4 de novembro de 2010

O porquê da violência

Idos de fevereiro de 2010, uma hora da manhã, eu e meu esposo voltávamos de um encontro com os amigos caminhando sozinhos sobre uma ponte mal iluminada e cheia de buracos, quando avistamos um grupo de jovens negros, fixados na outra ponta. Alguns deles estavam com um cigarro na boca, escutávamos risadas. Mas não, não é o que você está pensando.

O preconceito não tem apenas um lado antagônico, trata-se de uma artimanha de nossa mente, construída pelo medo e que, provavelmente, já nos livrou de muitas enrascadas durante toda a vida. A falta de preconceito, no entanto, tem muito mais a ensinar. Nós nos preparamos para o assalto, e logo em seguida recebemos um gentil “Boa noite!”, estávamos em Díli, capital do Timor-Leste.

Apesar de Timor ter passado recentemente pela violenta dominação indonésia (que durou 25 anos) e de ter sido reconstruído praticamente do zero a dez anos atrás, sua população se alimentar praticamente todos os dias apenas de arroz e alguns poucos vegetais, Timor-Leste não é um lugar perigoso para se viver.

Com incríveis marcas de até quatro assassinatos por mês para uma população de mais de 200 mil habitantes na capital, me sinto profundamente constrangida de ser natural de uma cidade com quinze assassinatos por final de semana. E o pior é saber que Fortaleza não é a cidade mais violenta do Brasil.

Como professora, muitas coisas aprendi no meu fazer docente, Timor-Leste tem me ensinado bastante sobre o valor da vida, mas saio daqui, aliás, como muitos brasileiros que vivem no exterior, com total horror a nossa violência. Sendo esta uma das principais razões para, mesmo estando em lugar muito pobre e que praticamente só possui um hospital em condições mínimas de atendimento, não ter shoppings centers, fast foods, etc. meu coração se bambear para não querer voltar ao Brasil.

Certamente, alguns estão se perguntando qual o segredo deste lugar, mas eu não tenho respostas fundamentadas em dados científicos. Mas uma coisa eu tenho certeza, que isto não acontece por conta do contingente policial existente, até porque, como tudo em Timor, este ainda está engatinhando e o que se vêem são apenas carros das Nações Unidas passando nas poucas ruas principais que existem. Aponto, entretanto, algo que é a maior característica do povo timorense: o amor aos seus valores culturais. E a cultura timorense compreende paciência, respeito quase que religioso aos mais velhos e um senso de coletividade que eu nunca vi igual e que as crianças aprendem desde pequenas.

4 comentários:

  1. É... Os povos do ocidente têm que aprender muito com a cultura africana.

    Saudades e tenha sucesso!

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  2. por favor divulgue e se puder compareça.
    UMA NOVA FORMA DE AÇÃO PEDAGÓGICA A PARTIR DO TEATRO

    O curso de Educação Física da Estácio / FIC procurando inovar ações pedagógicas e atividades curriculares da disciplina de Estrutura e Funcionamento da Educação Básica estará promovendo no proximo dia 19 de novembro de 2010 no auditório da FIC UNIDADE VIA CORPVS em Fortaleza - Ceará a apresentação e discussão da Peça PAULO RÉGLUS NEVES FREIRE como pre requisito avaliativo da disciplina. A atividade faz parte do critério de ações pedagógicas do curso de educação Física que procura verificar habilidades, competências e ações como critérios de avaliação e prática pedagógica. A peça será apresentada pelo Grupo Teatral Cactus de Acarape - Ceará e terá apoio logístico e acompanhamento dos alunos da disciplina.
    Maiores informações com o professor DJACYR DE SOUZA através do telefone 99799611 ou pelo blog caosnaeducacao.blogspot.com

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  3. Oi Gladcya, é bom ter notícias do Timor, mas principalmente de você e do Sansão, e quanto ao Brasil melhor, precisamos construir aqui também, por isso, aguardo feliz o retorno de vocês! Abraços do amigo de sempre!

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Ternura Sempre...