12 de julho de 2009

A VOZ DO SILÊNCIO

Pior do que a voz que cala,
é um silêncio que fala.

Simples, rápido! E quanta força!

Imediatamente me veio à cabeça situações
em que o silêncio me disse verdades terríveis,
pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.

Silêncios que falam sobre desinteresse,
esquecimento, recusas.

Quantas coisas são ditas na quietude,
depois de uma discussão.
O perdão não vem, nem um beijo,
nem uma gargalhada
para acabar com o clima de tensão.

Só ele permanece imutável,
o silêncio, a ante-sala do fim.

É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
que a gente não quer ouvir,
pois ao menos as palavras que são ditas
indicam uma tentativa de entendimento.

Cordas vocais em funcionamento
articulam argumentos,
expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos
que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.

Quantas vezes, numa discussão histérica,
ouvimos um dos dois gritar:
"Diz alguma coisa, mas não fica
aí parado me olhando!"

É o silêncio de um, mandando más notícias
para o desespero do outro.

É claro que há muitas situações
em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha
com uma britadeira na rua,
o silêncio é um bálsamo.
Para a professora de uma creche,
o silêncio é um presente.
Para os seguranças de um show de rock,
o silêncio é um sonho.

Mesmo no amor,
quando a relação é sólida e madura,
o silêncio a dois não incomoda,
pois é o silêncio da paz.

O único silêncio que perturba,
é aquele que fala.

E fala alto.

É quando ninguém bate à nossa porta,
não há emails na caixa de entrada
não há recados na secretária eletrônica
e mesmo assim, você entende a mensagem.

Marta Medeiros

10 comentários:

  1. O silêncio nunca é mudo, os ouvidos é que recusam ouvir a verdade dos que são calados pelo consumismo.

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  2. Oxe, o que que o consumismo tem haver com isso?
    Faço minhas as palavras do Sentimento meu.

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  3. gostei deste blog
    muito, muito interessante
    sigam visitando o nosso
    www.cordelirando.blogspot.com
    abraço
    saletemaria

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  4. Apareça mais, Salete...

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  5. Para o anônimo q escreveu o comentário q pergunta o q tem haver o consumismo com o texto, eu o aconselho a ler o texto pq pelo visto vc nem leu! POis em nenhum momento se fala em consumismo, fala sim de algumas situações de estresse de determinadas profissões. Se vc leu releia, cai bem. E ao "Sentimento meu" leia o texto desarmado, quem sabe vc entende.

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  6. LuÊnia, creio que vc num entendeu. Olha só colega, o texto trata sim dos estresses e amarguras de algumas atividades, mas principalmente o texto retrata o quando o silêncio pode ser necessário ou o quanto ele pode ser torturador.
    Qual paralelo pode ser estabelecido entre o ato de consumir derregradamente de alguumas pessoas e o texto??
    Não estou saindo na defesa do "sentimento meu" até pq não o conheço. Mas se ele não entendeu ou disse isso pq num gostou é opinião dele, só isso.
    Desculpe-me mais vc que parece armada qual faz tal comentário. A pessoa só expressou a sua opinião, não houve violencia com o texto que tu postou.

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  7. Calma gente, eu só acrescentei o consumismo como parte do barulho da mídia, buscando fazer um contraponto ao silêncio, no mais, quando o silêncio fala, ele não é mudo. Abraço terno.

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  8. Bem, Clara, só quis dizer que no texto não se fala em consumismo.

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Ternura Sempre...