LENITIVO .

A Poesia é como a nódoa no brim.

19 de novembro de 2010

O POVO Online - Opinião - Toinha Rocha

Participação de Carlos Alberto Ribeiro às 16:29
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Ternura Sempre...

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Redução do calendário escolar: sinceramente, eu não concordo.

Eu considero grave reduzir o calendário escolar para antecipar o fim do ano letivo, ainda que a justificativa seja para regularizar o calendário letivo de 2013. Por isso quero usar este espaço para expor alguns porquês. (É assim mesmo a escrita que a gramática normativa recomenda?) Desculpa, é que estou cantarolando aquele antigo refrão da década de oitenta de autoria do Leone: “Sei de quase tudo um pouco e quase tudo mal.” Contudo, vamos ao que realmente interessa.

É grave deixar déficit de carga horária e eu não estou me referindo apenas ao tempo mínimo que o aluno precisa ficar na escola. O importante não são os vinte dois dias que foram repentinamente subtraídos do calendário escolar e tampouco, somente, os dez dias de recuperação final que é do aluno direito e dos quais não se tem informação. Dos males, o menor, pois como se sabe, na recuperação pouco ou quase nada se recupera.

Quero deixar claro que a questão não é meramente de matemática. Quando falo déficit, estou tratando mesmo do conteúdo que é importante e não pode ser esquecido, ou relevado ao segundo plano, até porque, um papel precípuo que a Escola possui, além de colaborar com a formação de sujeitos conscientes, críticos, atuantes e participativos na história das sociedades, ou pelo menos deveria possuir, é o de propiciar o ensino aprendizagem a respeito do conhecimento produzido pela humanidade.

E aqui algum professor, como fez o colega Wesclei Ribeiro, pode argumentar que do jeito que vai, está muito cansativo para o educador e sem produtividade intelectual ou acadêmica para o estudante. Não refuto inteiramente esta ponderação, mas quero contra argumentar, afirmando, que no período da greve nós garantimos para a comunidade escolar de Fortaleza que o nosso movimento não traria prejuízos para o aluno, pois, reporíamos nossas aulas e cumpriríamos o ano letivo integralmente, que a rigor, deve ser composto por duzentos dias letivos sem contar com a recuperação. Está registrado, é só lê o Povo online da época ou qualquer outro veículo de comunicação falado ou escrito.

E agora porque algumas faltas eventuais de alguns profissionais serão abonadas, ou porque as creches terão férias ou ainda porque o ano letivo de 2012 será antecipado sem produzir carga horária deficitária para o próximo ano letivo, pelo menos para nós professores, nós mudamos as regras do jogo, e com a partida em andamento. Sinceramente, eu não concordo.

E se o atual gestor do município, que eu confesso não sei se é o Ivo Gomes ou o Roberto Cláudio, retirasse o recesso, que é de trinta dias corridos e não de dezessete. E se este mesmo gestor batesse na mesa e falasse que esta atitude que foi chamada de Pacto de Responsabilidade e assinada, inclusive, com a participação do Ministério Público, (aquele mesmo que foi acionado com o intuito de deliberar a ilegalidade da greve por causa de possíveis danos gerados aos estudos dos nossos alunos), gerou déficit e, portanto, nós teríamos que pagá-lo no ano vindouro.

O que aconteceria? “Deixe-me adivinhar.“ Neste caso, nós seríamos os defensores da educação, os revolucionários... E então iríamos pra rua, ocuparíamos o parlamento municipal, faríamos passeatas e ainda diríamos, ao repórter, que estamos fazendo isso em prol da escola pública. Mas, como nada disso aconteceu, pelo menos por enquanto, nós nos calamos e tentamos até ridicularizar quem a nós se opõem usando a sabedoria popular, que às vezes é tão conivente quanto entreguista, dizendo: “Há males que vem para o bem.” Eu não concordo de novo.

