação de crédito emergencial e de projeto de geração de trabalho e renda aos atingidos pelas secas, além de assistência técnica aos assentados e criação de um banco de sementes crioulas.

Além da superintendência em Fortaleza, também estão ocupadas as sedes do Incra em São Paulo, Rio de Janeiro, Pará, Piauí, Paraíba e Pernambuco. As ações fazem parte da Jornada Nacional de Lutas do movimento que, no Ceará, está sendo marcada por ocupações no Interior e na capital. Dentre as ações, também houve, ontem, uma marcha de 15Km que culminou com a ocupação da sede do Palácio do Governo do Ceará por mais de 1.400 trabalhadores e trabalhadoras.

Fleurs du mal - Baudelaire

L'Idéal

Ce ne seront jamais ces beautés de vignettes,
Produits avariés, nés d'un siècle vaurien,
Ces pieds à brodequins, ces doigts à castagnettes,
Qui sauront satisfaire un coeur comme le mien.

Je laisse à Gavarni, poète des chloroses,
Son troupeau gazouillant de beautés d'hôpital,
Car je ne puis trouver parmi ces pâles roses
Une fleur qui ressemble à mon rouge idéal.

Ce qu'il faut à ce coeur profond comme un abîme,
C'est vous, Lady Macbeth, âme puissante au crime,
Rêve d'Eschyle éclos au climat des autans;

Ou bien toi, grande Nuit, fille de Michel-Ange,
Qui tors paisiblement dans une pose étrange
Tes appas façonnés aux bouches des Titans!

Charles Baudelaire

19 de abril de 2010

Sobre o bem viver

Da Conferência dos Povos

COORDINADORA ANDINA DE ORGANIZACIONES INDÍGENAS – CAOI
Bolivia, Ecuador, Perú, Colombia, Chile, Argentina

