Depois de uma conversa calorosa com o cientista político Wadson Santos e relendo o Poeta dos seres inanimados, fiz estes versos que de nada servem...
Um abraço e ternura sempre.
O poema será saboreado pela traça
Que não corrói a alma dos homens,
Perdidos no templário da ganância.
O poema ficará restrito no subsolo
da consciência morta.
O poema nunca terá o brilho do gume
Da faca nem o arauto das trombetas
Do bolero de Ravel.
O poema é dor.
Condor que vai, esvai...
O poema resistência,
Dos meninos do monturo,
Das mulheres espancadas,
Não tem valor, não serve à academia,
Não contempla os sinos de Simeão,
Nem pipila críticos de porcelana.
O poema impróprio.
É triste porque o mundo é triste.
(Razek Seravhat)
Olá Razek,
ResponderExcluirO poema "tijolo de isopor" lembrou-me Drummond, quando diz "êta vida besta meu Deus", e em outros versos reflete: "o único culpado é Deus".
Um abraço com ternura.
Grato pela relembrança.
ResponderExcluirRazek, grato por sua visita e análise, venho dizer que você tem razão quando diz, neste poema, que "o poema será saboreado pela traça", especialmente nesta sociedade materialista, na qual o que importa é consumir, consumir... se entupir de porcaria, pela boca, pelos olhos, ouvidos, tato, etc., mas quando se trata de comprar um livro, qualquer que seja, "não tenho dinheiro, não posso, não dá, não gosto, não entendo, blá blá blá". Então, escrevemos ou para nós mesmos (para lançar nosso grito) ou para os poucos que nos entendem.
ResponderExcluirUm abraço, meu caro! Belo poema o seu!!!
Meu Poeta Imorrível,
ResponderExcluirO mundo por si não é feliz
nem alegrinho como berra infame o “dia do amigo”.
Ai de quem exige do poema
algo que não seja o desconforto,
o asco, o nojo!
Medíocre de quem o deifica como
algo precioso,
ou então,
uma dádiva de Calíope!
O poema é rasteiro como o gênero humano o é
e não há escapatória
não há
e não há.
E o único brilho,
meu Poeta,
é o da vingança.
Não é nada de Hamurabi, não...
É a vingança da pólvora,
o dia da caça devorar a cabeça
do caçador,
o dia da mulher espancada erguer sua cabeça
e não esperando mais outra pancada
em sua outra face – como sugere o Cristo infame e estéril
resolve arregaçar as mangas e amolar as facas
e sair junto aos meninos do monturo
com seus retalhos de vida
em cada mão
para que a costura seja realizada
com o sangue coagulado do cristão-fascista
e do demagogo pestilento que se esconde por detrás de
todo e qualquer partido
posto que nós
por mais multifacetados
tristes e
desracionais
somos inteiros.
E assim, nem todas as
traças traçariam a novíssima transação.
Uníssono seria o grito e outras tristezas viriam.
Todavia,
o fogo arderia em igrejas e parlamentos e
e academias uniformizadoras e em todo
e qualquer símbolo de autoridade.
Ainda vivemos.
As ruínas não serão mais inaceitáveis
que o horror de nossos dias.
R.C.
De acordo...
ResponderExcluirA poesia é muito triste e o Poeta também é triste? ou é só um fingimento.
ResponderExcluirServe para um comentário mais vulgar ainda, visto que é fruto de um olhar equivocado da existência que é sempre a somatória de infinitos momentos, que também ficarão marcados na consciência, eu sei, não será comido pelas traças, mas poderá ser corroido pelo pessimismo de alguns momentos de angústia.
ResponderExcluirO poema sempre tem utilidade. Serve de desabafo, de animo, de busca de um momento desejado. o que seria dos poetas sem essa oportunidade?
ResponderExcluirQue bom! A proposta é incomodar na tentativa de dizer que estamos vivos e por isso pensamos!
ResponderExcluirTernura sempre!
Bom dia,Razek!
ResponderExcluirBela construção do poema!!
Mas tão triste...não acho o mundo triste,ele é o que as pessoas pensam e fazem dele, se queremos um mundo melhor podemos começar fazendo a nossa parte, buscando bons exemplos, apreciando a beleza da natureza, vendo a pureza do sorriso de uma criança...sei que temos muitos motivos para estar desacreditados na vida...mas devemos buscar milhões de motivos para continuar acreditando!
Beijos!Obrigada pela visita!