3 de abril de 2009

POETA NUNCA MAIS

Não busco noites de autógrafos,
Cargos em gabinetes,
Nem intelectualismos robóticos.
A destruição é real, não é teórica.
A ilusão do dinheiro, do natal de luz,
Da gana pela luxúria, não é virtual.
Portanto, podem me chamar de radical,
Sectário, terrorista, pois sei muito bem
Que o terrorismo está no canguçu
Que em nome de um cargo,
De míseros trocados,
Torna-se turvo e tosco social...
Pior... Faz da vida a própria negação do viver.
O que eu sou é cúmplice do guerrilheiro,
Amigo do socialista,
Atento ao ato revolucionário sem rosas.
(mas com roseiras de espinhos épicos)
Não sou revoltado,
Pois amo a possibilidade
De acabar com o caos,
Com a barbárie que reina,
(não por acaso)
Em plena pós-modernidade.
Não quero praça de recreação
Quero ação,
Não sou um chip,
Sou reação.
Vamos. Digam que não faço poemas.
Não faço mesmo.
Como posso fazer poesias enquanto o holocausto
Da miséria castiga o Nordeste,
Seja na América ou na África?
A poesia dos indolentes pode esperar...
Os ossos dos inocentes não!
No mais, a poesia faz parte da vida, enquanto a luta
É o que nos mantém vivos.
Pode parecer plágio da sociedade dos poetas mortos,
Que seja!
Mas é um plágio urgente,
Lúcido de resistência,
De quem sabe de que lado está e o que combate.
Inventem, reinventem novos títulos:
Arte do beco,
Arte panfletária,
Poesia social.
Seus rótulos não mais me afetam,
Pois aprendi com os berros ensangüentados da ternura
Que o poder popular não passa pela caneta do poeta,
Mas, pelo calo quente dos que amam a humanidade,
Muitas vezes sem ter direito a ela.
Portanto, nego e renego:
Eu não sou Hilda Hilst,
Não quero ser Fernando Pessoa,
Nem tão pouco seus heterônimos,
Acabem com essa história de poetas...
Morte a Cecília, Bandeira, Thiago,
Basta! Não quero saber de Jorge Luis Borges,
De Victor Hugo ou do Poeta dos escravos,
Estou farto de Pablo Neruda, Araripe Coutinho e Brecht.
Eu quero a revolução libertária,
O sonho sem destinatário,
E a vida que se interessa pela luta,
Pelo canto cru do povo que mesmo sufocado não se sufoca.
Viva o tecer incólume dos que gritam.

(Razek Seravhat)

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Ternura Sempre...