E sabe por quê? Primeiro porque foi uma medida tomada pela cúpula dos iluminados. Sem fazer nenhum debate com a categoria e afetando o educando que é, ao mesmo tempo, conformista e desrespeitado, pois aceita se acomodar em salas de aulas quentes e desconfortáveis, e submete-se a frequentar escolas sem quadra para a realização da educação física. Mas isto, o ministério público, infelizmente, não vê. Sem mencionar este modelo de sistema educacional que simplesmente despreza a docência em sua prática, pois enxerga o educando como mais um número e não como um ser em desenvolvimento. Segundo, porque, além de compactuarmos com um governo que prioriza unicamente dados estatísticos, ao invés de equipar e fornecer estrutura adequada para as escolas públicas, ainda, perderemos uma das nossas mais convincentes falas; aula se repõe, direito não! Terceiro, porque acredito que defender a educação pública e de qualidade não é somente participar de movimentos paredistas quando nos convém ou quando tentam retirar nossos direitos... Lamento se estou ofensivo, mas esta é minha opinião e dela não arredo um só milímetro. Peço perdão, pois, talvez, esteja muito teórico e nenhum pouco ativista, haja vista, que se estivessem retirando algum direito meu, eu seria certamente, um dos primeiros a apoiar a greve. E quarto, porque penso que a escola que devemos reivindicar é aquela versejada por Paulo Freire: “Escola é, sobretudo, gente, gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima. O diretor é gente, O coordenador é gente, o professor é gente, o aluno é gente, cada funcionário é gente.” o que destoa infinitamente do que está posto no próprio documento publicado pela cúpula dos iluminados. Ao que parece, esta cúpula, combinou e se preocupou com todos os setores da comunidade escolar, exceto com o mais prejudicado, o corpo discente.

Enfim, encerro estas ponderações como comecei, cantarolando o mesmo refrão... Mas desta feita, canto outra passagem, aquela que diz: “Eu tenho pressa e tanta coisa me interessa, mas nada é tanto assim”.

Augusto César Tavares da Silva – Professor de matemática elementar da rede pública municipal de Fortaleza.

"O Relógio é o tempo"

Colina da Poesia

Colina da Poesia
Efferson Mendes Galdino

Devora-me!


Esfinge quente
Latente lunar
Finges que me entende
E eu prometo te amar

Tira-me do sério
Seus olhos com ar
De profundo mistério
Conseguem me tragar

Sutilmente promíscuo
Sempre carente
Nunca resisto
Sempre quero me entregar

Não! Eu não te decifro
Mas tu sim
Sabes quem sou.
Então devora-me!

Efferson Mendes

Educação

Educação
Acreditar é preciso

Clique e ouça na João XXIII FM

Você pode ouvir na FM João XXIII, o Programa Música e Poesia com a apresentação do Poeta Francisco Brasil, do literato Wesclei Ribeiro e de Razek Seravha. lembre-se:” os poderosos podem destruir uma, duas, até três rosas, mas nunca deterão a primavera. “

Música e Poesia - 16h

Afeição

A proposta é construir consciência na busca intransigente de se conquistar a desejada sociedade do amor da ternura e do anticapitalismo.

Allende

O socialismo não pode ser imposto por decreto: é um processo em desenvolvimento

Poesias



Nunca mais
( Kacá Maciel - Do álbum: Pra quem não sabe de mim)

Eu Nunca mais que corri os quintais
Onde eu me criei.
Nunca mais que me banhei nas manhãs
Onde principiei.
Nunca mais a inocência em mim.
Nunca mais o meu perdido jardim.
Nunca mais...
Eu nunca mais que me vi sob o céu
Dessas lembranças febris
Nunca mais, nunca mais
Que eu brinquei de ser feliz.
Nunca mais a inocência em mim.
Nunca mais o meu perdido jardim.
Nunca mais...
E agora os meus fantasmas ressurgem
Dentro da noite pra despertar:
Na criança que ainda mora em mim,
Traumas antigos e velhas lágrimas.
Eis que então eu acordo e já é hora
Outra vez, de tocar a vida...
E entre prédios, e nuvens, e horrores eu vou.
Sou um simples mortal a sonhar
Com as estrelas meu oceano celeste.
Uma sombra entre sombras vagando eu sou.
Nunca mais a inocência em mim.
Nunca mais o meu perdido jardim.
Nunca mais...
Uma vez já faz tempo
Uma vez
Era um menino em seu voar
Não tardou e o céu lhe faltou
E a noite veio e a dor e a consciência.
Mas agora o que importa,
E o que conta,
É jamais se dá por vencido
E cuidar que o possível
É urgente fazer.
E correr, pois a ordem dos dias
nos dias de aqui por diante
É saber que não há mais
Nenhum tempo a perder
Nunca mais a inocência em mim.
Nunca mais o meu perdido jardim.
Nunca mais...
TREMENDUM MYSTERIUM

O indefinido se define
Da obscuridade à luminosidade
Das trevas à luz
Da imensidão do infinito
O imensurável ínfimo
O sentimento da Totalidade
do Único Eterno
O Tremendum mysterium
Da razão à razão do Sagrado.