Debate del Buen Vivir

Armonía de la Comunidad de la Naturaleza

El Buen Vivir se ha constituido en la propuesta central de las organizaciones indígenas frente a la crisis de la civilización dominante. Para avanzar en esta propuesta y difundirla, la Coordinadora Andina de Organizaciones Indígenas, CAOI, realizó el jueves 28 de enero del 2010 el Foro Público “El Buen Vivir de los Pueblos Indígenas Andinos”, en el Auditorio Faustino Sánchez Carrión del Congreso de la República. Entregamos aquí la exposición de Luis Macas, líder indígena kichwa del Ecuador.
Estamos aquí para compartir las ideas, debatir y reflexionar juntos, para construir propuestas. Porque, como que los representantes de los Estados que son los gobiernos se están aburriendo ya; dicen que los indígenas solamente gritan, patalean, hacen sus protestas, pero sin propuestas. Y, de manera permanente, el movimiento indígena lo que ha hecho es precisamente presentar propuestas. No propuestas acabadas por supuesto, son propuestas que van en dirección de mejorar. Son propuestas que no van únicamente hacia las naciones originarias, los pueblos originarios, sino mirando la totalidad de la realidad actual que vivimos en esta extensión del territorio que denominamos Abya Yala.
Toda sociedad es el resultado de un proceso social, económico, político, cultural, histórico determinado. Los pueblos o las naciones, los que estamos aquí, los que nos hemos visibilizado en estos últimos tiempos, los seres humanos, somos el producto de la vida en sociedad. No puede ser de otra manera, por eso hay que poner en la mesa de debate estas propuestas, porque se cree que en estos días nacen de la nada las propuestas de las naciones y pueblos originarios, eso es lo que los gobiernos nos han cuestionado.
Principios del Buen Vivir
La convivencia es posible en tanto existan los consensos y la voluntad y las condiciones para lograr la armonía en la comunidad, obviamente la comunidad y la naturaleza. Estas formas de relaciones determinan las formas y los sistemas de vida en los seres humanos. Es decir que somos colectivos. Todos los pueblos originarios, incluso en el occidente, nacieron así. Luego nos individualizan, nos ciudadanizan, que es prácticamente romper con una vida para imponernos otra totalmente distinta.
Ahora decimos en el Ecuador, como ironía, está ya colgado en la Constitución el sumak kawsay. Pero preguntamos si eso está reflexionado, para qué sirve y por qué está en la Constitución Política del Estado. Está claro que esto se origina en la vida, en la práctica, en la cotidianidad de nuestros pueblos.
El Sumak, es la plenitud, lo subime, excelente magnífico, hermoso(a), superior.
El Kawsay, es la vida, es ser estando. Pero es dinámico, cambiante, no es una cuestión pasiva
Por lo tanto, Sumak Kawsay sería la vida en plenitud. La vida en excelencia material y espiritual. La magnificencia y lo sublime se expresa en la armonía, en el equilibrio interno y externo de una comunidad. Aquí la perspectiva estratégica de la comunidad en armonía es alcanzar lo superior.
El sistema comunitario se sustenta en los principios del randi-randi: la concepción y práctica de la vida en reciprocidad, la redistribución, principios que se manejan y están vigentes en nuestras comunidades. Se basa en la visión colectiva de los medios de producción, no existe la apropiación individual, la propiedad es comunitaria.
El ruray, maki-maki, es la organización del trabajo comunitario, que se ha generalizado hoy por hoy en todos los pueblos. En Bolivia se dice la minka o el ayni. La organización del trabajo es así, absolutamente distinta a lo que nos han enseñado en la escuela, con mayor énfasis en la universidad.
El ushay, es la organización social y política comunitaria, que es el poder de la organización, el sistema de organización.
El yachay, los saberes y conocimientos colectivos, se sigue practicando en nuestras comunidades. Los saberes no son individuales sino colectivos, la transmisión de esos conocimientos va de generación en generación.
Propuesta de lo diverso
Hay un momento en que esto se rompió para decir que el conocimiento, los sistemas económicos, el sistema de organización son únicos. Los pueblos indígenas tenemos que decir que eso no es así. La pluralidad de los sistemas expresan la ruptura epistemológica. El sistema económico, político, de organización de nuestros pueblos, es absolutamente distinto, no tiene que ver nada con eso que nos han enseñado. Incluso el sistema democrático es una concepción absolutamente ajena a las comunidades, porque nosotros practicamos los consensos.
La propuesta de lo diverso genera el rompimiento del pensamiento único, universal y homogéneo. Esto es lo que provoca las reacciones de los representantes de los sectores dominantes en cada uno de nuestros países. Porque no cambia nada hasta estos días, en ninguna parte de este continente, porque todo sigue siendo igual.
Hay mucho por discutir, pero he querido abonar las ciencias sociales en América Latina desde el punto de vista del Ecuador. El movimiento indígena en su conjunto eleva la voz y dice que aquí no hay el monismo cultural ni el monismo jurídico.
Desde nuestro punto de vista advertimos la presencia de dos matrices civilizatorias que han convivido durante 500 años y más:
- La matriz civilizatoria occidental-cristiana y centenaria, que es eurocéntrica, egocéntrica, decimos centenaria porque es reciente.
- La matriz civilizatoria indígena y milenaria, que existe desde hace 10 mil años.
Por eso decimos que hay múltiples paradigmas. Ya no existe un solo paradigma, ese paradigma universal que es el occidental. Occidente anula la existencia de otros sistemas y paradigmas, como el paradigma de Oriente, el paradigma de Abya Yala, el paradigma de África. El paradigma de Occidente viene acompañado por el cristianismo.
Acumulación y mercantilización
El sistema occidental establece como su modelo dominante y universal el capitalismo, cuya esencia es la acumulación. Su base es la apropiación de los medios de producción, la privatización de la Madre Naturaleza. Incluso los conceptos los debemos ir revisando, nos han enseñado a decir recursos. Nos dicen recursos humanos, recursos naturales, porque todo tiene que ver con la mercantilización de las cosas, la mercantilización del ser humano, en ese sentido ellos han puesto los nombres perfectos.
El sistema occidental se sustenta en la explotación del trabajo del ser humano. Se considera el sistema económico, político, de la vida, único, válido y global, ese es el sistema occidental.
El concepto de crecimiento económico es la base del desarrollo social, es el símbolo de progreso sin alternativas. El desarrollo y el crecimiento económico bajo el control del mercado, expresión de lo individual y el egoísmo. El modelo procura desarmar las nociones de planificación social y formaciones sociales o colectivas para la ampliación de las fronteras de explotación. A más crecimiento, más acumulación del capital. Así es como se mueve el mundo actual.
Estados Plurinacionales
Los Estados Plurinacionales se sustentan en la diversidad de la existencia de nacionalidades y pueblos, como entidades económicas, culturales, políticas, jurídicas, espirituales y lingüísticas, históricamente definidas y diferenciadas. Se dirigen a desmontar el colonialismo. Si nosotros hubiéramos dicho en los años 70 que el estado se sustenta en naciones, nos hubieran colgado, por eso decimos nacionalidades aun sabiendo que somos naciones. Para desmontar este estado colonial debemos hacerlo desde la autodeterminación de los pueblos.
Pero hay que tener en cuenta que dentro del estado plurinacional no solamente estamos naciones originarias, pueblos originarios. Hay otros, por ejemplo la afrodescendencia que está junto a nosotros en este continente, están los mestizos, algunos dicen blancos mestizos, pero nosotros los conocemos como indios mestizos, y estamos juntos, juntos aunque sea de espaldas. Pero lo que queremos es que construyamos este Estado juntos, un Estado nuevo desde la crítica a las estructuras del Estado. A esa institucionalidad actual hay que darle duro porque son estructuras coloniales. Además, no quedarnos ahí, hay que cuestionar este modelo, tenemos que destruir este modelo, para construir un Estado distinto, nuevo y un modelo distinto de vida.
Dimensiones contrapuestas
Descartes, un representante del pensamiento occidental, dice que el hombre es amo y señor de la naturaleza. Es la visión del capital, el crecimiento económico, que rompe la relación del ser humano con la naturaleza y la ve como recurso, como mercancía y privatizable.
En cambio, el jefe indígena de Seattle – Estados Unidos, dice algo hermoso: “La humanidad no hizo el tejido de la vida, es solo una hebra… y lo que hace con la trama o el tejido se lo hace a sí mismo”. Venimos de ella, vivimos en ella y somos parte de la Pachamama.
Hoy estamos viviendo la crisis planetaria, es porque la estamos haciendo con nuestras propias manos. Nos estamos rasgando las vestiduras, preguntándonos y ahora qué pasa, por qué llueve, por qué hay inundaciones, por qué la sequía, etcétera, es decir el calentamiento global.
La ética y el crecimiento económico son dimensiones contrapuestas, no tiene que ver nada con lo que piensa occidente, porque occidente piensa primero en la explotación de la naturaleza y la humanidad, por eso son dimensiones contrapuestas. El crecimiento y el libre mercado han generado la competitividad, vivimos en una locura, todo es competitividad. En nuestras universidades enseñan esta forma de vida, si no es competitivo, no puede entrar al sistema, simplemente se queda. Esto se contrapone al concepto de complementariedad que existe en nosotros los pueblos originarios, un concepto y práctica que son milenarios. Es una sociedad de competidores, una sociedad de perdedores, de violencia y miseria.
Opción para todos
No es posible la convivencia del Sumak Kawsay y el sistema actual, no puede ser un sistema de este Estado, hay que pensar fundamentalmente en el cambio de estructuras de este Estado y construir uno nuevo, pero hecho con nuestras manos, con las manos de todos y todas. Estamos presentando una propuesta como opción de vida para todos, no es una propuesta indígena para los pueblos indígenas sino para toda la sociedad.
Debemos llegar a acuerdos, consensos entre los diferentes sectores hacia la construcción de una sola agenda, una propuesta de lucha y al entendimiento del Sumak Kawsay. El objetivo es recuperar y desarrollar nuestros sistemas de vida, instituciones y derechos históricos, anteriores al Estado, para descolonizar la historia y el pensamiento.
-- Norma Aguilar Alvarado**********************************Área de ComunicacionesCoordinadora Andina de Organizaciones Indígenas - CAOIEcuador-Colombia-Perú-Bolivia-Chile-ArgentinaDirección: Jr. Carlos Arrieta # 1049 Santa Beatriz, Lima - PerúTelefax: 0051-1-2651061 Celular: 945198300Sitio web: www.minkandina.org

