2 de abril de 2011

A FRENTE DO VERSO



Cuspi na face de quem amava

Beijei com gosto quem odiava

Sussurrei no ouvido de um surdo

Gritei interrompendo um mudo

Subi em baixo da escada

Desci por cima da sacada

Tirei a roupa despido

De barriga cheia sem ter comido

Bati asas no subterrâneo

Energizado a urânio

Liguei pra mim desocupado

Não atendi desinteressado

Costurei cuidadosamente a boca sem linha

Falei ao teria a respeito do tinha

Nessa existência faleci a vida inteira

Com espaço no centro andava na beira

Fui todo tempo o que não era

Era todo tempo a frustação do que não tinha sido

Morri exatamente no dia que havia nascido

(Samuel Paiva)

4 comentários:

  1. Este poema me foi enviado pelo poeta, irmão e colega de ideal Jean Mac cole.

    Ternura sempre!


    ( Samuel Paiva é colaborador do estadosentido.blogspot.com)

    ResponderExcluir
  2. Muito interessante esse poema, gostei mto. ^^

    ResponderExcluir
  3. Como um texto pode ser Interessante e distorcido?

    Não entendi.

    ResponderExcluir

Ternura Sempre...