O numinoso iluminado
Santo e santificado
A impressão da existência real
A essência do Pleno
Ser Onipotente
Que causa temor e tremor
A força da energia cósmica
oposto ao caos
O fascinante encantamento
Entre o Todo e o nada
O repleto e o vazio
O numem e o daimon.

Do esvaziamento de si
O mistério de profunda ad-mira-ação
A consagração do mundo
e do humano
O equilíbrio e a hamonia - a adoração
A escuta, o recolhimento
e o acolhimento
A divinização universal
visível no mistério
O ponto convergente da fé
A revelação do Sagrado.

No princípio do tempo
O início do Ser
O centro do mundo
A árvore da vida
Do conhecimento do bem e do mal
No meio do jardim do Paraíso
Da pré-vida à vida e o além da vida
O trans-humano
O Ser e o Sagrado na coexistência
No espaço aberto para o alto
O Cosmos que vive e fala
A imagem da Casa e do Corpo
Como o Céu e a Terra
O Sol e a Lua
O Útero e o Coração
No Todo, o sentido da Vida.


(Jonas Serafim ,Baseado na obra
de Rudolf Otto: O Sagrado).





Silêncio

Perguntas são,
Somente são.
Existem,
revelam-se em vão.

Respostas prontas?
Dissimulação!
Palavras quantas,
frases insanas.

"O silêncio fere, constrange
a razão". Ilusão!
Sonho, desejo calado, por si, então,
amordaçados estão?

Aflição!
Calma, rouca, boca.
Provocadora!
Em mim, dentro, toda
Provaca dor, indecisão.

(Jean Mac Cole)

Água, pedra e sal

Há algo no animal que não é ruim
Que é simples marfim
Nesse chão principal
Há algo no animal que não tem a perder
Já que o prazer de viver
É água, pedra e sal.

(Gladcya Félix )

Resposta

Sonhei ser poeta desde a infância.
Poetisa não. Poeta!
Com toda a minha loucura
e esta eterna ternura
que coabitam minha calma.
Ora Jean Cocteau,
o papel funcional da poesia
é aliviar os poetas das dores
e desilusões que seriam desaproveitadas.
Quem disse que não é arte escrever sobre a alma?

(Anita Abrantes)


Descontemporizar

Tempo de (des) politização
Como desfazer o tempo?
De palavras esvaziadas
De sentidos diminuídos
Falsificados.
Capitalismo é palavra
Forma, fórmula
E conteúdo
Quem é quem
Para quem serve
Não dizer quem ele é
O que ele é
Quando é:
Aproxime-se do esgoto
Maior remuneração
Menor lucro
Maior lucro
Quando pagamos
O conforto
A ostentação;
As jóias, os carros...
As revistas caras de bacanas
De quem não move um dedo
E são raros
Quando somos muitos...
Quando recebemos,
Já pagamos até
James Bond
A guerra do Iraque
A busca do petróleo...
...Ó São Bernardo!
De Poucas Madalenas
E tantos PAULOHONÓRIO’S
Vamos desfazer o tempo
Ainda dá tempo.

(Francisco de Assis Sousa)

É Possível...

Acredito que um dia será possível...
não me calar diante da injustiça
que não por acaso,
reina por todo canto que passo.
Acredito, também,
que é urgente,
não só o despertar
mas, sobretudo,
o construir e o solidificar
dos sentimentos comprometidos
com o bem viver coletivo.
E acredito nisso com a delicadeza
de uma criança que é “amamentada por sua mãe”
e com a relevância de um homem
que a noite e deita e sente em seu corpo
as marcas nuas de seu semelhante
do qual teima em transformá-lo.
( gente se transforma mutuamente)
Sei que um novo e melhor mundo virá,
e não será por milagre,
mas por iniciativa de nossa organização.
E isto, que fique bem claro,
não é apenas uma esperança,
é a certeza plena de que gente é gente
não só pra lutar, mas pra viver com confiança.
Aos indiferentes,
eu respondo com a terna poesia
que sempre busco
repartindo com eles,
não só o amor que persigo,
mas, também, o novo e melhor mundo
que virá envolto
a uma clara evidência:
ser feliz é fruto da capacidade
de se proteger das limitações do outro
e de se re-encantar com as possibilidades
que a vida nos apresenta.

