14 de abril de 2012

Desabafo Aberto




Desabafo Aberto

“A Prefeitura Municipal de Fortaleza (PMF) celebrou, acordo com a representação sindical dos professores, com participação da Câmara Municipal de Fortaleza (CMF), garantindo Vencimento Base acima do Piso Nacional dos Professores, aplicando 23,75% de aumento no Vencimento Base e adequando a regência de classe para 20%. Além do aumento, a PMF também garantirá no primeiro semestre deste ano, 1/5 das horas da jornada de trabalho para formação continuada e planejamento pedagógico. Serão implantados ainda, três anuêniosem2012.”(.sme.fortaleza.ce.gov.br/educacao) 
O que não se compreende é como um Sindicato que se autodenomina "escola de luta" pode concordar com uma proposta esdrúxula como esta e ainda se arvorar um sindicato comprometido com os educadores e preocupado com a educação pública e de qualidade. 
Onde está a garra de outrora e a coragem dos representantes sindicais para enfrentar os quereres de uma Prefeitura, que estando a serviço do capitalismo, confunde investimento em educação com gasto em folha pública. Para onde foi a fibra dos nossos representantes? Logo eles que tão bem falam nas frentes das câmaras de televisão, como podem se contentar com um acordo que prevê pagamentos de anuênios quando o débito da prefeitura à população fortalezense, sobretudo, aos nossos educandos e educadores, é algo que se sobrepõem a indignidade humana? 
O que dizer do “coro dos contentes”, que em parceria com a prefeitura e os sobreviventes vereadores, desculpe, isto não é sobrevivência, isto se chama “subserviência política”: Quem sobrevive é o operário da construção civil que trabalha quarenta horas por semana, recebe um salário miseravelmente insuportável e ainda recebe nome de vândalo pela imprensa burguesa quando resolve lutar por seus direitos. Mas voltando ao nosso desabafo, O “coro dos contentes” e os passageiros do VLT(vereador leso “trabalhando”), afirmam-se defensores da lei, ainda que agindo de forma ilegal, haja vista, que a lei n° 11738 é clara; um terço da carga horária do professor deve ser fora de sala de aula e não um quinto como assim aquiesceram secretários, parlamentares e sindicalistas. 
Eu não sou legalista e também sei que o que muda a vida é a luta. Contudo, quero advertir que não dá pra ser oposição e governo ao mesmo tempo, assim como não dá pra ser sindicalista e ao mesmo tempo querer se preocupar com a governabilidade de uma cidade que está completamente desgovernada, cheia de buracos, buracos não! Crateras profundas, a começar pela escola municipal que não oferece um mínimo de condições, a fim de que o processo de ensino e aprendizagem aconteça com sucesso, repleto de olhares brilhantes e descobertas em êxtase. 
Qual o papel de uma organização sindical? Mobilizar, debater com sua categoria, se envolver com o dia-a-dia escolar ou se incrustar numa pasmaceira burocrática e se distanciar do educador que apesar do longínquo caminho que o separa da sua direção nunca se recusou a participar das greves e dos movimentos em prol de uma valorização profissional que parece nunca vir ?
Até quando iremos aceitar essa direção sindical que são felinos ferozes quando os convém ou em algumas oportunas assembleias, mas na frente dos representantes do governo são mansos e cordiais animais domésticados prontos para brincar, sorrir e dizer sim? 
Aproveito e acrescento, neste desabafo aberto, mais uma dúvida nas tantas que já fiz, desta feita, realizada por uma colega de área, a Professora Solange Linhares: E quando a nossa regência de classe for 0%, o nosso reajuste aprovado pelos passageiros do VLT com o consentimento dos nossos sindicalistas e aliados com os gestores da Prefeitura de Fortaleza, que insistem em chamar reajuste de aumento, também será de 0%?

Augusto Cesar Tavares da Silva , Especialista em educação matemática e educador nas escolas da prefeitura municipal de fortaleza.

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