5 de janeiro de 2012

Dia-a-dia

Os olhos cansados. O corpo frágil.
Um quase desistir. Da luta, da vida, de si.
As pernas cansadas da caminhada,
Mãos calejadas, da labuta e da oração.
Corpo desfalecido, mente que ainda crê.
Crianças cheirando cola na esquina,
Mal aprenderam o abc.
Bêbados tomando (mais) uma dose de pinga,
A quem a igreja não comporta, o bar tem a oferecer.
Pequenos furtos, pequenos delitos. Crime?
A vida o lesou. É hora de responder.
Lesa a vida de outro e espera não morrer.
Guerra é guerra. Sempre vai ser. Vermelho sangue no asfalto.
E pra comer? Dá jeito. A fome nunca passa.
Um dia também mata.
Olha o assalto, meu irmão!
Meteram a mão no bolso da população:
- Passa a grana, que a burguesia quer poder.
Assalto a mão armada, meu senhor, e se o pobre reclamar
Manda a policia baixar, manda o cacete descer.
E olha lá a quadrilha de Brasília, já virou até clichê!
Dessa vez roubaram o dinheiro da educação.
Já foi o da saúde, o do transporte...Não dá nada não!
A copa vai ser linda. O Brasil será noticia.
Miséria? Pobreza? Ninguém nunca viu,
Direitos? Humanos? ninguém nunca vê.
Somos a sexta maior economia, foi dito na TV.
Então respira fundo e sobrevive.
Porque é assim que tem que ser.

 (Luiza F. Nunes)

Um comentário:

  1. Luiza F. Nunes,

    Que bom tê-la por perto. A respeito do poema quero dizer que acredito e acredito mesmo, que ainda somos capazes de reverter esta situação. Por isso,não concordo com o final.

    Ternura sempre!

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Ternura Sempre...