(Razek Seravhat)

Maresia

Ah que saudade da maresia
Da ventania que corria sobre o cais
Que corria sem medo de encontrar
Saudade do céu azul que hoje é cinza
do cheiro de terra molhada
e o prazer em viver que eu sentia
de olhar no porto
sendo louca, esperando o teu barco chegar.
Ah, porque não voltaste para meus braços
Como antes fazia, quando me olhavas ao longe
No mar me comia e eu delirava com seu olhar.
Porque se deixou naufragar,
me deixando ao relento
a beira do mar.

(Bia Magalhães)


Um poema

Chãos...
Percorro caminhos
Caminhos iniciados
no colo de minha mãe
Andanças assumidas como geografias
do afeto e da luta.
Territórios batizados por nomes,
cores, cheiros.
Chão é onde tem gente.
Gente é o meu chão.

(Nina Gonçalves)


Sentimento insensato

O amor nem sempre é tudo aquilo que pensamos
O amor nos consome
Depois some
Daí é quando pensamos:
Será que era mesmo amor?
Ou será que era apenas paixão?

Ninguém sabe ao certo o que sente
Ou quer sentir algo que não sentirá.

Se ilude, aquele
que acha
que um novo amor
È capaz de substituir
um velho amor

Amor que é amor
Não se substitui
Nem se esquece
Apenas se cala, diante das circunstâncias

Amor que é amor
È divino
Não tem maldade
Nem más intenções

È apenas amor...

(Natália aguiar )









Iguais

Que hoje
Continue
E o amanhã
Seja sempre
Que sempre
Seja novo
O novo
Sempre diferente
E os mesmos
Continuem
Simples
Eternamente
Sempre

(Juan Di Brechó)



ESSE AMOR

De tanto esse amor fermentar
Desvairado, louco como ele só
Aqui dentro, tal o ânimo aceso
Que tudo em mim faz brilhar

A vida minha, singela e plena
Imerge afoita nesse amor em cena
E se perde alheia à sorte, ante

Os riscos desse amor inconstante.
Não viverei feliz isento esse amor
E nem um outro me fará sorrir

Somente esse imperioso como for
Ascenderá com esplendor a alegria
Que outrora na minha face existia
Mas que fora contida em sua ausência.

(Joatan Junior)

Antes de tudo,o nada.

-Olha o desentupidor de fogão à gás!
-Racha para panela de pressão!
O vendedor pára...olha...
No reflexo do contratempo
Diante a metamorfose
Cidade alucinante
Tem em cada habitante,
Distante, um olhar.
Passa vacilante
Teatro, loja,
Farmácia; - Credicard, jovem?


Percebo o reverso do tempo.
O contraste que se alastra
Ônibus, igreja
Que tempo este
Esmo a nós mesmo?


Súplicas infantis
Balbucias mirabolante
Esqueletos fotogênicos
Insinuantes, verbos, de todos,
Mas quem são todos?


O tempo parou?
O vendedor pensou...
Só o veredicto da história
Para provar que o tempo ao passar
De uma farsa criada em sonho.

(William Frederico )

RESSUMBRO

Sonhando em sonho,
estava acordado.
Acordei,
e estava mergulhado.
Mergulhando, me molhei
e transpirei, parei
em teu corpo suado.

Em devaneios viajei.
Num capricho real, delirei.
No galope, era galopado
tranquilo, imóvel, domado.
Em viagem retornei
e me vi estacionado
Molhado
em teu corpo suado

(Delta do Parnaíba)


UMA POESIAZINHA DE NADA...

Não vou me entregar às horas tristes
nem vou endurecer perante a vida.
Continuarei flúida, livre, imersa
num rio de verdades perecíveis.
Não impedirei as minhas lágrimas,
nem desfolharei minha alegria,
meu sorriso cresce como árvores
que estão fortemente enraizadas em mim.
Caminharei com o sol iluminando passos.
O vento me recebe, me concebe.
Ser força, voz e tempestade,
mãos de luz, maciez, calor intrépido.
Ora obrigo minha solidão a esvair-se,
ora faço dela meu escudo.
Busco imensidões de mar e vida,
luto pelo longíncuo,
nego-me à rendição.
Que venham noites e sóis, música e filhos,
amores diversos, consistentes, permeáveis.
Vivo com a certeza da felicidade incrustada em meus lábios
e percebo a importância de períodos afogados em sombras
para tecer dias plenos de vertigens, abraços,
olhos cerrados, passos firmes e mãos dadas.


