22 de novembro de 2010

Asu, carne de cachorro

Certo dia, Dulcinéia pareceu estar com uma barriguinha visivelmente mais inchada que da última vez que parei pra prestar atenção. Não deu outra, não é que a moleca estava mesmo prenha? Passei, então, a ter mais cuidado com o que ela comia, Quixote até que ficou com um pouquinho de ciúme, mas logo entendeu que poderia tomar vantagem no que estava no prato da namorada.
A questão é que, ao mesmo tempo em que a gente ficava muito feliz com aumento da família, sabíamos que o trabalho em Timor já estava no fim e, querendo ou não, contávamos os dias para voltar para o Brasil. A alegria logo se transformou também em preocupação, já que neste país não se costuma criar cães como animais de estimação, e a gente sabe o que isso significa na vida dos bichos.
Na madrugada de sábado para domingo, Grazi ouviu uns grunhidos da cadela e no dia seguinte a barriguinha da danada estava mesmo vazia.
- Eu cho que Dulcinéia deu cria.
- Que é isso, moça, eu não vi nem um filhote no jardim.
Mas foi só eu ir cortar as folhas da bananeira pra bichinha aparecer aos latidos e saltitante, fazendo que ia correr, como se quisesse me mostrar alguma coisa. E foi, no meio dos entulhos da dispensa, num local mais quieto e quentinho, estavam lá, as cinco bolinhas de pelo dela.
Na segunda-feira, amanheci decidida a encontrar um novo lar para os filhotes quando topei com a professora Maria na Escola.
- Professora, minha cachorrinha deu cria. Estou tão preocupada, porque não tenho com quem deixar. A senhora não sabe quem gostaria de ter cachorrinhos?
- A professora pode deixar todos comigo.
Fiz cara de surpresa.
- Mas ficar com todos?
- Eu tenho uma casa grande em Liquiça, cheia de crianças, pode deixar.
- Ah, então antes de ir embora tenho que dar um jeito de ir até às montanhas pra deixá-los na sua casa.
- Não precisa, professora, pode deixar que venho buscar em Díli.
Pois num é que consegui resolver o caso ligeirinho? Cheguei em casa, pus comida pros cachorros...
- Oh, Graziela, será que a D. Maria de Fátima come cachorro?

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Ternura Sempre...