12 de julho de 2009

MADRIGAL MELANCÓLICO

O que eu adoro em ti,
Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.

A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
- Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como o teu próprio pensamento,
Graça que perturba e que satisfaz.

O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi.
Não é a irmã que já perdi.
E meu pai.

O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti - lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.

Manuel Bandeira

4 comentários:

  1. Rasek, meu amigo pensei q vc iria comentar sobre a beleza do poema, que tão solenemente fala da vida e do amor. Quanto a greve decidiremos em assembléia geral dia 31/07. Ah, vc levou o seu CD do Belchior q tem a minha música "brincando com a vida" traz ele de novo.

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  2. oi!!!!!!
    Adorei o este poema. E gostei muito do site. Crítico, participativo e interessante.

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Ternura Sempre...