18 de abril de 2010

Sobre a taxa de esgoto

M A N I F E S T O D E L A N Ç A M E N T O D A C A M P A N H A
“ESGOTO JÁ – SEM EXPLORAR!”
PELA REDUÇÃO DA TAXA DE ESGOTO COBRADA PELA CAGECE

Nós, as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) de Fortaleza, junto às Pastorais Sociais, à CÁRITAS Arquidiocesana e os diversos movimentos populares, decidimos vir a público, sensibilizadas pela resistência de inúmeras famílias cearenses, de baixa renda, contra a ligação de seus domicílios à rede de esgotamento sanitário. Quem já paga a conta d’água com sacrifício, não está podendo encarar um valor dobrado, com a inclusão da tarifa do esgoto. Entendemos que a rede de esgotamento sanitário deve abranger, sim, todos os domicílios cearenses. Mas a taxa cobrada por tal serviço não pode se constituir em um sério obstáculo contra esta meta salutar, como atualmente está acontecendo no Ceará. Consideramos a prática da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE) de vincular a tarifa do esgoto ao consumo d’água numa proporção de 100 % abusiva e de um ônus social insuportável, não só para famílias de baixa renda, mas para todos os domicílios cearenses. Cabe a nós, cidadãs e cidadãos conscientes de seus direitos sociais inegociáveis, exercermos o controle social sobre os órgãos gestores de bens públicos. A Lei 11.445, de 5-1-2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, exige no seu artigo 30, item IV que a estipulação da tarifa de esgoto leve em consideração, entre outros fatores, o da “capacidade de pagamento dos consumidores”. A campanha de coleta de assinaturas lançada em público, no dia 19 de abril, na Praça do Ferreira, a partir das 16 h, pretende dar visibilidade e força política ao protesto de tantas famílias sufocadas sob o peso de contas e taxas exorbitantes em nosso Estado.

