11 de julho de 2009

POR QUE SOMOS SOCIALISTAS?

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Caso não concorde,
Entenda eu.

Somos socialistas porque acreditamos que a política não é corrida de cavalos (os cavalos não dominam as consequências dos seus atos), ao contrário, fazer política é uma questão ideológica e que vai muito além de interesses pessoais fomentados numa vaidade fugaz e num carreirismo, seja coletivo ou individual.

Somos socialistas porque compreendemos que a diversidade deve ser pauta num projeto que propõe coragem pra vida e requer o surgir de outra política.

E não importa se essa diversidade é sexual, cultural, ambiental ou política, desde que o principal não seja o lucro e por conta dele, justifique-se todo e qualquer tipo de exploração em nome de uma economia sustentável que separa a crítica do desenvolvimento da crítica do capitalismo, recaindo num discurso mistificador, que também ameaça a essência do planeta.

Somos socialistas – vivendo no capitalismo – portanto, alguns podem nos julgar idealistas, porque talvez, algum camarada (Eu, por exemplo) não tenha de cor a definição elementar de estado.

Mas, este suposto “idealismo mesmo no campo das idéias”, torna-se anticapitalista quando (o nosso colega) atua nos movimentos paredistas ou faz de seus versos toscos um instrumento em prol da construção de um tripé que elegeu como mote para a sua poesia: a ternura, a amizade e o socialismo.

Também somos socialistas, porque não concordamos com a selvajaria do exército chinês que espancou a minoria mulçumana uiguir em nome de ricas reservas de gás natural e minerais.

E o resultado, só podia ser a morte de cento e cinqüenta e seis seres humanos. Fato que a imprensa burguesa noticiou como confronto, quando na verdade foi só mais um, dos muitos aniquilamentos que ainda virão.

E que serão promovidos pelas forças que sempre que o capitalismo precisa correm em seu auxílio, a saber: a igreja, a imprensa e o exército.

A primeira força, numa atitude de se arvorar em falar em nome de Deus, propaga uma paz inteiramente espiritual, haja vista, o que se tornaram as esdrúxulas figuras dos bispos que em alguns casos ainda tem o apoio do telejornalismo para excomungar em rede nacional o médico que fez o aborto numa criança de nove anos.

Ou se preferirem, o líder de uma bancada evangélica que barra qualquer iniciativa que almeje reconhecer os direitos dos que não são heterossexuais, direitos, que inclusive estão assegurados na constituição (exemplo, a Exclusão de casais homossexuais da nova Lei Nacional de Adoção)

A segunda força, considerando fatos isolados e questões pontuais, assegura que numa sociedade tão distinta, é natural que existam várias classes, logo, espalha com um ar de bom conselheiro que o capitalismo dá oportunidade pra todos e que tudo só depende do empenho de cada um.

Assim, basta que sejamos esforçados para conseguirmos ascender de uma classe pra outra, e nesta toada com o discurso que beira ao cinismo dos oradores fascistas, exalta a trilogia dos três is: indiferença, insensibilidade e individualismo.

Somos socialistas porque não temos nenhuma esperança em administrações que mesmo usando as regras da burguesia, só empenha 46% da sua receita com a folha dos servidores, quando a própria lei dos que fizeram o jogo, admite ser 56%.

E mais, informa com uma desfaçatez quase imaculada que não pode comprometer os 10% restantes por conta da crise do capitalismo. No entanto, admite ter verba para fazer de Fortaleza sede da copa de dois mil quatorze...

E para acolher as obras faraônicas (como a do aquário, por exemplo) que vão animar o turismo comercial no centro da cidade, e assim colaborar com o aumento da prostituição infantil servindo também como suporte para o novo meio de produção do capitalismo: o tráfico humano.

E tudo isso vai ajudar Fortaleza a continuar no mapa da rota internacional desses dois tipos de geração de lucros que é o que realmente interessa para o poder econômico.

Somos socialistas por sinal, pois, não aceitamos o estado brasileiro gastar R$ 700 milhões pra invadir o território do Haiti e com consentimento da ONU, manter tropas do seu exército que funcionam como mais um elemento repressor, e sob a égide argumentativa da ordem, oprimir o povo haitiano.

Somos socialistas também porque não confiamos na polícia da boa vizinhança do ronda que possui em seu quadro, milicianos a serviço de grandes empresários e que numa ação de total sandice, dentro do lindo cenário do pôr do sol cearense, que diga-se de passagem, nem de longe pode lembrar tamanha atrocidade. Resolvem invadir a comunidade “Raízes da Praia”, que sem reagir é totalmente massacrada, tendo ficado inclusive com um adolescente em estado de inconsciência.

Somos socialistas, sobretudo porque nos reanimam os versos de José Martí, a poesia revolucionária de Maikovski e a resistência, mesmo que ingênua, do beato José Lourenço, pois resistir é essencial de qualquer forma e em qualquer circunstância.

Pra finalizar, somos socialistas porque na história da humanidade nunca houve transformação social de fato, sem que houvesse derramamento de sangue. E mais, sabemos que o derramar de sangue já começou e nós precisamos reagir.

Pois, o poder do capital é uma progressão geométrica que mata desde do Oriente Médio à África, passando na Europa, indo por Honduras, Haiti até chegar na nossa vizinha Argentina e desviar aqui pra Fortaleza, aterrissando na favela do gato morto, que não faz pose em nenhum cartão postal, mas têm vidas humanas ceifadas por causa da leptospirose.


E se não reagirmos, o quanto antes, essa matança continuará, pois, o que vai determinar se o poder do lucro é uma progressão crescente ou decrescente, é a nossa luta pela construção do poder popular aliada a uma ação junto com os movimentos sociais.


Sinto. Sinto muito. E sinto mesmo! Mas, hoje não tem poesia.



Razek Seravhat, Ternura Sempre

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