21 de março de 2009

FORMAÇÃO POR INJUSTA IMPOSIÇÃO

Cata garrafa

Cata papelão

Cata coração

Acata solidão

Cata plástico

Cata comida

Cata vida

colhe bebida

Cataclisma

Cata dignidade

Cata na cidade

Acaba em saudade

Catavento

colhe odores

cata dores

catadores

Desamores

Pós-amores


(Razek Seravhat e Maccolle)

História desse poema: Estava o professor Augusto almoçando numa casa que vende marmitas, quando chegou um homem aparentando estar embriagado e pediu-lhe um real. Augusto, como bom humano e com fortes e profundas raízes cristãs na sua vida, tratou logo de agir como agiria qualquer ser que pertença a sua raça. Julgou muito mal o suposto embriagado e disse-lhe um sonoro não. Então, o homem pegou seu carrinho de catador de lixo e seguiu sua rotina. Augusto, mais por piedade do que por reconhecer a dignidade daquele trabalhador que embora faça uma importante atividade ecológica, é desprezado tanto pelo governo como pela população e que talvez seja mais humano do que Augusto e você que agora lê este relato. Chamou o catador de lixo e entregou-lhe um real acompanhado da seguinte frase:

_ Eu sei que um real não vai mudar a sua vida, mas é que eu pensei que você estava pedindo para beber e por isso disse que não tinha.

O catador recebeu a quantia e antes que o professor terminasse de falar se mandou sem agradecimentos mais com uma tristeza de quem carrega todo o sofrimento de Deus. Deus? Sim, porque um Deus que pode tudo, mas não faz nada, e pior, só age se o principal responsável de toda a truculência que há no mundo permitir. Deve ser como os masoquistas, gostar de sofrer.



Resumindo: para o catador de lixo o professor Augusto era apenas um real, mas para o professor o catador não era nada. É isso que o capitalismo faz. Destruir as relações e os sentimentos.

Um comentário:

  1. legal...assim como o prof:augusto ajudou esse pobre catador de lixo nos podemos ajudar o outro sem antes juga-lo...temos q primeiramente saber quem é essa pessoa antes de jugar...bjs...

    ass:Francisca Pâmela Bessa...

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Ternura Sempre...