(Adelita Monteiro)


Não me engano mais...
rosa...
ou...
flor?

algumas poucas lágrimas

(Angelino Carolino)


Poema em quatro cabeças

O último botão de um jardim tão florido
foi destruído pétala por pétala.
Aquela perseverança própria da semente
desgerminou, não mais brotou...
Reduziu-se a pó.
Deixaram a vida morrer,
o colorido desbotar,
o beija-flor não beijar,
o coração corromper-se.
Mas ao amanhecer do dia seguinte,
Uma gota de orvalho beijou a flor
despetalada e murcha...
E ela revigorada por aquele beijo,
foi se levantando bem devagar...
Recuperando aos poucos o viço.
E num sopro leve a brisa lhe devolveu as pétalas.
O perfume veio no bico do beija flor;
E a linda rosa, se tornou novamente vida.
E o mundo gira
a flor do jardim,
e o coração que não mais vê a flor
gira com o mundo que gira.
E mesmo com as intempéries
Dessa vida
A flor resurge
Feito a fênix
Mais forte
E daí
A felicidade
Se expande
Com alegria
Esperança...
Dias melhores
Virão!
Virão sim,
Com a pureza
do limão
e a frieza
de uma
criança de vidro.

(Fazer poema
não muda o mundo
mas bem que nos
ajuda a viver.)

( Sandra Botelho, Arimatéa dos Santos,
Joatan Júnior e Razek)



Rua Luminosa

Sua luz não vem da rua

sem calçamento.

Menos ainda de um casebre

sobre o outro

Não vem dos olhos opacos

dos meninos e meninas,

erês cheirando cola,

Fumando pedra

Para espantar a fome

e a solidão.

Cavo dentro do poço da alma

Alguma alegria

Capaz de iluminar dias

e noites de jugo e solidão

Para colorir cenas

tão desiguais

Nina Gonçalves

Ao pé do túmulo

Aos meus

Eis o descanso eterno,
o doce abrigo

Das almas tristes
e despedaçadas;
Eis o repouso,
enfim; e o sono amigo
Já vem cerrar-me
as pálpebras cansadas.

Amarguras da terra!
eu me desligo
Para sempre de vós...
Almas amadas
Que soluças por mim,
eu vos bendigo,
Ó almas de minh’alma
abençoadas.

Quando eu d’aqui me for,
anjos da guarda,
Quando vier a morte
que não tarda
Roubar-me a vida
para nunca mais...

Em pranto escrevam sobre
a minha lousa:
“Longe da mágoa, enfim,
no céu repousa
Quem sofreu muito
e quem amou demais”.

Auta de Souza

Imperativo


Por que será

que o poeta sofre?

Por que será que o poeta

é incompreensível?

Por será

que o sonho do poeta

Anda anos-luz

de se concretizar.

Por que será que o amor,

tão bem posto

em verso e prosa

É tão distante do poeta.

Tudo tem que ser assim:

O poeta não tem

que sofrer.

O poeta tem

que ser compreendido.

O sonho do poeta

tem que ser realizado.

O poeta tem que ser amado.

Aldo Filho


Antes

Quem de crepúsculo
a crepúsculo
viveu sempre
a mesma ausência
e sem entender
a linguagem das pedras
descobriu o itinerário
dos sonhos,

viu partir-se a aurora
antes mesmo do adeus!

Aíla Sampaio

Nosso tempo


VIII


O poeta

declina de toda

responsabilidade

na marcha

do mundo capitalista

e com suas palavras,

intuições, símbolos

e outras armas

promete ajudar

a destruí-lo

como uma pedreira,

uma floresta,

um verme.


Drummond

Mística Quântica


Somos átomos de Deus.

Nada vem do nada

Tudo vem do algo.

O algo que me aparece

não é só porque existe

simplesmente,

mas é porque

tem uma essência

e um sentido

significante

e revelador

à vida real como um todo.

Vejamos! O silêncio.

O que é o silêncio?

O silêncio não existe.