Chega de exploração! Vamos à luta por uma taxa de esgoto justa!

As Comunidades Eclesiais de Base da Arquidiocese de Fortaleza

15 de abril de 2010

um poema

Chãos...
Percorro caminhos
Caminhos iniciados no colo de minha mãe
Andanças assumidas como geografias do afeto e da luta.
Territórios batizados por nomes, cores, cheiros.
Chão é onde tem gente.
Gente é o meu chão.

Jornada de Lutas: MST ocupa área de 500 hectares em Fortaleza

Mais de 300 famílias integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam, na madrugada desta quinta-feira, 15, o Sítio São Jorge, uma fazenda de 500 hectares localizada entre a Avenida Perimetral e a Avenida I, no bairro José Walter, em Fortaleza. “É um latifúndio urbano que pertence a uma família ligada ao capital imobiliário e que continua sem produzir nada, enquanto mais de 150 mil pessoas, entre elas muitas vindas do Interior, não têm onde morar nesta cidade.”, explica o coordenador do Setorial de Comunicação do MST. Essa é a primeira ocupação do MST-CE em área urbana, e se trata de uma experiência recente no país. Em Belo Horizonte (MG), por exemplo, a ocupação urbana do MST transformou-se em uma comuna, com espaços de produção e de lazer construídos e vivenciados coletivamente.

A ação faz parte da Jornada de Lutas do movimento, que ocorre, desde 1997, no mês de abril, em memória ao massacre de Eldorado dos Carajás. No Ceará, outra ações estão ocorrendo, como é o caso da ocupação, por 100 famílias, da fazenda Currais Novos, em Madalena. As ações buscam pressionar o governo e a sociedade para que a Reforma Agrária seja efetivamente implementada, pois avalia-se que, após 14 anos do massacre, o país ainda não resolveu os problemas sociais no campo, vide a recorrente ocorrência de conflitos. Só em 2009, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra, 25 trabalhadores rurais foram mortos. Por outro lado, cresce a ofensiva contra os movimentos sociais.

O MST é alvo dessa criminalização, por isso a Jornada de Lutas deste ano levanta a bandeira da campanha “Lutar não é crime” e traz à tona as seguintes reivindicações:

1- Assentamento das 90 mil famílias acampadas do MST;
2- A atualização dos índices de produtividade;
3- Garantia de recursos para as desapropriações, dos processos já prontos e das áreas para assentar as famílias acampadas;
4- Investimentos públicos nos assentamentos (crédito para produção, habitação rural, educação e saúde).

Mais informações:

Lourdes Vicente (MST) - 9110.0535

Helena Martins - 8793.4091

14 de abril de 2010

O Homem


Um cientista vivia trancado em seu laboratório, procurando respostas para os problemas do mundo.Certo dia, seu filho de sete anos invadiu sua sala, decidido a ajudá-lo. Impaciente, o cientista pediu que o filho fosse brincar em outro lugar, no entanto, sem sucesso.Então procurou algum objeto que pudesse entreter a curiosidade do menino, logo encontrando o mapa-múndi impresso na página de uma revista.Recortou o mapa em vários pedaços, pegou um rolo de fita adesiva e entregou tudo ao filho, dizendo:
- Você gosta de quebra-cabeças?Então vou lhe dar o mundo, todo quebrado, para consertar. Veja se consegue fazer tudo direitinho.
Calculou que a criança levaria dias para recompor o mapa.Porém, algumas horas depois, ouviu a voz do filho:
- Pai, pai, já fiz tudo. Consegui terminar todinho!
Incrédulo, o cientista levantou os olhos de suas anotações, certo de que veria uma mapa sem sentido. Mas, para sua surpresa, o mapa estava completo, com tudo em seus devidos lugares.
- Você não sabia como era o mundo, meu filho. Como conseguiu?
- Pai , eu não sabia como era o mundo, tentei consertar, mas não consegui.Mas quando você tirou o papel da revista para recortar, eu vi que, do outro lado, havia a figura de um homem. Então lembrei disso, virei os recortes e comecei a consertar o homem que eu sabia como era. Quando consegui consertar o homem, virei a folha e vi que havia consertado o mundo.

Poesia sem sucesso

Procura-se

É possível encontrar o amor?
Em cada rosto, o sol.
Será?
O amor,
Será?
Durmo em teu peito
De jeito, suspeito
Verdade, já vi
Tudo é avesso
Falso desejo
Devolvo o rubi.

11 de abril de 2010

DIAS DE CHUMBO II?

Fonte: O Povo - Mauri Melo

É preciso esclarecer à população que o Beco da Poeira, este patrimônio simbólico do povo pobre de Fortaleza, foi uma conquista histórica dos ambulantes liderados pela APROVACE, e não uma dádiva, ainda na época da Maria Luiza, reformado no período Ciro Gomes e Juracy, como forma de resolver os problemas sociais do Centro. Por outro lado, a Associação esteve sempre aberta para dialogar com o poder público, mas não foi ouvida.


