3 de abril de 2010

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

- Eu faço versos como quem morre.
Manuel Bandeira

2 comentários:

  1. Ah! como eu gostaria de ter feito este verso: Eu faço versos como quem morre.

    Digo isso sem inveja, mas com o cuidado de um admirador. Admiração tanto pela poesia, pelo poeta...

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  2. Eu entendo! Tb gostaria de ter dito isso. É tão forte, profundo, verdadeiro...

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Ternura Sempre...