O que percebemos

é sempre um segredo.

Só sentimos

o verdadeiro silêncio

por uma atitude

de perfeita

contemplação.

Nisso está o mistério.

Apesar de tudo,

a natureza

oferece a quietude.

Diante da quietude

das religiões

há uma inquietude

da verdade

Deus não é

uma ortodoxia,

não está velado

em nenhuma doutrina.

Fora da doutrina

está o Sagrado.

Na metáfora humana

se compreende

a matafísica divina e

o ponto de ruptura

do sujeito

que abre caminho

no tempo

e na espiritualidade.

No amálgama da energia

com a matéria

se compreende o nó

de relaçoes entre as coisas.

Entre fé e razão

tudo está relacionado

com tudo.

Tudo coexiste.

Entre o simples

e o complexo,

o fenômeno do

Espírito Sagrado.

No princípio de tudo,

entre os átomos

e o vazio,

o infinito aponta

como possibilidade

consciente.

Somos mistérios

no tempo

e no espaço.

Existem realidades

do não-real

no pensamento

que vive

recriando o mundo.

O mundo fora de nós

converge

com o imensurável

universo

interior de cada um.

Ninguém toca nada

apenas nos aproximamos

e é assim que afetamos

a realidade de todos.

Somos átomos

microscópicos de Deus.

E Deus é amplo

como um grão

de mostarda.

Somos o mundo.

Não somos separados.

Estamos interligados

e integrados.

Construimos e destruimos

o nosso mundo.

Pensamentos neuróticos

deformam as emoções

com substâncias negativas

contrária à espiritualiade.

Somos emoções.

Somos amor.

A aparência física

nos prendem à definições

que nos cegam

com superficialidades.

Somos além

do que pensamos

e estamos interligados

no Universo

como matéria,

consciêcia e espírito.

Reflita!

Nossa natureza

consciente

é um processo real

e um mistério

em evolução.

Reconhecemos

a realidade definitiva

pela consciência

e não só pela visão.

O que fazemos além disso
é a realização de ser.

Desconstruimos a realidade

do nosso pensamento

em um mundo

subatômico ou quântico.

Há uma existência potencial

em toda realidade material,

com possibilidades infinitas

que podemos alcançar.

Não tocamos em nada,

e tudo está se tocando.

Tudo é sentido

atomicamente.

Observamos e

percebemos

pelos sentidos.

Assim somos

e nos projetamos,

com causa e efeito,

como uma onda

em evolução

conectando com tudo.

O desejo e a intenção

no pensamento

pode elevar

ou baixar o nível

da realidade em que se vive.

É só acreditar que pode.

Concentre-se!

Substância e tempo

é o que somos.

Somos um.

O mundo interior

é maior do que todo

o Universo exterior.

Estamos dentro de Deus.

Somos divinos.

Jonas Serafim

Cai chuva do céu cinzento

Cai chuva

do céu cinzento

Que não tem razão de ser.

Até o meu pensamento

Tem chuva nele

a escorrer.

Tenho uma grande tristeza

Acrescentada à que sinto.

Quero dizer-ma

mas pesa

O quanto comigo minto.

Porque verdadeiramente

Não sei se estou triste

ou não.

E a chuva cai levemente

(Porque Verlaine consente)

Dentro do meu coração.

Fernando Pessoa

As Chamas de Almas Mortas

As chamas de almas

mortas

Se movem.

Mais um índio cai inerte

Envolto pelas

flamas ignotas

De um desdenhar

que perverte.

Almas que se ocultam

entre chamas

Para destilar ódio,

amargura, desdém

E, surdas, em suas tramas,

Não escutam um ser

considerado ninguém.

Em meio àquelas labaredas,

terminal

De sonhos, esperanças,

calor...

De madrugada seca

e infernal

Tudo vira tocha

em macabro ardor.

(Vislumbramos

a solidão do deserto

Que há em todos nós,

que navegamos

Em mar vermelho

e incerto

De tubarões gélidos

que encontramos.)

Era um Pataxó

que quisera ser

Mendigo

de suas próprias heranças

Destronado


que fora dos sonhos de ter

Suas matas,

habitadas de lembranças.

Recebeu sua parte

comendo o pão

Buscado sob mesas fartas,

O seu pedaço de chão:

Em chamas,

à semelhança de suas matas.