A Prefeitura passa o "trator" sobre os ambulantes de forma "antidemocrática", beneficiando os grandes empresários do CDL no estilo elitista de governar, mas como se fosse em nome do povo.


Falta uma política pública em Fortaleza que respeite os ambulantes e suas representações, falta um projeto de desenvolvimento econômico e sustentável elaborado e executado a partir de um planejamento estratégico coletivo que considere a participação de toda a sociedade civil, e em particular dos atingidos diretamente pelas mudanças necessárias, ou seja, os ambulantes.


Infelizmente, a Luizianne repete o jeito de governar da elite, pois, revitalizar o centro significa limpar e higienizar a cidade sem o povo nele, ou se tem povo que seja subjugado, tratado como capacho, que perda seus direitos e conquistas históricas.


No mérito, o centro tem que ser revitalizado, o Metrofor tem que ser concluído, a cidade tem que ser limpa, mas não à custa do povo, e nenhum ambulante discorda da mudança, só não aceita ser tratado como "drogado, marginal, incapaz", ao contrário, o ambulante quer ser ouvido e participar até porque foi o ambulante que manteve o centro vivo, enquanto os empresários e o poder público o abandonaram.


Fortaleza se curva hoje, mas a questão dos ambulantes é tão gritante quanto o Estaleiro e a reformas habitacionais que visam à copa do mundo. Tem mais, só que por enquanto, basta!


Joatan Junior - Relações Públicas

Veja: http://aprovace.blogspot.com

10 de abril de 2010

DIAS DE CHUMBO?

Fonte: O Povo - Mauri Melo

Dias de chumbo da Prefeita que lembram os anos de chumbo da Ditadura Militar. A Prefeitura não quer solucionar o problema da má distribuição de renda, ao contrário, a partir do enfraquecimennto econômico dos mais simples favorece o CDL e a visão higienista da elite e da pequena burguesia.

Não escutou ninguém, passou o trator no estilo "stalinista" que fala em nome do povo para cometer seus crimes históricos. Falta uma visão estratégica na prefeitura que considere o desenvolvimento econômico sustentável dos ambulantes a partir de um planejamento estratégico coletivo, com a participação dos ambulantes, e não somente estatal. É um erro histórico da Luizianne, pois fortalece o aparelho de controle e repressão do Estado em detrimento da sociedade civil e dos mais simples.

Quem hoje aplaude a prefeitura é a direita e não o povo, é só pesquisar na periferia e entre os familiares, amigos, clientes dos ambulantes e o povo simples em geral. Abraços!

Joatan Junior - Relações Públicas

Veja: http://aprovace.blogspot.com

A Barbárie


Se um dia alguém chegar aqui neste blog e começar a passar seus olhos por essas palavras eu peço que fique por mais alguns minutos, por favor! Continue caminhando com suas órbitas oculares e deixe essas palavras ganharem voz e vida em você.

Eu fiz isso, percorri palavras de um livro chamado Barber, BR., 2009. Consumido - Como o mercado corrompe crianças, infantiliza adultos e engole cidadãos. Editora Record. Ao fazer isso, “ouvi com meus olhos” (na verdade com o cérebro, claro) as palavras de Benjamin R. Barber, teórico político norteamericano e defensor do capitalismo. Ah! Não do capitalismo atual de consumismo pelo consumismo, com seu núcleo de expressão nos EUA, mas de um tipo de retorno ao “etos protestante”, ou mesmo pela mais pura admiração a obra de Max Weber.

Bem, concordo em grande parte com os seis primeiros capítulos desse livro. Escrevo até que o livro é genial e não vai deixar você respirar até terminá-lo. O capitalismo de consumo é a fase de deterioração de toda natureza humana. A vida para quem pode comprar coisas passou a ser determinada por isso. As pessoas passaram a ser escravas de marcas de fantasia sem qualquer vínculo com suas necessidades reais. “Vestir carrões”, porque o carro é você, ter um tênis de marca famosa, porque a marca reflete esporte, saúde e juventude... Nada disso é real de verdade. Automóveis são máquinas de transporte e roupas são vestes. As fantasias humanas de consumo são loucuras de um primata que perdeu seu lugar na natureza. Um macaco alienado!

Tudo isso você encontrará em Barber (2009). Entretanto, eu ando muito incomodado com outras coisas. Vejamos, quem não lembra no início desta década o quanto estávamos (e ainda estamos) assustados com o aumento da violência? Lembram da análise feita e amplamente divulgada pela mídia? O culpado pela violência são as pessoas que compram armas, estas mesmas armas ao invés de prevenir contra crimes, acabavam nas mãos dos “marginais”. A solução? Criamos o Estatuto do Desarmamento (Lei 10826 de 22 de dezembro de 2003) e lá fomos nós todos envolvidos em uma campanha nacional para entregar as armas domésticas. Sete anos após isso, o crime diminuiu? Olhem só para a foto abaixo e respondam se uma arma doméstica faria isso:

Escrevo em caixa alta para não ser confundido ou mal interpretado: EU NÃO DEFENDO ARMAS EM CASA, EU NÃO TENHO E NÃO VOU COMPRAR ARMA ALGUMA, EU DEFENDO A PAZ PARA TODOS!

Ok, mas onde eu quero chegar então? Simples, o discurso falso e covarde que uma sociedade de pequenos burgueses faz para fugir as suas responsabilidades e continuar em seu mundinho inalterado e tranqüilo, pelo menos assim o desejam.

Vejam as fotos abaixo:

Milhões de pessoas mergulhadas na pobreza, milhões de pessoas como eu e você agredidas por duas ações danosas: (1) a falta de tudo (necessidades reais de sobrevivência e cidadania) e (2) o bombardeio da propaganda que gera necessidades falsas e símbolos do glamour consumista. Primeiro, na falta de tudo, isso, claro, inclui a educação... PRESTE BASTANTE ATENÇÃO NISSO, SEM EDUCAÇÃO = MERGULHAR EM MUNDOS MÍSTICOS TÍPICOS DOS CLÃS PLEISTOCÊNICOS.

Quando falo educação, não é uma escola caindo aos pedaços com professores remunerados com salários mínimos. Educação interpreto aqui como ter consciência do porquê das coisas, ter o mínimo de conhecimento sobre história, política e ciência. Isso constrói uma visão de mundo! Ou seja, sem conhecimentos básicos, esse “ser-no-mundo” continuará vivo, tentando compreender por que a vida é o que é e, mais ainda, qual o seu objetivo.

Preste atenção em você agora! Lembre-se que sua cognição é tão grande que vez por outra você se pega falando com objetos! A televisão com defeito, o livro que abraça com carinho, ou a porta que chuta com raiva. Sua cognição é tão flexível que você pode literalmente AMAR O SEU CARRO, ATÉ MAIS DO QUE OUTRAS PESSOAS... Afinal, tem gente que espanca e mesmo mata outra, por causa de um arranhão, ou amassado na lataria de seu automóvel. Tudo isso não possui vida, tudo isso não irá responder aos seus sentimentos.

Segundo, a propaganda faz parte do narcisismo capitalista, onde os negócios comandam gastos libertinos em falsos desejos, enquanto ignoram as reais necessidades humanas. Somos o que compramos – somos as marcas que consumimos. Comprar e consumir não são um aspecto do comportamento, mas definidores do significado da vida (Barber, 2009).

Muito bem, vamos costurar tudo agora. Milhões de pessoas ignoradas na miséria, entregues à sua própria sorte e agredidas pelos outdoors e comerciais de pessoas brancas felizes em seus condomínios de luxo, dirigindo tanques urbanos, identificadas por símbolos de falso glamour e, nos casos extremos, literalmente comendo ouro com sorvete!

Agora vamos ao cerne das coisas, ok! A classe média é justamente isso: um etos de covardia e falsa propaganda! Primeiro porque sabe tudo que está errado. Uma educação básica deixa todo mundo sabendo que enquanto houver concentração de renda, a miséria de milhões é a origem da violência e destruição do meio ambiente.

Mas, o que vemos na TV, jornais e conversas nas ruas é um contra-senso. A violência é culpa dos cidadãos que compram armas, as enchentes são culpa das pessoas que jogam lixo no chão, o clima está mudando porque usamos sacolas plásticas, ou mesmo ligamos aparelhos eletrônicos. A culpa é minha, a culpa é sua... Nós sabemos disso! Nós sabemos de toda a miséria, dor e desamparo que causamos a milhões de pessoas... das alterações das condições climáticas e recursos naturais essenciais para nossa existência . Todavia, preferimos nos enganar, tipo, “vamos apagar as luzes por MINUTOS para dizer que queremos um mundo melhor!” Ou outra tolice “ hoje [e apenas hoje] eu não vou usar meu carro por um mundo melhor!”

Covardes! Mentirosos! Todos vocês! O dia inteiro, ano após ano, não há descanso ou pausa para o que fazem. Matam destroem tudo com seus hábitos, trancam-se em condomínios de luxo, fazem o chão tremer com seus SUVs, privatizam a saúde pública e acham que minutos com as luzes apagadas está bom para suas consciências?! Olhem mais fotos do que é real:

Isso não irá parar de crescer!!! Sobretudo no mundo capitalista atual.