Lane Lima


Poema perto do fim

A morte é indolor.
O que dói nela é o nada
que a vida faz do amor.
Sopro a flauta encantada
e não dá nenhum som.
Levo uma pena leve
de não ter sido bom.
E no coração, neve.

Thiago de Mello

Iguais

Que hoje
Continue
E o amanhã
Seja sempre
Que sempre
Seja novo
O novo
Sempre diferente
E os mesmos
Continuem
Simples
Eternamente
Sempre

Juan di Brechó


Aos que virão depois de nós

I


Eu vivo em tempos sombrios.

Uma linguagem sem malícia

é sinal de

estupidez,

uma testa sem rugas

é sinal de indiferença.

Aquele que ainda ri

é porque ainda não

recebeu a terrível notícia.

Que tempos são esses, quando

falar sobre flores

é quase um crime.

Pois significa silenciar

sobre tanta injustiça?

Aquele que cruza

tranqüilamente a rua

já está então

inacessível aos amigos

que se encontram

necessitados?

É verdade:

eu ainda ganho

o bastante para viver.

Mas acreditem:

é por acaso.

Nada do que eu faço

Dá-me o direito de comer

quando eu tenho fome.

Por acaso estou

sendo poupado.

(Se a minha sorte me deixa

estou perdido!)

Dizem-me: come e bebe!

Fica feliz por teres o que tens!

Mas como é que posso

comer e beber,

se a comida que eu como,

eu tiro de quem tem fome?

se o copo de água

que eu bebo,

faz falta a

quem tem sede?

Mas apesar disso,

eu continuo comendo

e bebendo.

Eu queria ser um sábio.

Nos livros antigos

está escrito

o que é a sabedoria:

Manter-se afastado

dos problemas do mundo

e sem medo passar

o tempo que se tem para

viver na terra;

Seguir seu caminho

sem violência,

pagar o mal com o bem,

não satisfazer os desejos,

mas esquecê-los.

Sabedoria é isso!

Mas eu não consigo

agir assim.

É verdade,

eu vivo em tempos sombrios!


II


Eu vim para a cidade


no tempo da desordem,

quando a fome reinava.

Eu vim para o convívio

dos homens no tempo

da revolta

e me revoltei

ao lado deles.

Assim se passou o tempo

que me foi dado viver

sobre a terra.

Eu comi o meu pão

no meio das batalhas,

deitei-me entre os assassinos

para dormir,

Fiz amor sem muita atenção

e não tive paciência com a natureza.

Assim se passou o tempo

que me foi dado viver sobre a terra.


III


Vocês, que vão emergir das ondas

em que nós perecemos, pensem,

quando falarem das nossas fraquezas,

nos tempos sombrios

de que vocês tiveram

a sorte de escapar.

Nós existíamos

através da luta de classes,

mudando mais seguidamente

de países que de

sapatos, desesperados!

quando só havia injustiça

e não havia revolta.

Nós sabemos:

o ódio contra a baixeza

também endurece os rostos!

A cólera contra a injustiça

faz a voz ficar rouca!

Infelizmente, nós,

que queríamos preparar

o caminho para a

amizade,

não pudemos ser,

nós mesmos, bons amigos.

Mas vocês, quando chegar o tempo

em que o homem

seja amigo do homem,

pensem em nós

com um pouco de compreensão.

Bertolt Brecht

"Um mais um é sempre mais que dois"

Eugéne Pottier


De pé, ó vitimas da fome

De pé, famélicos da terra
Da ideia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra

Cortai o mal bem pelo fundo
De pé, de pé, não mais senhores
Se nada somos em tal mundo
Sejamos tudo, ó produtores

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Senhores, Patrões, chefes supremos
Nada esperamos de nenhum
Sejamos nós que conquistamos
A terra mãe livre e comum

Para não ter protestos vãos
Para sair desse antro estreito
Façamos nós por nossas mãos
Tudo o que a nós nos diz respeito

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

O crime de rico, a lei o cobre
O Estado esmaga o oprimido
Não há direitos para o pobre
Ao rico tudo é permitido

À opressão não mais sujeitos
Somos iguais todos os seres
Não mais deveres sem direitos
Não mais direitos sem deveres

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Abomináveis na grandeza
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha

Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu
Querendo que ela o restitua
O povo só quer o que é seu

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Nós fomos de fumo embriagados
Paz entre nós, guerra aos senhores
Façamos greve de soldados
Somos irmãos, trabalhadores