Voltemos para as duas forças que estão agindo agora nessa massa de milhões de pessoas. Sem educação, o mundo místico toma conta de todas as explicações possíveis. Da alienação vêm as legiões de fanáticos e explodem em nossas portas, basta ter acesso às armas certas e o Jihad vem aí. Afinal, qual é o motivo para os EUA estarem tão dedicados contra o Irã não se tornar uma força atômica? Por que esse interesse pela paz simplesmente não se reflete na extinção de seu próprio armamento nuclear?! Ou por que não há a mesma pressão para todos os países que já são potências nucleares?! É ingênuo pensar assim, não é?! Afinal, império é império, conhecemos a história das políticas e ações (guerras) necessárias para se manter no poder de dominação de outras nações.

O mesmo serve para tudo mais, queimadas, lixo nas ruas, efeito estufa. É de responsabilidade coletiva, de controle coletivo com política de controle realizada pelo estado. Por mais que desejemos individualmente um mundo melhor. A infraestrutura das cidades, transporte coletivo, saúde pública (inclui saneamento), educação, uso racional de recursos não-renováveis, propaganda e marketing e produtos industriais. Tudo isso deve ser controlado por nós coletivamente e nós somos o estado sócio-econômico que construímos.

Se entregarmos o nosso bem estar coletivo nas mãos de desejos individuais sem controle, teremos nosso atual mundo com seus problemas graves e mais a alienação, a infantilização e a destruição da cidadania.

"É proibido proibir"! Ok, mas sem um controle coletivo, nós como indivíduos raramente produziremos uma sociedade saudável. Vejamos, os chimpanzés regulam uns aos outros em sistema de altruísmo recíproco, um “toma-lá-da-cá”, compartilhamento e uso dos recursos. Um macaco egoísta que não divide sua comida e que age apenas para si, terá poucas chances no grupo que é formado por indivíduos cooperativos recíprocos. Em outras palavras, muitas vezes é surrado e expulso do grupo... Caso contrário, não haveria grupo algum formado por chimpanzés egoístas. Viver em grupo para nós símios é prioridade de sobrevivência. Detectar e punir individualistas está em nossa natureza.

Como já escrevi antes aqui, vivemos em um sistema que é contra a nossa natureza humana de empatia, solidariedade e preservação de nosso meio ambiente. As ações individuais de apagar a luz por minutos, não dirigir por um dia, não usar sacola plástica em uma única compra... São apenas desculpas que usamos para aplacar nossa consciência contra todo o mal que sabemos que estamos fazendo.

Digamos que não estamos dispostos a sacrificar nossas vidas para um bem maior. Sacrificar mesmo, em uma revolução de verdade! Nosso povo está mergulhado em alienação de massas, em meio a um sistema sem pátria de consumismo fantasioso e devastador. Ao olhar de frente para essa realidade, esse abismo monstruoso que aumenta dia a dia, muitos já se preparam para o mundo que estamos construindo.

Um mundo que está trancado em condomínios de segurança máxima. Contra o quê? As milhões de pessoas como eu e você que chegam a serem vistas como um exército sem fim e sem controle, de "mortos vivos canibais" do capitalismo sempre à espreita, sempre batendo às portas dos ricos e afortunados!

Vamos controlar as massas com violência... Se precisar, com o exército e todas as suas armas.

Vamos puxar o gatilho de quem já vive fora de nosso mundo de consumo. Afinal, são excedentes descartáveis do sistema.
Chega de conversa fiada sobre “carros econômicos”, nesse novo mundo é bom andar blindado... Ou vocês acham que já não fabricamos carros para andar nas ruas em plena guerra civil?

Isso é a Bárbarie, isso é o mundo que nós vivemos hoje!

Isso lhe faz feliz?!

Como podemos educar nossos filhos na intenção de sermos um tipo de Sarah Conner, mas na prática somos os T-800 Exterminadores do Futuro?!

Os minutos que você apagou a luz na sua casa por um mundo melhor resolverá?

Essas palavras absurdas, escritas por um tolo, cheias de som e fúria... também não valem à pena sem ação!

Isso tudo compõe a barbárie, isso é o mundo que nós vivemos hoje! E não vai parar, não vai partir, não obedece a sonhos, desejos passivos e necessidades.

Se tudo continuar do jeito que está, não há deuses ou demônios que nos salvem de nós mesmos.

VIVER, SOFRER E MORRER... NO CAPITALISMO SELVAGEM E NA BARBÁRIE!!!

Leia também: [clique] Barbárie ou socialismo?