Se a raça vil, cheia de galas
Nos quer à força canibais
Logo verás que as nossas balas
São para os nossos generais

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Pois somos do povo os ativos
Trabalhador forte e fecundo
Pertence a Terra aos produtivos
Ó parasitas deixai o mundo

Ó parasitas que te nutres
Do nosso sangue a gotejar
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol de fulgurar

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

( Eugéne Pottier, Poeta que criou o poema que originou A Internacional )



Anti-manifesto dos Mortais do Lenitivo

Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo” (José Saramago) O Lenitivo, que pretende ser um instrumento de construção do mundo melhor por meio das artes, conta atualmente com setenta e sete membros, sendo trinta e um do sexo feminino e quarenta e seis do sexo oposto, optamos por distribuir assim por que diferenciamos sexo de sexualidade. Por conta do ritmo de uma vida que não nos dá condições de ter lazer, o Lenitivo, não pode ser uma ferramenta meramente dedicada às artes. Portanto, continuemos nossas atividades em busca do envolvimento de “seres amigos” na tentativa de se conquistar a tão deseja felicidade social, coletiva, e assim podermos dedicar mais tempo de nossas vidas, ao campo da arte. Apesar da escassez de tempo, da violência que nos assusta, da humanidade que nos amedronta e de Deus que já fez a parte dele nos trazendo pra este belo Planeta, permanecemos firmes no propósito de fazer surgir um "NOVO TEMPO". Adendo I: Considerando que “Deus" não fez nada, nem a suposta "parte dele", Nós mortais humanos não somos produtos de "Deus", não somos predicados, embora limitados, somos sujeitos do processo histórico! E o Lenitivo não precisa ser provinciano e por isso não toma partido no sentimento religioso! Que cada mortal o faça individualmente. Pelo amor de Deus! Dito isso, o Lenitivo passa a funcionar com a seguinte estrutura: O Lenitivo compõe-se de cem mortais cujos ensinamentos serão todos imortais. Por ser uma agremiação que propõe o surgir de um novo tempo não haverá hierarquia. E todos os mortais terão os mesmos direitos. Para cada mortal será reservado um espaço virtual que receberá a denominação de um movimento social que seja ou que tenha tido como caráter prioritário, a rebeldia diante das injustiças, a indignação por conta da opressão que se faz às minorias ou por se demonstrar em prol do anticapitalismo. Optou-se pelo o nome do movimento e não pelo nome da figura que mais se destacou no movimento escolhido, por discordarmos do personalismo. Caso o número de mortais exceda a quantidade de movimentos que tenham esta característica, então, o espaço virtual será denominado com um movimento de cunho artístico-cultural. Nenhum mortal poderá ser expulso mesmo que contrarie os princípios básicos do Lenitivo: o internacionalismo e o anticapitalismo. Não é com a punição que se aprende e sim com convencimentos, perseveranças e argumentos. Os mortais do Lenitivo encontrar-se-ão uma vez por ano num evento que se chamará Recital de Janeiro e o comparecimento de cada mortal é facultativo. Por sermos a favor da liberdade nada será proibido nem tão pouco obrigatório. O lenitivocultural.blogspot.com será o veiculo de comunicação, dos mortais do lenitivo. No Recital de Janeiro será escolhido um mediador que se encarregará de atualizar o lenitivocultural.blogspot.com e sua mediação terá duração de um ano podendo ou não ser prorrogado. O que não impede de outros mortais também colaborarem com esta atualização. Todos os mortais do lenitivo são por princípio e não por imposição, anticapitalistas, libertários e internacionalistas, portanto, respeitam e defendem qualquer tipo de “manifestação” que esteja a favor da diversidade ambiental, cultural e sexual. Quando o mediador tiver que tomar alguma decisão importante a respeito do Lenitivo ele deverá consultar por meio de mensagens eletrônicas todos os mortais e deverá considerar como não as mensagens que não foram respondidas. Se houver alguma urgência ou divergência, caberá ao mediador uma atitude tendo como norte os dois princípios básicos do Lenitivo, e que estará sujeita à contestação de qualquer mortal, afinal, pra que serve um mediador senão pra mediar e com sabedoria? Desse modo, ficam assim distribuídos os Espaços Virtuais com seus respectivos Mortais: ... Juazeiro do Norte,Setembro de 2010

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