9 de abril de 2010

PROTESTO NO CENTRO


Lamento que a prefeitura não tenha uma política pública capaz de resolver socialmente os problemas do comércio ambulante de Fortaleza. O caso do Beco da Poeira é somente a gota d'água no oceano! Falta um projeto que considere o desenvolvimento econômico sustentável dos ambulantes. Como a prefeitura tem uma visão elitista sobre os ambulantes e comunga com os interesses econômicos do CDL e da FECOMÉRCIO, ela trata o comércio ambulante como marginal e não busca uma alternativa que considere a conquista histórica que é o Beco da Poeira para o centro da cidade e para a população mais pobre. Quando a prefeitura não tem argumentos e política clara, ela usa a força, a manipulação midiática, as acusações oportunistas, o higienismo e o elitismo contra o povo. Abraços!

Joatan Junior - Relações Públicas

http://aprovace.blogspot.com/

7 de abril de 2010

O mundo de Eduardo Galeano

El mundo
Un hombre del pueblo de Neguá, en la costa de Colombia, pudo subir al alto cielo.
A la vuelta, contó. Dijo que había contemplado, desde allá arriba, la vida humana. Y dijo que somos un mar de fueguitos.
—El mundo es eso —reveló—. Un montón de gente, un mar de fueguitos.
Cada persona brilla con luz propia entre todas las demás.
No hay dos fuegos iguales. Hay fuegos grandes y fuegos chicos y fuegos de todos los colores. Hay gente de fuego sereno, que ni se entera del viento, y gente de fuego loco, que llena el aire de chispas. Algunos fuegos, fuegos bobos, no alumbran ni queman; pero otros arden la vida con tantas ganas que no se puede mirarlos sin parpadear, y quien se acerca, se enciende.

6 de abril de 2010

Auxílio-reclusão

O auxílio-reclusão é um benefício devido aos dependentes do segurado recolhido à prisão, durante o período em que estiver preso sob regime fechado ou semi-aberto. Não cabe concessão de auxílio-reclusão aos dependentes do segurado que estiver em livramento condicional ou cumprindo pena em regime aberto.

Para a concessão do benefício, é necessário o cumprimento dos seguintes requisitos:

- o segurado que tiver sido preso não poderá estar recebendo salário da empresa na qual trabalhava, nem estar em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço;
- a reclusão deverá ter ocorrido no prazo de manutenção da qualidade de segurado;
- o último salário-de-contribuição do segurado (vigente na data do recolhimento à prisão ou na data do afastamento do trabalho ou cessação das contribuições), tomado em seu valor mensal, deverá ser igual ou inferior aos seguintes valores, independentemente da quantidade de contratos e de atividades exercidas, considerando-se o mês a que se refere:

PERÍODO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO TOMADO EM SEU VALOR MENSAL
De 1º/6/2003 a 31/4/2004 R$ 560,81 - Portaria nº 727, de 30/5/2003
De 1º/5/2004 a 30/4/2005 R$ 586,19 - Portaria nº 479, de 7/5/2004
De 1º/5/2005 a 31/3/2006 R$ 623,44 - Portaria nº 822, de 11/5/2005
De 1º/4/2006 a 31/3/2007 R$ 654,61 - Portaria nº 119, de 18/4/2006
De 1º/4/2007 a 29/2/2008 R$ 676,27 - Portaria nº 142, de 11/4/2007
De 1º/3/2008 a 31/1/2009 R$ 710,08 – Portaria nº 77, de 11/3/2008
De 1º/2/2009 a 31/12/2009 R$ 752,12 – Portaria nº 48, de 12/2/2009
A partir de 1º/1/2010 R$ 798,30 – Portaria nº 350, de 30/12/2009


Equipara-se à condição de recolhido à prisão a situação do segurado com idade entre 16 e 18 anos que tenha sido internado em estabelecimento educacional ou congênere, sob custódia do Juizado de Infância e da Juventude.

Após a concessão do benefício, os dependentes devem apresentar à Previdência Social, de três em três meses, atestado de que o trabalhador continua preso, emitido por autoridade competente, sob pena de suspensão do benefício. Esse documento será o atestado de recolhimento do segurado à prisão .

O auxílio reclusão deixará de ser pago, dentre outros motivos:
- com a morte do segurado e, nesse caso, o auxílio-reclusão será convertido em pensão por morte;
- em caso de fuga, liberdade condicional, transferência para prisão albergue ou cumprimento da pena em regime aberto;
- se o segurado passar a receber aposentadoria ou auxílio-doença (os dependentes e o segurado poderão optar pelo benefício mais vantajoso, mediante declaração escrita de ambas as partes);
- ao dependente que perder a qualidade (ex.: filho ou irmão que se emancipar ou completar 21 anos de idade, salvo se inválido; cessação da invalidez, no caso de dependente inválido, etc);
- com o fim da invalidez ou morte do dependente.

Caso o segurado recluso exerça atividade remunerada como contribuinte individual ou facultativo, tal fato não impedirá o recebimento de auxílio-reclusão por seus dependentes.